Três

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Os três foram para a cozinha, Christopher logo começou a preparar as bebidas com Liz em seu encalço, querendo ajudar de qualquer jeito.

Ajeitou as canecas em cima da ilha na cozinha e ficou acompanhando cada movimento do pai. Ela amava chocolate quente e o de Christopher era o melhor.

Dulce estava ao seu lado, quase imóvel, sem conseguir falsr nada apenas observava a cena. A quanto tempo não via um homem na cozinha? Christopher sempre gostou de cozinhar e os dois sempre faziam algum prato juntos.

Muitas noites de insônia, cansaço e ate TPM aquele chocolate a acalentou. Era como voltar no tempo, sentir o cheirinho da bebida dava uma nostalgia gostosa, de uma parte da vida dos dois que gostava de lembrar.

Alguns minutoa depois as três canecas estavam fumegantes em cima da bancada e os três estavam sentados em banquinhos de frente a ela.

Dulce foi a primeira a puxar a caneca e experimentar aquela delícia. Acabou soltando um gemido de prazer, era muito bom e realmente tinha um gosto nostálgico.

- É muito bom né mamãe? - Liz assoprava sua caneca sobre a bancada.

- Sim, é o melhor chocolate quente do mundo. - Elogiou.

- Obrigado! - Christopher deu um pequeno sorriso ficando corado. Depois de tantos anos não sabia receber um elogio de Dulce.

Ela também ficou sem graça, as palavras sairam sem perceber.

- Eu também amo, não é papai?

- Sim filha, eu sei que você gosta e fico feliz por isso. Quando sua mãe ainda estava grávida ela bebia muito esse chocolate.

- Sério? Você fazia chocolate para a mamãe?

Estranhou a confissão, era muito raro ver Dulce e Christopher juntos e era muito pequena quando os pais se separaram para lembrar de momentos dos dois.

Dulce também olhou para Christopher, não costumava contar muitas histórias a Liz sobre os dois. Apesar de sempre manter as memórias de Christopher presente, não gostava de compartilhar lembranças de momentos felizes, sempre ficava triste.

- É, mas isso faz tempo filha. - Desconversou. - O que acha de assistirmos algum desenho?

A ideia fez Liz esquecer o assunto anterior e logo pular da banqueta para ir até a sala. Christopher a seguiu levando as canecas.

Ligou a TV e os dois sentaram no tapete felpudo da sala. Estava passando um desenho sobre o natal, Liz cruzou as perninhas e apoiou o cabeça em uma das mãos prestando atenção na TV.

Dulce os seguiu e sentou-se na poltrona da sala, olhou no relógio e era mais de sete e meia. Já fazia quase quarenta minutos que havia ligado para Christian e nem sinal dele aparecer.

Não é possível que sua família tramaria contra ela, mas ao que parece era isso mesmo. Todos ainda gostavam de Christopher, e ela não duvidaria que o deixariam na noite de natal presa com ele.

Ainda estava vestindo o casaco, mas acabou cansando de esperar, desabotoou e tirou o mesmo. Usava um vestido vermelho com mangas princesa que chegava a altura do joelho. Era um vestido simples, mas elegante e combinava perfeitamente com seus saltos pretos.

Christopher fingiu não prestar atenção ma movimentação que acontecia próximo a eles, mas foi difícil. Acabou olhando para Dulce, e estava maravilhado com o quanto aquela mulher era bonita.

Havia muitos sentimentos pairando por aquela sala, mas ninguém tinha coragem de colocar para fora o que estava sentindo.

- Você acha que o papai noel vai passar aqui papai? - Perguntou Liz sem tirar os olhos da TV.

- Ele passa em todas as casas que tenham criança, filha. Mas ainda ta muito cedo, quem sabe mais tarde ele não passa por aqui?

- Então vou ficar esperando. - Abriu um grande sorriso, estava esperançosa. - Porque você não vem sentar com a gente mamãe?

Dulce desviou os olhos do celular e olhou para Liz.

- Eu estou bem aqui, filha.

- Vem sentar com a gente mamãe, é natal todo mundo precisa ficar junto.

Aquela menininha era esperta demais e isso as vezes deixava Dulce sem palavras. Para não contestar, decidiu se juntar a eles no tapete. Tirou os saltos, sentou-se ao lado de Liz e a puxou para sentar em seu colo.

- Feliz?

- Sim, quero todos bem juntinhos. - Estendeu a mão para que o pai a segurasse.

Para Liz esse era uma fato inédito, não se lembrava muito de momentos em que a mãe e o pai estivesse juntos com ela. E isso acontece na noite de natal, deixava tudo ainda mais mágico.

Continuaram assistindo ao desenho, e Liz finalmente ficou quieta. Sobre os carinhos no cabelo recebidos pela mãe estava quase dormindo.

- Eles não vão vir! - Disse Dulce.

- Acha que isso foi armado? Eles não virem? - Essa suposição passou pela cabeça de Christopher, não duvidaria que sua mãe pudesse fazer isso.

- De qualquer forma não vai dar em nada, somos adultos não vamos sair nos pagando só porque estamos sozinhos. - Rebateu Dulce.

- Você tem total razão. - Ele não queria que ela tivesse razão, mas não podia admitir isso em voz alta nunca. - O que acha de fazermos algo para comer? Pelo visto vamos passar a noite toda aqui.

Dulce não queria ficar lá a noite toda, estava nevando, muito frio e era véspera de natal. De todos os lugares do mundo, ficar perto de Christopher não era o seu preferido.

- É, pode ser.

Talvez se passassem o tempo fazendo alguma coisa aquela tensão que estava no ar passaria.

Uma Nevasca no NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora