★•°Conto experimental°•★
Era uma noite quente aquela em que eu a conheci, na beira do Rio Guamá, sentada em um tronco de árvore, sentindo o vento morno passar por seus cabelos enquanto as luzes da cidade refletiam nas águas escuras do Rio, escuras como seus olhos.
Eu a vi de longe, e fiquei só observando, e me aproximando, silenciosamente, para não estragar.
Eu já estava a dois passos de passar por trás dela.
Um passo.
E finalmente me alinhei, olhei para baixo e segui, chutando as pedras lentamente.- Porque não encosta logo? - ela falou sem mecher o corpo - Vai preferir ficar se remoendo por não parar?
- O-oi? Tá falando comigo? - perguntei surpreso, feliz por ela ter tomado iniciativa, porque se dependesse de mim... Nunca... E triste porque agora estou ferrado, sou péssimo de papo.
- Tem mais alguém por aqui? - senti que ela falou sorrindo.
- Tem, mas não do tipo que vemos... - agora eu que falei sorrindo.
- Como assim? Você crê em fantasmas? - mais uma pergunta, e um sorriso.
- Não! Mas não desacredito... Hum hum - chutei mais uma pedra e pensei se aquela palavra, desacredito, realmente existia.
- Indeciso! Não preciso ver seu rosto pra saber disso. Sua voz entrega - me senti constrangido - Vai esperar eu chamar pra sentar também? - direta não?
- Aah... Desculpa! É que é estranho, eu nem conheço você! - tentei me justificar.
- Nossa... Não sei oque pensar agora. Isso é difícil, mas uma coisa posso garantir... Não vou te matar, quer dizer, não agora - ela inclinou levemente a cabeça para trás, colocando o queixo sobre o ombro esquerdo, mad não vi seu rosto, estava tão escuro.
- Boa, haha! Bom saber que não vou morrer hoje - falei enquanto me aproximava do tronco, acho que era de uma mangueira antiga - Posso? - pergutei apontando para o banco.
- Sim, claro! Fica a vontade. É o melhor "banco" da cidade - ela riu baixinho.
- Você é bem humorada, legal - pior coisa para se dizer.
- Aaah... Obrigada! Eu tento - ela falou enquanto arrancava lascas de casca do velho tronco.
- Nervosa? - pergutei.
- Um pouco... - ela sussurrou.
- Olha, se serve de consolo, eu não vou te matar, que dizer... Não agora! - não conseguimos evitar a gargalhada alta. A tempos não ria assim - Mas posso fazer uma pergunta?
- Depende... Não sendo de exatas - ela respondeu depois de um "ai ai...".
- Não, não é! - ri brevemente - Porque você está nervosa?
O silêncio encheu aquele lugar de tristeza.
- Desculpa. Se não quiser responder não precisa - tentei aliviar o clima.
- Acho que eu não deveria responder mesmo... Ai ai... É que é um assunto difícil, pelo menos para você - ela respondeu, e pela primeira vez senti medo em sua voz.
Ficamos em silêncio, não sei porque, mas foi o suficiente para que eu me tocasse de que não vi ainda seu rosto, nem o sorriso, bem os olhos, nem nada.
Isso era bem estranho.- Bonito aqui né? Nunca reparei nesse lugar. Esse é o erro dos jovens de hoje em dia.
Suspirei.- Sim... É bonito! - ela falou, fez uma pausa - Pelo menos esse bem eu te fiz.
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O Coração Que Eu Não Tinha / The Heart I Didn't Have
Short StoryPORTUGUÊS(◍•ᴗ•◍)❤ ENGLISH(◍•ᴗ•◍)✧*。 ESPAÑOL( ˘ ³˘)♥ Ranking: #1 ser #2 miniconto #2 monstro #8 bruxaria #114 sobrenatural Um conto experimental da minha futura história. Um garoto sozinho, perambulando pelas ruas da cidade, a noite, avista uma gar...