1 - Quem É Você?

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Tudo começou quando eu tinha cinco anos, ainda era uma criança inocente na época. Eu não sabia muito bem que estava acontecendo, meus músculos e nervos foram atrofiando, perdi os movimentos das minhas perdas. A grande alegria de poder correr no pátio da escola, eu perdi, me tornando um fardo para meus pais, eles sempre choram escondidos, eu mal posso ver-los dessa maneira.

Agora eu já tenho dezesseis anos, estou passando um tempo no hospital, eles querem descobrir o nome da minha doença que faz onze anos que ainda é uma incógnita, o que deixa meus pais mais desesperados.

Meu médico, senhor Guerra, disse para meus pais uma vez que se as coisas continuarem como estão, essa praga que eu tenho no meu corpo só vai se alastrar e pode acabar parando meu coração .. na verdade, eu não desgosto da ideia, seria um alívio para papai e mamãe.

Nesse momento exato, eu estou na área infantil, a melhor parte de ficar presa aqui é eu visitar crianças que também tem que ficar enfurnada nesse lugar, eles normalmente são bem quietos, mas hoje está tendo burburinhos de que alguém irá vir nos visitar, quem será?

Um rapaz de aproximadamente dezessete anos, aparece vestido de palhaço, eu nunca teria o visto por aqui, pelo menos não nesse estado, era difícil ver seu rosto com tanta maquiagem.

— Bom dia crianças! — ele falava com uma voz engraçada, todas as crianças, em seus leitos, riam com ele, apenas eu, em minha cadeira de rodas o observava de canto.

Aquele palhaço fez vários truques, vez ou outra tirava uma risada minha, olhava dentro dos meus olhos e fazendo alguma graça, me arrancando um sorriso de canto.

— Vocês gostaram do palhaço, crianças? — perguntou uma das organizadoras dos eventos que constantemente acontecem aqui e os pequenos responderam com um grande "sim!".

O garoto soltou um sorriso enorme no rosto, conversou com mais alguns e depois desapareceu, foi provavelmente limpar seu rosto, então decidi voltar para meu quarto, quando sou praticamente atropelada por alguém bem alto, que carregava muitas coisas nas suas mãos.

— Aí! — gritei, era só charme, nem me machucou.

— Ah meu Deus! Perdão! — aquela pessoa estranha solta as suas sacolas e caixas no chão. — Você está bem? — ele se abaixou para ficar na minha altura.

"Minha nossa é a palhaço! Como ele é diferente sem a maquiagem .. mais bonito e .. RESPONDE ELE MOLLY!"

— Eu .. eu estou bem .. você se machucou? Eu já passe em cima de muitos pés com minhas rodas! — dou uma risada sem graça.

"O que é que eu estou falando?"

— Estou bem .. - deu um sorriso tímido.

"Que sorriso lindo .. FOCO!"

— E-Eu já vou indo .. — tento correr, mas .. cadeira de rodas!

— Quer alguma ajuda? — ele se aproxima de mim deixando suas coisas ali no chão mesmo.

— Não, obrigada .. já estou acostumada! — dou um sorriso amarelo.

É péssimo não conseguir fazer suas coisas sozinhas, me sinto totalmente inútil, impotente e um fardo!

— Eu sei como é! — ele me acompanhava enquanto eu me aproximava do meu quarto.

— Você sabe? Suas pernas parecem funcionar bem para mim!

— Agora elas funcionam, mas já não funcionaram antes .. — paro no meio do caminho.

— Como? — meu coração acelerou, "será que eu ainda tenho a chance de ser uma adolescente normal?"

— Jesus me curou .. — "não acredito!"

- Olha, palhaço .. eu não quero perder meu tempo de novo com mentiras e falsas esperanças! Eu já fui atrás desse seu Jesus e sabe o que ele fez por mim? NADA! Então obrigado, mas essa eu passo. - segui para meu destino.

Ele ficou um tempo ali, olhando para o nada, até que pareceu ter uma ideia, então correu novamente em minha direção, dessa vez eu estava bem mais longe, já na porta do meu quarto.

— Deixa eu te mostrar quem é Ele? — viro minha cadeira em sua direção.

— O que? Quer me mostrar quem é Jesus? Eu já sei quem ele é!

— Deixa eu te mostrar quem é Ele .. Ele de verdade .. — sua carinha de cachorrinho sem dono me comoveu.

— Vamos filho! Já está na hora! — uma mulher grita um pouco de longe, ele assentiu para ela, vira em minha direção, se baixa na minha altura e suplica.

— Por favor .. deixa eu te mostrar como Ele é de verdade .. — acabo cedendo, não aguentei com esse olhinhos.

— Está bem .. — mas eu não iria deixar barato para ele — Você tem até o dia de Natal, que é daqui a cinco dias .. boa sorte! — debochei, "ele nunca vai conseguir!"

— Deixa comigo! Alias ​​.. eu me chamo Tom Rodrigues .. — estendeu sua mão e eu a apertei.

— Molly Parker. — soltei a mão.

— Até amanhã Molly Parker! — ele se retirou com um sorriso bem grande em seu rosto, parecia se considerar um vitorioso.

Eu sinto pena dele, nunca irei me render a crenças, não novamente! 

Continua .. 

Conto | Feliz Natal Molly Parker [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora