Capitulo 1

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Dez anos haviam se passado desde a última vez que os cinco se viram pessoalmente. Já não sabiam mais como estava a aparência de cada membro, lembrando-se apenas de como eram quando tinham quinze anos. Dick, agora aos vinte e seis, estava em seu escritório nas Empresas Wayne em Gotham City, quando alguém bateu à sua porta:

- Entre! - respondeu o rapaz interrompendo a leitura de um e-mail e o movimento inconsciente em seu anel de Harvard, algo que fazia sempre que estava diante de uma questão delicada.

   A porta se abriu, revelando Bruce Wayne que entrou sem cerimônia no escritório do pupilo. Logo em seguida, fechou a porta e disse:

- A Liga descobriu um ataque iminente da H.I.V.E.
- Sempre direto ao ponto - comentou o jovem com um sorriso. Considerava Bruce um pai e, em determinadas situações, assemelhava-se demais ao homem. Dentre elas, o senso de praticidade. Ainda que gostasse de fazer um suspense ao invés de atirar a informação ao pobre coitado que a receberia - E?- perguntou - Onde eu me encaixo nisso?
- A Liga não tem tempo para impedir esse ataque, - explicou, com sua voz trovejando pela sala, mesmo mantendo o tom mais baixo - estamos espalhados pelo mundo, lidando com os problemas causados pela Liga da Injustiça. - Bruce cruzou os braços - Não conseguiremos nos reunir a tempo.
- Beleza, quando eles vão atacar e como os impediremos? - perguntou, recostando-se na cadeira e cruzando os braços musculosos. Ultimamente, eram raras as missões que os dois faziam juntos
- Aí é que está garoto, - Dick ficou desconfiado - nós dois não vamos fazer nada. Estou saindo do país para investigar um ataque do Coringa em Berlim. Não sei o que ele está fazendo lá, já que não e de seu feitio sair de Gotham. - a incredulidade estava estampada no rosto do rapaz. Por mais que fosse bem treinado, não conseguiria enfrentrar os cinco brandidos sozinho. Então, pôs-se a pensar enquanto aquela conversa terminava - Tome. - disse o morcego, estendendo um arquivo para Dick - Essas são todas as informações que temos dos planos da H.I.V.E.
- Espera aí, - então ele iria, realmente, enfrentar o quinteto só? Ainda que tenha chegado a essa conclusão mais cedo, recusava-se a acreditar que entendera corretamente - você está me dizendo que é pra eu lidar com esses lunáticos sozinho? - perguntou ao mais velho.
- Te treinei desde criança, - disse Bruce, contornando a mesa de carvalho e apoiando a mão no ombro do garoto que, por anos, fora seu único filho - conheço suas habilidades e confio em você!
- E o Tim? - Dick começou a testar suas opções
- Só voltará de Sidney em agosto e aí já será tarde demais. - respondeu Wayne
- Jason?
- Está em missão
- Não vou nem perguntar sobre o Damian
- Ótimo, - seu pai adotivo ergueu uma sobrancelha- porque não vou tirar o garoto do colégio. Ele está em semana de provas e quero que mantenha a média nove
- Imaginei. - o rapaz torceu os lábios - E quando você viaja? - já que estaria sozinho, seria bom saber quanto tempo teria para conversar com Bruce
- Daqui uma hora. - e seus planos se desfizeram antes mesmo de serem desenvolvidos - Preciso ir, garoto, boa sorte.
- Boa viagem. - sua voz saiu distante, pois a atenção de Dick não estava completamente focada no pai adotivo.

   Dick leu o arquivo e ficou sentado, apenas encarando os papéis. Novamente, passou a girar seu anel de formatura. Então, teve uma ideia. Levantou-se abruptamente, saiu para o corredor, sem se importar em fechar a porta do escritório e foi até a sala do técnico de informática, que também era um excelente hacker. Entrou sem bater:

- Alan!
- Qual é cara, quer me matar de susto? - perguntou o rapaz enquanto tentava controlar os batimentos cardíacos, colocando a mão sobre o peito
- Preciso que encontre quatro pessoas pra mim. - disse Dick sem rodeios. Estava com pressa, então, dispensava o suspense
- Me passe os nomes e em uma hora eu te entrego os endereços. - respondeu tirando a mão do peito e se virando para o computador
- Obrigado! - Dick pegou um papel de rascunho que estava próximo ao cotovelo de Alan, assim como a caneta que estava no suporte, e escreveu o nome completo de cada uma das pessoas que desejava encontrar e o entregou ao hacker
- Da próxima vez, - disse Alan - bata. Não quero descobrir que sou cardíaco ao enfartar com um susto seu
- Você tem um coração de ferro. - respondeu Dick, sorrindo para o amigo - Não vai enfartar

   Com isso, saiu da sala abarrotada de monitores de Alan, ouvindo o resmungo do rapaz. Enquanto aguardava a passagem dos sessenta minutos pedidos por Alan, Dick voltou a estudar o arquivo que Bruce lhe dera. Não viu o tempo passar e, exatamente, uma hora depois, outra batida se fez audível em sua porta:

- Entre. - falou, agora atento, pois provavelmente era Alan

   O rapaz colocou sua cabeça loira para dentro:

- Aqui estão. - depois de um aceno de cabeça de Dick, ele se aproximou com o papel em mãos - Endereços residenciais e de trabalho. Números de celulares e residenciais. E os horários em que estão em casa e no trabalho, além de onde costumam comer.
- Valeu, você é o cara! - responde Dick, admirado com a eficiência daquele homem, porém já se levantando e pegando as chaves da moto
- Já vai sair? - indagou Alan espantado
- É urgente, - respondeu a meio caminho da porta - não posso esperar até o horário acabar. Além do mais, o Bruce já sabe que vou sair. Tchau.
- Tchau. Boa sorte - gritou Alan para a porta semiaberta
- Valeu - gritou Dick de volta, disparando pelo corredor e chamando o elevador

   "Depois de dez anos, vou finalmente rever meus amigos." pensou Dick animado, enquanto chegava na garantem do enorme prédio. O fato de sua vaga ser uma das primeiras, facilitou sua chegada à moto. Assim que ligou moto, arrancou, praticamente cantando pneu, e acelerou pelo caminho até as ruas de Gotham e além. Tinha um caminho longo pela frente.

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