Capitulo 18

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   Um mês havia se passado desde o casamento de Bruce e Selina e, também, desde a chegada da carta de Yunet avisando a Rae sobre a aproximação de um ataque. Desde aquele dia, Rachel nunca mais dormira direito, sempre acordava no meio da noite fosse por pesadelos, fosse por ter escutado qualquer barulho do lado de fora de sua casa. A moça sabia que estava ficando paranóica e Dick também percebia a mudança na namorada e preocupava-se com a saúde dela, as olheiras de Rae estavam mais escuras e ela acordava, quase sempre, mau humorada ou inquieta, apesar de não descarregar em ninguém, Dick a via se segurando para não fazê-lo.
   Mas nada que ele fizesse poderia ajudá-la de fato, ele apenas ficava ao lado dela, reconfortando-a sempre que via que ela estava prestes a estourar e a ajudando a relaxar para que voltasse a dormir. O trabalho a ajudava a se distrair e os treinos com Kori a extravasar a frustração e a preocupação, mas, ainda assim, Rae sabia que o ataque se aproximava pois, mesmo que não abaixasse a guarda, sua irmã acharia uma brecha para surpreendê-la. O que mais a irritava era o silêncio na dimensão infernal, por mais que tentasse não conseguia acessar o castelo de Nasu e suas irmãs, que eram as únicas capazes de lhe manterem informada e estavam impossibilitadas de fazê-lo.
   Certo dia, após quatro meses de silêncio absoluto, Rachel, saindo da sala de onde acabara de realizar cirurgia de lipoaspiração, retirou as luvas e viu que Garth a havia ligado 11 vezes. Com o coração disparado, ela liga para o amigo que desesperado lhe conta o que havia acontecido. Rae sai às pressas do hospital e grita, enquanto corria, para que sua assistente pedisse ao outro cirurgião plástico do hospital que lhe cobrisse, pois precisa resolver uma emergência familiar. Conjurando o traje ao entrar no carro, Rae acelera o Veyron pelas ruas de Jump City para chegar o mais rápido possível e, consequentemente, à faculdade Stanford, onde Kori sofria um ataque de sua irmã.
Ela chega em 11 minutos e ao largar o carro na entrada do campus, então alça voo e encontra seus companheiros e namorado tentando tirar o pequeno exército de demônios e tamaranianos do prédio de história, onde, com certeza, Kori estava presa e escondida da vista dos lacaios da irmã para não ter a identidade revelada. Rachel, estava com ódio por não ter cogitado que o ataque poderia ser direcionado a Kori e não a ela, já que na carta, Yunet dizia não saber do que se tratava o ataque, pois Komand'r queria mandar um recado também, para seu planeta e seu povo, ela tinha um exército ao seu comando e, ao raptar a irmã mais nova, para então matá-la a vista de todos, provaria sua força como soberana. Ela, então, desferiu uma descarga de poder que congelou todos os atacantes e pousou entre Dick e Garth:

- Entrem e tirem Kori de lá
- Mas e você? - pergunta Dick com um arranhão na bochecha esquerda
- Eu consigo segura-los, não se preocupe. - Virando-se para os demais ela diz - tirem todos do campus, agora

Enquanto os amigos obedeciam suas ordens, Rae caminhou entre os integrantes daquele exército e reconheceu alguns dos soldados de Nasu, porém não se surpreendeu ao também encontrar soldados de Ifrite entre eles. A segunda mais velha sempre tendeu a apoiar a primogênita, pois sabia que Nasu, apesar de não ser de fácil convívio, a recompensaria por seu apoio, mas Rachel sabia que as irmãs mais velhas contavam com a sua derrota, pois a julgavam inferior devido ao sangue mortal que dividia suas veias com o sangue de Trigon e ela sabia que seria assim que derrotaria as irmãs, jogando com sua prepotência. Esse pensamento fez com uma calma a atingisse e, de repense, Rae percebeu que as noites de sono perdidas foram um certo exagero de sua parte, quando Nasu decidisse que era hora de atacá-la, ela viria pessoalmente, caso alguma emboscada fosse dirigida a ela, seria apenas para que as duas demônios mais velhas estudassem as habilidades de Rae.
Kori, finalmente, pousou ao lado de Rae, já de traje e dirigiu-se à melhor amiga com olhos verdes brilhando:

- Então quer dizer que esse tempo todo o ataque era destinado a mim?!
- Pelo jeito, sua irmã é ainda mais ansiosa que a minha
- Então, permita-me deixá-la ainda mais ansiosa
- Com prazer

Rae remove o feitiço dos soldados e as duas se embrenham entre eles causando um estrago com seus poderes e armas. Rachel não chegou perto dos soldados tamaranianos, enquanto Kori ignorava os demônios, juntas elas lutaram e, para garantir que ninguém sairia ferido, interferisse ou que a universidade sofresse danos maiores, Rachel projetou uma redoma na região onde ocorria a pequena batalha. Ao final, Kori havia matado apenas aqueles soldados que não a tinham dado escolha, porém Rae não fora tão misericordiosa, ela massacrou todos os soldados das irmãs e estava de pé no centro de uma poça de sangue negro. Quando abaixou a redoma, ambas encararam os amigos e em seus olhos havia um brilho diferente: ali não eram duas heroínas que lutaram para proteger os inocentes e sim uma rainha e uma princesa regente que mandaram um aviso a quem almejava suas coroas. Rae se abaixou e pos as mãos em meio ao sangue, que mais parecia piche na opinião de Dick e, de repente, o chão estremeceu e começou a rachar, então o exército de demônios abatidos foi tragado pela terra e desapareceu, assim como o sangue

- O que aconteceu? - perguntou Gar atônito
- Minhas queridíssimas irmãs acabaram de receber um presentinho meu - disse Rae com um sorriso lupino nos lábios e esse sorriso se ampliou quando ela, e apenas ela, escutou o urro de ódio de Nasu ao dar de cara com todos aqueles cadáveres em sua sala do trono
- Se vocês não se importam, vou me ausentar por um tempo, preciso levá-los para Tamaran para que sejam julgados - disse Kori apontando para os soldados que ela havia imobilizado

Todos a ajudaram a prender melhor seus atacantes e ela fez contato com seu planeta natal relatando o ocorrido e mostrando à pessoa com quem falava, um homem de pele morena e baixa estatura, porém muito musculoso, os insurgentes de joelhos. Assim que a nave de Taraman aterrizou, o homem com quem Kori falara, o chefe da guarda e outros 5 oficiais desembarcaram. Juntamente à princesa regente, escoltaram aqueles homens e mulheres para dentro da nave que logo começou a subir em direção aos céus de forma silenciosa. Os demais ficaram observando a nave desaparecer em meio às nuvens para, então, irem avisar aos civis que estavam em segurança para retornar às suas rotinas.
Depois de consertarem os danos que tinham condições de serem reparados naquele instante, Garth, que havia permanecido na Terra a pedido de Kori, trocou de roupa e seguiu para o estacionamento onde o carro de Kori, um Nissan Kicks branco estava. Rae retornou de dentro da universidade com os pertences de Kori que estavam no vestiário feminino e entregou ao amigo as chaves do carro, depois rumou em direção ao seu próprio e voltou para casa, com Dick ora atrás ora na frente dela. Ao chegar em casa, Rae estava mais calma do que jamais imaginou, pois agora tinha maior ciência do a aguardava e que, agora mais do que nunca, surpreendera as irmãs, sabia que elas precisariam repensar o plano de ataque e que Estrela Negra ocuparia um tempo de Nasu pois precisaria reestruturar os próprios exércitos, além de que, com certeza, requereria alguns soldados de Nasu.
Com Kori fora e as prioridades que Nasu teria que resolver, Rae poderia, finalmente, ter um sono tranquilo, mesmo que fosse por pouco tempo. E assim aconteceu, ela chegou em casa, estacionou o Veyron, subiu as escadas e tomou um banho demorado, permitindo que a água quente caísse em cima de seus ombros e costas. Ao sair no interior enfumaçado do banheiro, ela se secou, passou o hidratante e colocou a loungerie amarela. O verão em Jump City era úmido e naquela semana em específico, as noites estavam mais quentes que de costume, de modo que ela programou o ar condicionado em 17ºC e Rae não se incomodou em colocar uma camisola por cima do conjunto e encaminhou-se pra cama enquanto Dick adentrava o banheiro. Quando ele, de toalha enrolada na cintura, saiu do banheiro encontrou a namorada apagada, deitada de bruços e com as cobertas atiradas aos pés da cama. Ele, depois de colocar a cueca e a bermuda com que dormia, levantou delicadamente os pés de Rae e a cobriu, em seguida contornou a cama e deitou-se ao lado dela e também dormiu.
Na manhã seguinte, Rae estava sentindo-se descansada da forma não como vinha se sentindo já muitos dias e Dick estava feliz em vê-la sem o ar de exaustão e as olheiras. A quinta e a sexta-feiras, foram tranquilas e nesses dois dias Rae dormiu cedo e rapidamente de modo que, quando o fim de semana chegou, ela estava recuperada. Como Kori só voltaria na semana seguinte, Garth ocupou-se em arrumar a casa e trocar o material de treino que a noiva arrebentara, tendo por vezes, a companhia de Dick e Rae nessa empreitada, além de um permanente convite para almoçar e jantar com os amigos e vizinhos, que ele não recusou. Quando não estavam na companhia de Garth, Rae e Dick passaram o resto do tempo em casa, estirados na cama ou no sofá com Nyx ao lado assistindo filmes, séries e talk shows, nos quais eles faziam competição para ver quem sabia mais e sempre terminavam empatados. No domingo à tarde, Dick, Rae e Garth convidaram os demais Titãs para uma partida de pôquer que rendeu até de noite e muitos pacotes de pipoca.

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