05- O melhor abraço

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POV Camila Cabello

Depois de ficarmos a noite inteira no cemitério para o velório da Dinah, está na hora dela ser enterrada.

Por mais que eu estivesse com raiva dela, aquela notícia doeu muito, eu cresci com ela, a amo como uma irmã, já que a minha não está nem aí para mim.

Minha tia está um caco. Ela chora desde a hora que saiu do IML, confirmando que um dos corpos era a Dinah.

Estamos sentadas no cemitério em frente ao caixão fechado, eu prefiri assim, se minha tia a visse morta de novo, provavelmente surtaria. Levanto a cabeça por um segundo e vejo a equipe da UAC, que ajudaram no caso da Dinah, eles estavam de pé um ao lado do outro de cabeça baixa.

- Amém. - Disse o padre acabando a oração seguido por vários "améns". Nos levantamos e fomos para frente da vala onde Dinah será enterrada.

Cada vez que o caixão descia mais, o nó em minha garganta apertava. Eu ainda não havia chorado, creio que não me segurarei por tanto tempo.

Quando o caixão já estava à sete palmos da terra, eu desabei. Comecei a chorar e saí correndo pelo cemitério, sentia o vento gelado da manhã em meu rosto, derrepente parei e me ajoelhei no chão.

- Por quê o senhor faz isso Deus? - Disse olhando para o céu. - Sei que não fui uma boa prima. - Digo abaixando a cabeça e sussurrando. Sim eu estava falando sozinha. - Mas ela era minha única amiga. Isso não é justo.

- Não é justo você culpar a Deus pela morte dela. - Escuto uma voz atrás de mim e me levanto rápido assustada. - Coisas ruins sempre acontecem. - Diz a Dra. Jauregui com as mãos no bolso me olhando com ternura.

- Eu sei. - Digo limpando minhas lágrimas. - Mais é que ainda não caiu a ficha. - Digo com a voz embargada. - Eu só preciso da minha cama, sofrer sozinha as vezes é bom.

- Sofrer sozinha nunca é bom. - Diz a Doutora se aproximando. - Na verdade, 87% das pessoas que abraçam alguém no momento do luto, se sentem mais aliviadas. - Diz abrindo os braços.

Não penso duas vezes e a abraço. Envolvo meus braços em sua cintura e ela, delicadamente, acaricia meus cabelos enquanto eu soluço e molho seu terno com meu choro. Com certeza, esse é o melher abraço que eu já recebi. Vou me acalmando aos poucos e a solto.

- Obrigado, Doutora. - Digo secando minhas lágrimas com as costas das mãos. - Tem razão, abraçar alguém ajuda mesmo. - Sorrio fraco e ela sorri junto.

- Sua tia precisa de você. - Diz ela olhando para trás, onde à uns 4 metros está minha tia, minha mãe e a UAC em frente ao túmulo de Dinah. - Você tem que ser forte por ela. Perder uma filha deve ser uma sensação horrível.

- Eu vou cuidar dela. - Digo começando a andar com ela me acompanhando. - Obrigada mais uma vez Doutora.

- Por nada. - Diz com um lindo sorrindo.

Caminhamos em direção ao túmulo e abraço minha tia de lado.

- Obrigado por terem vindo. - Digo para o pessoal da UAC.

Eles apenas assentem e saem andando. Doutora Jauregui se vira e me lança um pequeno sorriso, sorrio de volta.

***

Passaram-se duas semanas desde a morte de Dinah e eu continuo em Atlanta cuidando da minha tia, ela está - literalmente - acabada. Com o pequeno conhecimento que tenho em Psicologia, posso afirmar que ela está entrando em depressão. Ela chora dia e noite, não come, não toma banho, só quer ficar no quarto e dormir, agarrada a uma foto de Dinah.

Entro devagar em seu quarto, e tenho a visão das últimas duas semanas:

Ela agarrada e um pequeno porta-retrato com uma foto de Dinahc(que ela carrega para todo canto nesses últimos dias), chorando baixinho e com os cabelos desgrenhados.

- Tia... - Digo entrando de uma vez no quarto. - Trouxe uma sopa, acabei de fazer. - Me sento na cama e dou um sorriso fraco. - Acho que está boa. Quer experimentar?

- Não estou com fome. - Diz baixinho.

- Você precisa comer tia.

- Eu não quero. - Ela diz ríspida.

- Tudo bem. - Digo e ponho o prato com a sopa na estante ao lado da cama. - Vou terminar de arrumar minhas coisas, nos vemos mais tarde. - Dou um beijo em sua bochecha e saio do quarto indo em direção ao "meu" quarto.

Termino de arrumar minhas malas e vou tomar um banho. A água quente relaxa meus músculos tirando a dor nos ombros.

Visto um short jeans normal curtinho, uma regata branca e uma blusa de lã branca com uma faixa preta "atravessando" a blusa, um Allstar preto e uma orelhina de gato preto e branco.

Pego minha bolsa, minha mala e saio do quarto, desco as escadas em direção a sala de estar. Deixo minha mala lá e ando até o quarto da minha tia novamente.

Ao entrar vejo que ela dorme tranquilamente, dou-lhe um beijo na testa e saio do quarto. Eu não queria deixa-lá sozinha, mas não tenho escolha. Perdi duas semanas de aula da faculdade. Lá em baixo, pego minha bolsa e minha mala e levo-as até o carro, ponho no porta-malas e entro atrás, logo o motorista entra no carro e dirige até o aeroporto.

A secretaria do FBI(Lauren G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora