Quatro

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Estavam na cozinha de novo, Liz se distraiu com um joguinho no celular de Christopher. Ela já estava cansada, e não faltava muito para dormir.

Christopher não tinha muita coisa na cozinha, não estava planejando fazer nenhum jantar de natal. Sugeriu macarrão ao molho e Dulce aceitou na hora, amava macarrão.

Ela cortou uma cebola e picou um alho para temperar o molho, enquanto Christopher cozinhava o macarrão. A cozinha ficou em silêncio de repente, só se ouvia o barulho das panelas ao fogo.

Aquele silêncio era chato, havia muita vergonha nele e Christopher decidiu quebrar o clima colocando uma musica. Jingle Bell tinha tudo a ver com o clima natalino, e a cozinha ficou ainda mais com jeito de natal.

- Eu adoro essa música! - Liz levantou da cadeira e foi para perto do pai.

Christopher a segurou pela mão e os dois começaram a dançar pela cozinha. Estavam bem desengonçados, mas er engraçado de ver. O sorriso de Liz estava enorme e se divertia muito com a situação.

Dulce ficou encantada, não tinha peço ver a filha feliz daquele jeito. E ela sabia que Christopher contribuía muito para a facilidade da mesma.

- Vem mamãe. - Liz estendeu a mão para Dulce, que sem saída aceitou o convite.

Logo os três balançaram pela cozinha ao som da canção de natal, Liz ficava ao meio de Dulce a rodopiava para lá e para cá. Era possível ouvir as risadas sobre a música, e era um dos momentos mais felizes e inusitados dos três juntos.

De repente a mão de Liz se tornou maior e mais grossa, e Dulce não percebeu de imediato. Porém aquele toque era impossível não se lembrar de quem era, foi a vezes dela rodopiar pela cozinha e cair nos braços do homem que ainda amava.

Sim, ela amava. Poderia negar para todos e até para ela mesmo, mas era só ver a forma descompassada que seu coração batia que ficava nítido o quanto ela ainda o amava.

Estavam frente a frente, olhos nos olhos. O corpo de Christopher se arrepiou ao sentir o toque de Dulce, a quanto tempo ele ansiava por sentir de novo o toque daquela mulher.

Eram muitas emoções, todas transparentes nos olhos um do outro. Liz nem percebeu continuou rodopiando sozinha pela cozinha cantorolando a canção.

O momento não durou muito, logo Dulce caiu em si e soltou a mão de Christopher se afastando logo em seguida.

- O macarrão vai queimar! - Foi logo mexer na panela que estava no fogo, procurando fugir de contato visual com ele.

- É, tem razão. - Christopher sorriu sem graça procurando algo para fazer também.

Ele se encarregou de por a mesa, ajeitou tudo do melhor jeito, encontrou um vinho na geladeira, buscou algumas taças e um arranjo para o meio da mesa.

Liz foi logo sentando, estava faminta. Christopher serviu suco de laranja para ela e em pouco tempo Dulce colocou uma linda travess de macarrão na frente deles.

- Ta com um cheiro maravilhoso! - Comentou Chris sentando a mesa.

- Parece ser estar muito, com a fome que estou tudo fica bom.

- Também estou morrendonde fome mamãe.

- Já que a senhorita está com tanta fome vou servir o seu prato primeiro.

Dulce pegou o prato de Liz e colocou um pouco de macarrão com molho, colocou o prato na frente da menina e finalizou jogando um pouco de queijo ralado por cima.

Os olhos de Liz brilhavam ao olhar o prato, pegou logo sua colher e começou a comer.

- Vai devagar mocinha para não passar mal. - Advertiu.

Ela foi a proxima a se servir, Christopher estava abrindo o vinho. Após colocar um pouco de comida em seu prato Dulce se sentou e foi servida de vinho por Christopher.

Parecia um jantar em família, a ceia de natal com a pequena família completa.

Mas foi apenas uma brincadeira do destino que deixou todos presos naquela noite fria de natal, sem saída e opção sendo as melhores companhias para uma noite como aquela.

Algo que ficará na memória de todos como uma lembrança do que um dia era rotina.

A maior parte do jantar foi em silêncio, não tinha muito o que falar e a fome os impedia de dizer qualquer coisa.

Dulce repôs sua taça de vinho duas vezes, uma bebida caia muito bem para aquela situação.

- Esse vinho está muito bom, é bem suave.

- Sim, gosto de vinhos suaves. Comprei no mercado esses dias, por sorte não tinha aberto ainda.

- Eu também posso beber? - Perguntou Liz na incidência.

- Não mocinha, você é muito nova.

- Posso ir assistir mais desenho? Eu já terminei.

- Pode sim, sem fazed bagunça ta. - Instruiu Dulce.

Liz saiu quase correndo de volta para a sala. O relógio marcava nove horas, logo iria pegar no sono, não conseguia passar das dez da noite.

Já era tarde e ninguém havia aparecido. Dulce teria uma conversa muito séria com sua família. Isso não foi certo.

- Acho que esse é o primeiro natal em anos que não passo na casa da minha mãe.

- Eu também, os últimos anos sempre estava junto de mamãe no natal. Mas dessa vez parece que não queriam a nossa presença.

Christopher se serviu de mais vinho e olhou para Dulce.

- Não foi tão ruim, foi?

O que ela poderia dizer, ruim realmente não havia sido. Foi uma loucura, muitas coisas aconteceram para esse momento, mas não podia dizer que não estava gostando. Ficar ao lado de Christopher nunca foi ruim.

- É não foi, acho que a Liz gostou.

- Será que ela tem lembranças de nós todos juntos?

- Acho que não, não sei. Ela era muito pequena. A única coisa que ela fala é sobre você contar histórias para ela quando está aqui.

- Ela adora e eu também gosto dormimos rapidinho. - riram os dois com a confissão de Christopher.

- É melhor arrumarmos tudo, logo a Liz vai dormir.

- Pode deixar, depois eu limpo.

Dulce não deu ouvidos, levantou-se da mesa recolheu os pratos e começou a limpar. Após recolher a louça colocou tudo sobre a pia para lavar. Christopher foi ajudá-la guardando o que faltava.

- Deixa que eu lavo. - Ofereceu ele.

- Não precisa Christopher, eu sei lavar louça.

- Tudo bem, mas mesmo assim você é visita hoje.

Ela revirou os olhos, o termo visita era estranho e ele ficar impedindo ela de fazer o que queria era chato.

- Pois é, e na minha casa visita lava a louça. - O ignorou e começou a limpar s pratos.

- Essa regra é nova então.

Não se lembrava disso no tempo que viviam juntos, Dulce sempre foi muito hospitaleira.

Tentou puxar o prato da mão dela, tinha uma ideia para depois do jantar e não queria perder tempo limpando a cozinha.

Ao segurar o prato ambos ficaram frente a frente mais uma vez, porém agora havia mais calor entre os dois. Os olhos transmitiam mais coisas e estavam muito próximos podendo sentir a respiração um do outro.

Dulce sabia que deveria sair de perto, mas não conseguia. Os olhos de Christopher a fascinavam e por alguns segundo ela desejou que ele se aproximasse ainda mais.

Uma Nevasca no NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora