Chapter O4.

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Alguns dias longe e Jungkook sentia-se à beira da morte. Ele sabia que a maldição o deixava doente, fisicamente doente, mas achava que era o contrário, que ficar perto e se torturar que o matava e que a solução fosse se afastar, mas aparentemente estava enganado, podia acrescentar aquilo na lista de coisas que não entendia sobre o que estava passando. Seu pai não parecia doente, mesmo longe da fonte de sua maldição, então talvez Jungkook que estivesse fazendo algo errado. Quem sabe fosse o fato de não ter superado de verdade, ou então tê-lo beijado. Desde que Jimin morreu em seus sonhos, o loiro jamais voltou a aparecer no castelo, mesmo que Jungkook ainda o visitasse todas as noites. Ou pelo menos as ruínas que restaram dele.

Jungkook ainda aparecia no jardim, mas Jimin não estava mais lá.

Jungkook desejou mais uma vez que tivesse um manual. Um manual de verdade, feito por seus familiares que viveram aquilo e não um livro misterioso com versos enigmáticos que desaparecia no ar. Algo real, como um caderno com palavras escritas a mão. Ou um arquivo em pendrive com tudo que se precisava saber.

Mas talvez ninguém nunca tivesse descoberto o suficiente para isso.

Deprimido com seu próprio pensamento, Jungkook se remexeu na cama, ainda sem levantar, mas o som do telefone tocando do outro lado da porta chamou sua atenção. Não estava em sua própria casa e quem quer que estivesse ligando, com certeza não era para falar com ele, mas sua curiosidade fez com que o rapaz prestasse atenção no assunto quando sua avó atendeu o aparelho.

— Oh, sim. É aqui. – a mulher falou docilmente, como de costume. – Mas ele não pode atender, está se sentindo meio indisposto. Posso passar o recado, pedir que retorne.

Não precisava ser um gênio para saber que falavam dele, já que Jungkook era a única outra pessoa na casa além de sua vó. Jungkook levantou-se da cama e calçou os chinelos, vestindo um moletom para se proteger do frio em Busan e por fim abriu a porta, ouvindo sua vó marcar um telefone de contato sem saber o motivo. Jungkook chegou a sala ao mesmo instante que sua vó devolvia o telefone a base e franziu o cenho ao se aproximar.

— Era para mim? – perguntou enquanto se aproximava da mulher com ambas as mãos escondidas no bolso do moletom. Quando o viu, ela bateu no espaço ao seu lado no sofá, pedindo que Jungkook se juntasse a ela.

— Sim, querido. Taehyung pediu que ligasse, era um comprador para a livraria. – falou, puxando Jungkook para se deitar com a cabeça em seu colo, como se fosse um bebê. — Quer se encontrar com você para fechar o contrato. – explicou, e aceitando o mimo de sua vó, Jungkook suspirou. Ouvir aquilo havia doído mais do que ele esperava. Não queria de verdade vender a livraria. Não queria se livrar do lugar que tinha tantas lembranças de sua família, o local que seu pai conquistou e fez prosperar com tanto esforço e, agora Jungkook sabia, passando por cima de uma perda pessoal tão grande, que foi deixar para trás um amor tão forte quanto o que Jungkook sentia por Jimin a fim de formar uma outra família.

— Você não quer vender de verdade, quer? – a mulher perguntou, e Jungkook negou com a cabeça, não vendo motivos em negar. – Então por que vai fazer isso? – quis saber, enquanto mexia delicadamente nos cabelos de Jungkook. – É a maldição? – falou, e Jungkook imediatamente se sentou no sofá para encará-la, surpreso que ela soubesse sobre aquilo.

— Maldição? – perguntou, muito bem ciente do que se tratava, óbvio, mas que sentido tinha ela saber? – Como...?

— Seu avô e seu pai passaram por isso antes de você. Achou que eu nunca ia notar quando se repetisse?

— E... eu... Nunca imaginei que você pudesse saber.

— Claro que sim. – a mulher afirmou, antes de começar a contar a história. — Conheci a paixão de seu avô, éramos melhores amigos na época e acompanhei tudo de perto. Quanto percebi que estava apaixonada por ele a coisas ficaram mais difíceis, acreditei que jamais teríamos chance porque a maldição nunca permitiria. Ele era dela, estava fadado a sofrer por ela mesmo que nunca pudesse tê-la, mas com o tempo ele me enxergou, decidiu não se torturar mais por alguém inalcançável. Eu sempre soube que os sonhos ainda vinham às vezes, mas éramos felizes e nunca duvidei do quanto seu vô me amou. Sempre amou, mesmo quando éramos só amigos.

Sandcastle's Prince [Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora