Origem

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Quando começamos a cavalgar, podíamos ouvir os gritos estridentes da população de Aresia. Haviam crianças chorando, sons de espadas se batendo, cavalos relinchando e fogo. Muito fogo. A medida que nos afastávamos da minha esfera, era nítida e clara as chama sob o meu lar. Aquela imagem queimava a minha alma. Eu não tinha respostas. A única coisa que eu compreendi, é que estavam atrás de mim e isso fazia com que eu chorasse ainda mais. 

— Pare de choramingar feito cachorro sem dono, pirralha. Esse barulho está insuportável, até o Xanthus a qualquer momento vai mandar você calar a boca.

Queria poder dizer que a arrogância dele não havia me machucado. Tentei controlar o máximo possível as lágrimas e segui calada.

O cheiro do orvalho era predominante ao adentrarmos na floresta. Haviam muitos galhos que batiam no meu rosto e machucavam minha pele. O bruxo não demonstrava nenhum pouco de empatia, para desviar dos mesmos. Suspiro cansada. Estávamos há tempo demais sob o animal, ele precisava descansar e nós também.

Qual é Xanthus, vamos lá amigão, pare e obrigue seu dono a descansar.

E assim ele o fez.

Isso foi estranho. Ele parou. Simplesmente. Parou perto de um rio. Hallelujah, água!

— Temos que parar. Ele precisa descansar, carregar um já é difícil, três então... — O bruxo solta. Olho com um ar interrogativo para ele — Eu, você e seu drama. — Ele retrucou.

Onde minha mãe estava com a cabeça quando foi confiar nesse asqueroso? Eu estou pagando os meus pegados em terra, céus!.

Sigo em direção ao rio, deixando ele e suas terríveis piadas de mal gosto a sós. Como alguém pode ser tão insensível?. Me agacho ao pé da água para saciar minha sede e amenizar a ardência no meu rosto.

— Que dor...

— Veio melindrar por aqui?

Tomo um susto com a voz grossa e ríspida atrás de mim e acabo caindo na água. Mais um pecado pago.

— Qual é o seu problema? Me deixe em paz, eu e meu drama ou seja lá o que for. — Irritada com toda a situação, me encontrava molhada sob a água e ele rindo de mim.

— Venha, eu lhe ajudo — O bruxo agachou-se para me ajudar, eu esquivei querendo me levantar sozinha — Largue de ser teimosa! — Seus braços envolveram minha cintura e em um rápido movimento eu já estava de pé, molhada, mas de pé. — O que aconteceu com o seu rosto? — Sua voz ríspida, ficou um pouco amena, diria até, preocupada, depois que viu os cortes provenientes dos galhos, em meu rosto.

—  Nada com que deva se preocupar — Fiz menção a sair de seus braços, mas o mesmo não me soltou. — Foram os galhos, você anda rápido demais e é alto, o máximo que pega em você são nos ombros que estão cobertos.

— Hum. — Seus braços afrouxaram sob meu corpo e eu agradeci a Deus por isso. Até que sua mão pegou meu braço — Venha, sei o que pode ajudar.

— Argh! Deixe-me! Não é sua obrigação cuidar de mim.

— É obrigação cuidar do que é meu. Agora se cale. —  Ele me leva para onde paramos e vasculha algo em sua bolsa. O frio já se fazia presente, e a minha capa encharcada não ajudava.

— Não somos casados! — Rebato, achando que tinha vencido a batalha.

— Não precisa. Xanthus é meu e não somos casados. Agora, fique calada, ou eu juro que a troco por dez amparos no mercado negro de Orbestre.  — Ele sabia jogar e claramente eu perdi. Logo veio com algo em um frasco de vidro, semelhante a um girassol,  passou em meu rosto e eu fui ao inferno logo após. — Esqueci de dizer. Vai arder.

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