COALESCÊNCIA (6°Parte)

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Ele se encontrava do lado de fora da enorme mansão, a neve havia cessado, contudo ainda existiam enormes montanhas de neve por todo o jardim, Anneliese e Deimos se encontravam sentados perto das tulipas vestidas de branco.

- Olá querido, tudo bem? Você está pálido.

- Estou bem sim...Queria saber, quanto tempo se leva para chegar daqui até a cidade?

- Bom...uns vinte minutos eu acho...Porque?

- Só para saber.

Ele se sentou na neve perto do casal, ele não havia perguntado aquilo só para saber, ele pretendia fugir dali, tinha algo obscuro acontecendo por debaixo dos tapetes, e ele não ficaria ali para descobrir o que sairia rastejando de la, o sol já começava a se por, sua luz avermelhada tingia a neve com cor de sangue, ele se deitou, sentido o frio macio em sua cabeça, ele olhava para o céu, e sabia que de algum lugar sombrio aquele ser hediondo o observava.

Ele fechou os olhos e começou a imaginar, se ele não tivesse sido adotado por eles provavelmente não teria saído do orfanato, continuaria sua rotina melancólica entediante dr sempre, porem não estaria com medo de topar com algo terrível e inesquecível em qualquer canto que andasse, ele suspirou e virou sua cabeça para a direção oposta ao labirinto de folhas, então ele avistou um pequeno armazém de madeira que não vira ali antes, ele se levantou.

- O que tem lá?

Ele perguntou.

- Nada de mais eu acho, num geral apenas coisas de jardinagem.

Respondeu Deimos ainda lendo seu livro.

- Posso ir lá ver, adoro coisas de jardinagem!

Mentiu ele.

- Pode, quer que eu vá com você, eu posso te mostrar…

Disse o homem, que já começava a se levantar.

- Não, não precisa, eu me viro pode continuar lendo, se precisar de ajuda eu grito.

- OK então.

Disse ele enquanto se sentava novamente e abria “Frankenstein” para recomeçar sua leitura, Stephen começou a andar na direção do pequeno armazém, ele já havia visto em alguns lugares que normalmente havia uma espingarda ou alguma coisa assim neste tipo de lugar, era o que ele esperava, mesmo já possuindo o cutelo em seu armário, e esperando que não precisasse usá lo, queria estar preparado para o desconhecido.

Ele abriu com dificuldade a porta e o cheiro de mofo inundou seus pulmões, fazendo-o tossir freneticamente, após acalmar-se entrou no lugar, ele acendeu a pequena lâmpada puxando uma corda pendurada, ela vazou sua luz amarelada e fraca nos objetos velhos e desgastados, existiam regadores, pás, e outras coisas de jardinagem, assim como Deimos havia falado, no entanto em um canto, próximo a uma enorme caixa de madeira, repousava uma espingarda, ela estava meio empoeirada mas devia servir, ele então começou a procurar por balas e, após um tempo as encontrou dentro de uma gaveta comida por cupins.

Ele hesitou por um momento, queria mesmo levá-la consigo? Na realidade não, mas morando em um lugar em que fora hipnotizado, perseguido por um ser desconhecido e, que possuía referências a um “Louva-a-Deus Satânico” era a melhor alternativa, ele guardou duas caixas de balas no enorme bolso do moletom e deu um jeito de esconder a arma dentro da calça, provavelmente ele andaria de maneira desengonçada, mas se perguntassem ele poderia inventar uma desculpa qualquer como câimbra ou algo assim, ele saiu do armazém e viu os dois ainda sentados a alguns metros, ele fechou a porta e começou a andar em direção a mansão.

Stephen carregou a arma e a guardou em conjunto com o cutelo no compartimento secreto, logo em seguida sentou-se na cama, estava tão confuso, os dois pareciam ser pessoas boas, mas tudo apontava para o contrário, a conversa noturna, os símbolos, o mausoléu, ele deixou seu corpo cair na cama, sua roupa já estava começando a ficar com um cheiro estranho, ele se levantou, colocou uma nova, deitou se e começou a cochilar, uma maneira de esquecer por um tempo todos os seus problemas.

                                ***

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