Prólogo

10 2 12
                                    

AVISO: a história a seguir NÃO é recomendada para pessoas sensíveis e menores de dezoito anos; essa história é de minha autoria e não aceito plágio; contém sexo; menores de idade consumindo álcool e drogas; insinuações de estupro; agressões verbais e físicas; sequestro; assassinato; tortura; palavras de baixo calão; psicopatia e manipulação! Contanto, não aceito qualquer tipo de crítica ao conteúdo aqui apresentado após avisado.

Boa leitura.

Eu sei, isso é totalmente entediante: contar como se isso fosse a história mais importante. É, literalmente, apenas uma história, minha e de Shawn, me desculpa não superar as suas expectativas de ser uma baita história de amor que tudo dá certo no final. Não garanto que possa passar por meio de meras palavras o que eu realmente senti durante todos esses últimos anos. O misto de sentimentos jamais será compreendido se você não parar para entender, se necessário terá de ler mais de uma vez, para, finalmente, compreender o que se passou! Entretanto, pode ser que se decepcione no final, deixo essa escolha nas suas mãos, só não diga que não avisei.

Quando eu tinha os meus quinze anos de idade, tinha um sonho: viver da dança! Eu já havia feito balé, sapateado, dança de rua e estava no meu último ano de jazz (que, por sinal, foi o meu curso favorito), minha mãe não era uma grande apoiadora deste sonho, então fui obrigada a trabalhar muito cedo para sustentar essa ideia imbecil. E é aqui o nosso ponto de partida, meu primeiro dia de trabalho em uma pequena cafeteria de São Paulo.

Quinze anos atrás...

Marcos fala sem parar ao meu lado enquanto calço o, desconfortável, salto que o meu patrão me disse ser parte do uniforme. Ele dirije rapidamente, como se estivesse atrasado para uma reunião de negócios extremamente importantes.

— Você realmente precisa usar essa coisa?! — indaga

— Se eu quiser continuar meus cursos, sim eu preciso — ajeito o meu cabelo e ele para o carro na frente da pequena cafeteria.

— Às 18h00 eu venho te buscar

— Não se atrase! — ele me dá um beijo e desço do carro. Posso dizer que a cafeteria se baseia em um estilo americano, até em suas vestes isso é predominantemente. O meu uniforme é um salto alto, um vestido azul claro e um avental branco na frente, devo dizer que estou extremamente desconfortável em ter que trabalhar desta maneira, mas preciso do emprego se quiser realizar o meu sonho!

— Gabriela — desvio meu olhar da fachada e vejo meu chefe, ele me olha com afeição e isso me faz sentir acolhida —, bem-vinda ao seu primeiro dia — sorri e retribuo. Vou em sua direção e entramos no estabelecimento, vejo que existe um número anormal de pessoas dentro e meu coração dispara. Quero viver da dança mas ainda mal me acostumei com multidões?! — Temos uma celebridade aqui, escolhi você para atendê-lo e sei que não irá me decepcionar, estou certo? — confirmo com um aceno de cabeça e ele sorri — Vá em frente — me afasto e procuro tal celebridade (o que não foi muito difícil), em uma mesa havia pelos menos cinco pessoas conversando com a pessoa sentada que é, literalmente, impossível ver quem é! Me aproximo cada vez mais e respiro fundo ao ver quem é, meu coração pula em batidas apressadas e descompassadas. Não posso acreditar no que meus olhos me mostram, anos e anos anseei por este momento e estava cara a cara com ele! Quem?! Nada mais nada menos que Shawn Peter Raul Mendes, uma das minhas maiores inspirações para os meus cursos de canto, música e dança. Aprendo com ele em transformar meus sonhos em realidade e ele está na minha frente! Respiro fundo e me aproximo mais:

— Com licença, você é a garçonete não é?! — sorrio e confirmo com a cabeça que sim — Pode me ajudar? Não consigo ler o cardápio e nenhum dos meus acompanhantes estão acostumados com o português — sorri e me aproximo mais.

— Pode me dar um minuto? — peço e ele consente — Peço que voltem a suas mesas meninas, logo mais peço a ele que converse e tire fotos com vocês, mas devem respeitar o momento de refeição e descanso dele — todas abrem espaço e, finalmente, posso me aproximar mais para ajudar — Pode me emprestar o cardápio, por favor? — peço e ele me entrega de bom grado. Comecei a listar algumas coisas que temos em nosso cardápio e ele não parece estar atento, desvia o olhar algumas vezes para as minhas mãos e ao redor, como se estivesse verificando de que está seguro.

— O cardápio de vocês é semelhante ao de lanchonetes no Canadá — diz e sorri — Todos se agradam com café expresso e panquecas?! — pergunta e todos consentem — Será isso então, obrigado pela ajuda señorita... — ele fez questão de falar "señorita" em espanhol, como se quisesse se enturmar.

— Gabriela Medeiros — ele sorri e curva sua cabeça em um gesto respeitoso e faço o mesmo, termino de anotar tudo em uma caderneta que uma menina, que também trabalha aqui, trouxe para mim e vou até o balcão entregando o pedido.

— Ótimo trabalho, Medeiros — elogia meu superior, sorrio satisfeita.

Quando o pedido fica pronto, me apresso em pegar a bandeja e levar até a mesa de Shawn. No meio do caminho, tropeço em algo e vou ao chão junto com a bandeja, me apoio nas minhas mãos e agacho para impedir que minha roupa íntima apareça. 

— Me deixe te ajudar — olho para cima e vejo Shawn me olhando com compaixão, estendo minha mão e ele me puxa para cima. Acabamos por ficar muito perto um do outro, tão perto que posso sentir sua respiração. — Vamos, vou te ajudar a limpar seu vestido — ele me puxa e me leva até o banheiro, entramos e me sento na pia. Fico angustiada e com medo, meu primeiro dia de trabalho e já o arruino completamente! Deixo as lágrimas rolarem pelo meu rosto, nunca vou completar meu curso se continuar assim, um furacão aonde passo. — Por que está chorando? Está tudo bem! Foi só um acidente — diz ele ao perceber como eu estou.

— Obrigada pela ajuda, mas acho que o senhor deve ir. Posso resolver sozinha — limpo minhas lágrimas e dou o meu melhor sorriso. Antes que ele pudesse responder a porta é escancarada, por ninguém menos do que Marcos.

— Eu sabia! — exclama ele, com fúria — Vadia mal agradecida — Shawn me olha sem entender e tento de alguma maneira explicar a ele mas as palavras não saem.

Marcos se aproxima e agarra os meus cabelos, Shawn grita algo como "solta ela", Marcos me joga contra a parede e olho assustada para ambos. Ele sorri com desprezo e aproxima dele:

— É o amante dela seu merdinha? Ela já deu pra você por acaso?! Ela me nega por sua causa?! — Shawn se aproxima e aproveita por ser mais alto que ele para empurra-lo.

— Sua namorada precisou da sua ajuda, aonde você estava?

— Vigiando essa vagabunda, ela vai aprender uma lição hoje. — me encolho ao ver o punho de Shawn atingir o rosto de Marcos.

— Parem com isso! — grito e vou até eles, me coloco no meio. Marcos me dá um soco e caio no chão com as mãos na bochecha. Shawn me olha incrédulo e abaixa já perguntando se eu estava bem. Marcos me agarra, novamente, pelo cabelo e começa a me arrastar para fora do banheiro, ele é suficientemente rápido para me tirar de lá antes que Shawn tivesse alguma reação. Estava tão em choque que não vi que já estamos ao lado do carro:

— Reza pro seu Deus agora princesa. — diz ao meu jogar no carro com rispidez.

[...] Ao chegarmos na sua casa, ele me arrasta pelo braço até o seu quarto, o qual nos tranca lá dentro. Ele tira seu cinto com tanta facilidade que quando menos o espero ele está com ele em suas mãos.

— Marcos, por favor... — imploro, seus olhos azuis estão mais sombrios que nunca, mal posso ver vida neles — me deixa te explicar o que aconteceu... — ele me interrompe.

— Eu vi tudo, não preciso das suas mentiras. — diz friamente e vem o primeiro choque.

Dias atuais...

Aquilo durou por horas, não conseguia mais chorar e nem mesmo falar. Parecia que a cada segundo minhas palavras eram roubadas pela dor e decepção! Marcos nunca levantou o tom de voz comigo e, de um dia para o outro, ele marca o meu corpo com sua fúria sem sentido. O homem que era minha calmaria nas tempestades se tornou o meu inferno em pouco tempo...

Minha Pequena - Volume umOnde histórias criam vida. Descubra agora