O nascimento de Ygdrasil

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Licor de abacaxi

A história que vou lhes contar a seguir sem dúvidas é uma das minhas favoritas, desde que cheguei no jardim e comecei a vislumbrar os acontecimentos registrados na biblioteca cósmica, se assim posso a chamar. Talvez você em algum momento venha se perguntar sobre a minha natureza ou de que jardim estou falando e que biblioteca é essa. Quem sabe um dia você saiba um pouco mais, porém agora isso não é importante.

Estava eu observando os mundos na árvore de Ygdrasil do topo de Muspell, claro que sem autorização do celestial antigo conhecido como Fyteftí, sujeitinho antipático diga-se de passagem, que vive numa cabana no pé deste vulcão. E comecei a me indagar porque raios existe uma árvore "flutuando" dentro desse gigante adormecido e como Daemons ela foi parar lá? Bom desde que cheguei a este universo tenho me deparado com uma infinidade de coisas estranhas, porém uma das que mais me intrigavam era a origem dessa árvore.

Procurando nos arquivos secretos de Nous encontrei relatos fidedignos, registrado por escribas anteriores a mim. Depois de ler esses documentos não sei como permitiram que aquele esquilo fofoqueiro permanece dentro daquele vulcão sério mesmo.

A muito tempo atrás ou nem tanto tempo assim [desculpa, mas honestamente o termo tempo é muito confuso nesse universo], viviam na cabana Fyteftí e seu aprendiz um relativamente jovem celestial que foi incumbido de auxiliar o senhor dos limites de Muspell. Esse título é um tanto quanto curioso, mas resumidamente, celestiais menores são outorgados cuidadores dos berços no jardim. E junto a essa responsabilidade eram nomeados auxiliares ainda menores para prestar serviços aos guardiões de cada berço respectivamente. Ele vivia numa simples porém belíssima cabana, cujo interior parecia não condizer com o tamanho externo da mesma. Era uma cabana de madeira rústica por fora, contudo extremamente confortável por dentro. Ele tinha muitos quartos, quantos não sei informar. Quantos fossem necessários pois seu interior se alterava conforme fosse preciso. Entretanto havia um cômodo que nunca mudava, o salão principal, que tinha uma poltrona posicionada próximo a uma lareira sem chão que era aquecida não pelo queimar de lenha e nem por magia, mas sim pelo coração do próprio vulcão.

O auxiliar de Fyteftí, cujo nome curiosamente não foi mencionado nos arquivos era um brincalhão tremendo, enquanto seu mestre era um responsável tutor. Honestamente não acredito que convenha descreve-los pois a compreensão de suas formas reais não cabe em palavras, contudo vou ilustrar para ficar mais aceitável o entendimento dessa história. Fyteftí seria parecido com um homem a beira dos quarenta e cinco anos, já seu aprendiz aparentados por volta de dezenove. O agricultor (Fyteftí) cultivava abacaxis, e sim isso é possível neste universo, embora ele não necessitasse de nenhum alimento ou provisão. O cultivo era um hobbie, pois ficar milhares de anos olhando para um berço atemporal é bem tedioso. Fora o cultivo outro hobbie do agricultor era de utilizar os seus abacaxis para produzir licor, hobbie esse que seu aprendiz partilhava o entusiasmo.

O celestial mestre não era tão adepto de exagerar nas doses do licor, totalmente oposto a Fyteftí seu aprendiz exagerava bastante, contudo não havia embriaguez. Nos bosques um pouco ao sul vivia um meio bode chamado Khnum que era fã do licor acima de tudo e volta e meia dava as caras mesmo sem ser convidado.

O agricultor não era muito chegado em companhia, já não bastava de ter que aturar seu aprendiz, quanto mais um meio bode fanfarrão e inconveniente. O aprendiz de Fyteftí por sua vez era amicíssimo do meio bode e ambos adoravam dar festas quando a dispensa estava cheia de licor. Numa dessas festas se perguntaram como poderiam deixar a bebida mais saborosa. E não estranhem, mas eles a bebiam quente, na realidade em temperatura ambiente e você deve saber que bebidas com teor alcoólico em sua maioria são sempre ingeridas geladas.

O aprendiz então teve um brilhante ideia. Brilhante somente para ele e seu amigo e até também para os convidados, mas a quem diga que de brilhante essa ideia não teve nada. Ele pensou que talvez pudesse usar o gelo no interior do vulcão para resfria-la. O que convenhamos dadas as condições não era totalmente uma imbecilidade, contudo ele não conhecia a natureza daquele gelo e até mesmo eu ainda não compreendo bem. Os meus mestres me disseram que o lago de gelo no vulcão estava lá pois nela fora contida toda matéria daquele berço ou algo assim e que o gelo mantinha ela estável. O meio bode pós seu amigo sobe as costas e numa velocidade sem tamanho levou seu amigo até o topo escalando-o feito uma cabra montanhosa, pois mesmo o celestial jovem sendo capaz de viajar em incríveis velocidades e podendo até curvar a realidade encurtando os espaços a sua frente não era capaz de usar tal habilidade sobre o vulcão, pois ali fora instaurada uma magia poderosa impedindo qualquer um de aproximar-se dele de forma semelhante. O jovem podia se aproximar pois seu mestre o autorizara. E para que seu amigo pudesse escalar ele surrupiou uma das túnicas de seu senhor e deu ao meio bode para que a vestisse.

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⏰ Última atualização: Feb 23, 2023 ⏰

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