(02 de 10) Mais do que uma queimada, a lareira inteira.

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Ahhh, o amor! Parece que quando estamos apaixonados, nenhuma situação no mundo se torna ruim, apenas "menos pior"... e foi exatamente isso que senti essa tarde, infelizmente (ou felizmente).

-O que tu tá escrevendo, maluco? —pergunta Maricota (Maria Lima, minha melhor amiga dãã)

-Ah, nada demais! —eu respondo.

EPA! Me esqueci de contar pra vocês o que aconteceu antes... retomando!

SANGUE!!!!! Foi isso que eu vi atrás da caixa de água saindo da Clara enquanto ela chorava desesperadamente. Ela estava, bem, "naqueles dias" dizendo assim.

-CHAMA ALGUÉM PRA ME AJUDAR, LERDO! —Clara gritou.

Eu estava tão em choque que liguei pra primeira pessoa (do sexo feminino) que me veio em mente, minha melhor amiga, óbvio.

-MARIA VEM ATRÁS DA CAIXA DE ÁGUA AGRR!
-Pq??
-A CLARA TÁ MENSTRUADA 🩸 NÃO SEI OQ FAZER
-Aiai homens, estou indo

Enquanto ela não vinha, Clara fez eu jurar que nunca falaria para alguém que aquilo aconteceu ou muito menos que eu tinha presenciado a cena e, obviamente, eu concordei. Inclusive, acho que se eu tivesse dito qualquer resposta diferente do meu "ÓBVIO QUE NÃO VOU CONTAR" teria levado um soco na cara no mesmo instante.

Mas, retomando, como eu disse no primeiro parágrafo... AH O AMOR! Mesmo com essa situação (horrível pra caralho) continuo enxergando ela com o mesmo brilho nos olhos, afinal, isso acontece! Certo?

Me sinto muito iludido por já achar que estou amando assim logo de cara enquanto todo tempo ela parece ser meio grossa comigo, será que ela é assim mesmo ou isso é meio que um mecanismo de defesa para se afastar de alguém que possa possivelmente machucar ela? Bem, a resposta é: não faço a menor ideia.

Enquanto minha autoestima sobe e desce loucamente como todos os dias, saio do colégio e vou para casa deitar na minha cama, colocar meus fones de ouvido e pensar na vida (situação normal na vida de qualquer adolescente). Nesse momento, eu vejo aquela luz, que modificou minha vida para todo o sempre, me marcou profundamente... brincadeira, só queria dar um drama a mais... era só uma notificação DELA no meu celular!

Bem, não era só uma notificação DELA mas sim um agradecimento!

-Ei! Obrigado por hoje, tu é um super amigo! ❤️

AMIGO? AH NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO eu fui arrastado pra dentro daquela zona que ninguém quer estar, a parte dos corações quebrados, da tristeza profunda, friendzone! Meio merda falar esse termo em pleno 2020, mas é o que tenho em mãos para explicar a desgraça em que fui metido. Bem, como eu vou provar para ela que penso nela todos os dias? O que posso responder para dar aquele "toquezinho" nela de tipo "to afim de ti, alô!!"

Então eu respondi:
-Obrigado digo eu, sempre às ordens!

Eu só posso ter problema né? "OBRIGADO DIGO EU" pareço um tarado por parecer gostar de visualizar a situação em que ela estava! O que tem de errado comigo que não consigo me expressar direito? Sério, que mico!

O colégio Brown é aquele colégio em que ou você é super visto, ou nem existe. Estou na segunda opção, onde essas pessoas populares como a Clara parecem só conversar comigo para fortalecer o próprio ego e dizer pra si mesmo "eu sou uma boa pessoa pois cumprimento todos e sou querida independente da classe social ou situação no colégio em que me encontro". Sei lá, as vezes me perco pensando... principalmente olhando pro teto sujo do meu quarto.

Minha melhor amiga Maria, obviamente, foi ajudar Clara naquele momento tenso e depois que tudo passou ela, de alguma forma (não sei como conseguiu sentir algo a respeito de mim naquela situação horrível em que estávamos), veio me perguntar se eu sentia algo pela pessoa com "C" e eu disse a verdade, óbvio. Afinal, ela era a razão dos meus pensamentos diários e nada mais justo do que contar isso para minha melhor amiga.

Enfim! Uma semana depois, estava em mais uma manhã entediante de aula e havia chegado o momento da tão temida educação física e, não sei se ainda cheguei a introduzir vocês ao Matheus, o garoto mais lindo e popular da escola (tudo que eu não me considero). Ele gosta da minha crush desde sempre e ela parece nunca ter notado a existência dele ou fingido não notar, pelo menos.

A questão é que, ele não possui nenhum vínculo com ela, mas tem ciúmes de qualquer pessoa (homem para ser mais específico) que chega perto dela. E a questão é: ele me viu conversando com Clara no banco naquele dia, sim leitor, ele descontou toda raiva no basquete e hoje era meu super dia de sorte: a modalidade era QUEIMADA!

Ele atirou tantas bolas no meu rosto que chegou um momento em que eu simplesmente desliguei, meu cérebro falou "tá, tu já sofreu muito então vou simplesmente fazer você dormir". Acordei duas horas depois (haja força) na enfermaria da escola, com a Maria do meu lado e um bilhete na mão.

Primeiramente, o que eu já esperava, ela me disse:

-João, como tu consegue ser tão burro?

-Burro??? O Matheus descontou todo aquele ciúmes ridículo em mim por eu ter simplesmente conversado com a Clara! Não é minha culpa, caralho! —Eu disse.

-Desculpa, desculpa! Mas pelo visto ele tem razão em ter ciúmes... hehe. Olha quem te deixou um bilhetinho aqui com um coraçãozinho desenhado ainda.

Meu coração parou. Literalmente parou. Brincadeira, mas eu senti como se realmente tivesse! Eu NUNCA teria coragem pra abrir aquele papelzinho, o que ela disse? Será que ela além de demonstrar preocupação me convidou pra ir em algum lugar? Olha, sinceramente eu não sei, mas minha cota de sangue e violência já esgotaram nesses dois capítulos e espero que os próximos sejam só amor! Mas obviamente isso não vai acontecer pois, tem muita merda vindo pela frente.

Além do bilhete, havia outro um pouco menos amigável:

"Isso não foi nem um pouco perto do que eu irei fazer contigo se continuar encontrando minha Clara. Se você chegar mais uma vez perto dela, eu te racho no meio"

Bem, parece que eu vou ter que pagar para ver.

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⏰ Última atualização: Aug 28, 2020 ⏰

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