Capítulo 5 - Terapia familiar

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Pov Nathalia

Mais um dia de plantão exaustivo estava chegando ao fim e junto com ele chegava o momento de uma briga a ser enfrentada com dona Ana Tereza e sr Rodolfo. Meus pais estavam em um período constante de pressão para que eu tomasse frente da diretoria do hospital, mas aquele não era meu desejo. Pra mim o Ricardo deveria ser o responsável por isso, eu já tinha problemas demais enquanto meu irmão vivia apenas entre baladas e plantões.

Sentei na cadeira para descansar um pouco antes de seguir para a droga de reunião a qual eu havia sido convocada pelo meu pai. Não demorou muito para ouvir um batido na porta. Não precisei autorizar a entrada, Cristina abriu a mesma e foi se esparramando no sofá do meu consultório, era sempre assim quando minha amiga resolvia aparecer ali.

– Oiê viadaaaaaaaa – Ela berrou certamente sabendo que iria me irritar.

– Por que diabos você nunca aprende a se comportar feito gente grande? – Perguntei para ela que sorriu escandalosamente.

– E por que você insiste em se comportar como uma velha ranzinza? – Lhe mostrei o dedo do meio, mas a provocação continuou. – Credo, agindo assim nem parece uma senhora Banin! Sua mãe provavelmente morreria de vergonha de você.

– Não seja idiota, Cris! O que faz aqui?

– Recepção calorosa... Isso só faz com que eu te ame ainda mais. – Ela piscou e veio em minha direção. – Estava aqui perto participando de uma reunião que a senhora sua esposa fez questão de se livrar. – Ela jogou os pés sobre minha mesa.

– Ex esposa, devo lembrar... – Ela revirou os olhos. – E tira os pés da minha mesa A-G-O-R-A.

Ela fez o que mandei, mas colocou as mãos no queixo e ficou a me observar enquanto eu organizava os papeis em minha mesa. O silêncio se fez presente e isso já estava me incomodando. Eu sabia exatamente o que Cristina estava fazendo, era sempre assim quando tocávamos no nome de Michelle. Cristina e Manuela foram nossas madrinhas de casamento e também eram madrinhas de Gustavo e Bem. Elas casaram pouco tempo depois que eu e Michelle, mas nós quatro nos conhecíamos desde a época do colégio. As duas não se conformavam com nossa atual situação e por isso estavam sempre tentando nos juntar novamente. Não perdiam a oportunidade de provocar encontros casuais que descreviam como "sinais do destino", eu sinceramente não sabia como Michelle ainda não tinha demitido aquela maluca. Na verdade sabia sim, Cristina sempre fazia questão de se colocar do lado de Michelle. Quando o assunto era nossa separação minha amiga não poupava esforços para descrever as mil e uma razões pelas quais minha esposa saiu de casa e como o poder de mudança estava somente em minhas mãos, mas eu não considerava isso uma verdade. Eu sempre acreditei que as coisas poderiam ser revertidas se ambas quiséssemos e por um momento até acreditei que queríamos, mas isso foi se desfazendo a partir do momento que Michelle deixou de ser a mulher pela qual me apaixonei.

– Anda Cristina, despeja de uma vez o que você quer falar.

Me dei por vencida. Aquela junção do olhar acusativo e o silêncio da outra já estavam me deixando doida.

– Eu não tenho nada para dizer, já falei tantas vezes que eu não sei mais o que falar para vocês duas. – Ela encostou-se na cadeira com expressão séria.

– Então finalmente se convenceu que não existe mais um "nós" nessa história?

– Na verdade só me convenci que tenho duas amigas idiotas. – Abri a boca para retrucar, mas a verdade é que nada que eu falasse iria mudar o que estava na cabeça dela. – O convívio de vocês está melhor pelo menos?

Redescobrindo eu e vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora