Primeiro Beijo - RoyAi

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Chovia na Cidade Central. Não uma chuva qualquer, uma tempestade, digna de ventos e trovões. Tudo o que Riza queria era estar em casa, junto de Black Hayate, limpando sua arma ou lendo um bom livro. Infelizmente o temporal fez com que ela ficasse presa com o Corenel Mustang e sua equipe na sala de trabalho. Na verdade, ela quis acreditar que foi o clima que prendeu eles no comando central, não a demora do Corenal para finalizar o relatório de uma missão.

"Coronel, eu havia combinado de sair com a minha namorada" Reclamou Havoc, acendendo um novo cigarro.

"Você encontra outra, não se preocupe" o alquimista das chamas devolveu, em um tom brincalhão, fazendo todos rirem um pouco.

"Estou morrendo de fome e essa chuva só faz o meu apetite aumentar. O que vocês acham de irmos para a cantina reabastecer nossas energias?" propôs Breda.

"Qualquer coisa é melhor que ficar preso aqui" disse Fuery, já quase fora do cômodo.

"Você vem Tenente?" Havoc questiona com olhar malicioso.

Riza sente vontade de arremessar algo de sua mesa e acertar o rosto do companheiro de equipe, porém respira fundo e tenta manter a calma.

"Vou ficar, você sabe como o Coronel tende a ser distraído quando está sozinho" ela disse seria, mantendo seu posto ao lado da cadeira de seu superior.

Havoc fecha a porta mantendo o sorriso que representava todos os pensamentos impuros sobre Roy e Riza, fazendo a moça ferver de ódio.

"Você poderia ir, você sabe? Não é como se essa chuva fosse parar se eu acabasse isso agora. Ainda estaríamos presos aqui" ele não tira os olhos do papel, dando o melhor no seu trabalho.

"Eu sei, só não quero ter que ficar aqui até amanhã, Senhor" Riza diz normalmente, mas Roy sabe claramente que ela está sendo sarcástica.

Ele amava isso na relação deles, amava como eles não precisavam falar as coisas com clareza, os anos de convivência deram isso a eles: conhecer um ao outro como se fossem eles mesmos, ou até melhor.

Roy solta uma risada nasal, girando em sua cadeira " Para a sua felicidade eu acabo de terminar meu relatório, a úncia coisa que te impede de sair daqui é a chuva, e isto eu não posso alterar"

"Sim senhor, nós sabemos como fica inútil na chuva" Riza provoca mais uma vez.

Mustang levanta de sua cadeira ficando frente a frente com sua subordinada. Os olhos dela brilham com uma alegria que só ela tem quando faz piadas com ele, seus lábios lutam para não sorrir abertamente e continuar com a seriedade do ambiente de trabalho. O alquimista das chamas se perguntava se o Olho de Águia conseguia perceber como o coração dele acelerava em momentos como esse e ele podia se sentir derretendo, como se todo o seu ser esquentasse diante de um mero meio sorriso dela.

"Dias de chuva te deixam com um humor ácido. E você o despeja todo em mim"

"Certamente porque eu te a..." a frase não chega a ser terminada.

Ambos ficam em choque e meio sem jeito.

A mente da tenente dispara, ela estava apenas brincando, citando uma frase comum dita por todos muitas vezes. Mas por que ela não conseguiu terminar a frase? Por que parecia que algo muito íntimo estava sendo revelado? Algo que ninguém poderia saber.

"Desculpe Senhor, eu acabei levando as brincadeiras longe demais" ela tenta se desculpar, mas nem ela se convence do que diz, tropeçando nas palavras e sentindo o rubor em suas bochechas.

O alquimista das chamas continua observando sua parceira um pouco atordoado com suas palavras e reações.

Riza não espera uma resposta do Coronel, simplesmente se vira murmurando um 'vamos para a cantina, senhor' que é quase inaudível.

Instintivamente Roy impede que ela saia. Os dois ficam se encarando. Nenhum tem a coragem de olhar nos olhos um do outro. Nenhum com coragem de tocar no assunto que a tanto tempo vem sendo guardado e reprimido dentro deles. Tentando ser apagado ou sendo ignorado.

A iniciativa de olhar nos olhos do companheiro parte dos dois, no mesmo segundo. E eles até poderiam rir da semelhança de ação de ambos, se as circunstâncias fossem diferentes.

Olhos nos olhos, nenhuma palavra é dita. Um filme começa a passar na mente dos dois, todas as vezes que eles sentiram uma paixão incontrolável um pelo outro mas tentaram esconder, culpando o álcool ou chamando de amizade.

Eles nem se dão conta que estão cada vez mais perto um do outro, como se seus corações fossem dois grandes imãs sendo atraídos um para o outro.

Uma lágrima escorre dos olhos de Riza, uma lágrima involuntária que ela acredita ser de felicidade, de alívio por finalmente aceitar e compreender seus sentimentos.

No mesmo segundo, Mustang estende sua mão para limpar essa pequena lágrima que escorre na bochecha de sua companheira. Sua mão permanece ali, fazendo Riza se aninhar nela.

A esta altura, eles já conseguem sentir as respirações descompassadas um do outro. A tenente Hawkeye fecha os olhos e permite que seu superior prossiga com o ato mais íntimo que eles já tiveram em toda suas vidas.

No início Mustang achou que ela não retribuiria seu doce e delicado beijo, mas bastou um segundo para que ela relaxasse e correspondesse.

Não havia necessidade de palavras, tudo estava sendo demonstrado. Todos os sentimentos sendo expresso naquele beijo apaixonado e de tirar o fôlego.

Os pulmões da jovem já não podiam aguentar mais, porém ela lutou por mais alguns segundos, Não querendo que esse momento acabasse nunca.

O único som que podia ser ouvido na gigante sala eram das gotas de chuva batendo nas janelas com voracidade e os rangidos dos trovões a distância, e agora, pequenos suspiros de um casal desesperados por ar.

Eles mantinham as testas unidas, em uma proximidade que jamais tiveram antes. As pequenas mãos da tenente segurava com força o uniforme do alquimista das chamas, como se a vida dela dependesse disso.

"Roy... Eu..." Riza tenta começar um diálogo, mas seus instintos altamente aguçados percebem que os amigos estão voltando para a sala.

Claro que as risadas extremamente alta dos colegas no fim do corredor fizeram até mesmo Mustang perceber isso.

Eles rapidamente se recomporam e Riza anota algo em um pedaço de papel, guardando no bolso da jaqueta militar azul de Mustang.

Os três oficiais entram na sala novamente e nem desconfiam do que poderia ter acontecido ali. Tudo parece extremamente normal.

"O trabalho de hoje está terminado. Vocês estão dispensados. Podem tentar ir para casa nessa chuva, ou esperar que ela diminua. Eu vou no banheiro"

"Sim senhor" todos respondem.

Assim que ele está fora da sala, retira o bilhete do bolso para ler.

'Obrigada. Esteja na minha casa as 20h. Precisamos conversar' em letras garranchadas da tenente, devido a pressa.

Mustang não sabia o que viria a seguir. A única certeza era que ele estaria ás 20h em ponto batendo na porta de Riza, e ele não tinha medo disso.

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⏰ Última atualização: Jan 08, 2020 ⏰

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[One-Shots] Fullmetal Alchemist BrotherhoodOnde histórias criam vida. Descubra agora