Mais uma vez, Capitu

Capítulo III: A festa

Chegando na entrada da festa, ele tirou o celular do bolso, abriu o seu aplicativo de mensagens, iria enviar uma mensagem para o amigo, mas antes que o fizesse teve o celular arrancado de sua mão por um pessoa que estava atrás dele, o coração de Bento disparou, pensou que era um assalto e que tinha acabado de perder o celular.

- Eu não mexeria no celular de uma forma tão explícita por aqui Bento - Escobar salta na frente dele, esticando o celular na mão direita - Você sabe, esses jovens não tem mais jeito!

- Escobar! Quase me matou do coração!

- É melhor manter o seu coração calmo por enquanto, porque essa noite vai render bastante.

Escobar coloca um sorriso malícioso de orelha a orelha olhando em direção a porta da casa de Sancha, ele dá um tapa no ombro de Bento e faz um indicativo com a cabeça para que eles fossem entrar logo na casa.

A música estava alta, os jovens já estavam bêbados, alguns quase sem roupa e a dona da festa estava em cima da mesa da cozinha vomitando horrores, chamava a atenção de todos, principalmente de Bento, mas não pelo líquido colorido e fedorento que saia aos montes de sua boca, mas pela pessoa que estava ao seu lado, tentando a ajudar, era ela, era Capitu.

- Sancha lhe chama atenção? - Diz Escobar no ouvido de Bento apontando para a mesma - Ela beija qualquer um, sei que deve estar com um bafo de carne podre, mas seria um bom jeito de começar a sua primeira festa da faculdade.

Bento nega com a cabeça e responde:

- Não é Sancha que me chama atenção, mas sim a sua amiga, aquela do lado dela, Capitu.

- Não conhecia, mas ela é linda... Muito linda... Não quero dizer nada amigo, mas não acha que ela é demais para você, eu digo, uma garota como ela iria brincar com o coração de um cara inesperiente como você.

- Eu já conversei com ela, ela não faz esse tipo de garota.

- Meu bom amigo, é aí que você se engana, essas garotas tem várias caras, de qualquer jeito, boa sorte com ela, não é uma disputa, okay?

Escobar vai em direção a mesa de bebidas deixando Bento parado e confuso:

- Ei, o que quis dizer com isso?

Ele chega a gritar mas a música estava mais alta e o amigo não o escuta, Bento sente então um leve aperto em seu braço, ele vira rapidamente e sente seu coração bater forte.

- Bentinho! Eu não sabia que você era um cara de festas.

Capitu diz isso bem próximo do ouvido dele para que pudesse ouvir com clareza, ela o puxa pela manga até a parte exterior da casa onde o barulho era menor. Ele não sabia como continuar o assunto então começou a se embaralhar e perder as palavras:

- Eu fui atrás de você, quer dizer, eu te procurei, pesquisei, nas redes sociais, e não te achei, não que eu procurei muito, mas eu não achei nada.

- Deve ter sido porque eu não tenho uma, eu sou o tipo de pessoa que vive o momento, entende? Meio esquisito para os tempos atuais, eu sei, mas eu sempre vivi assim e como eu disse, não sabia que você era um cara de festas.

- E eu não sou, essa é a minha primeira festa de verdade, sem ser aquelas de aniversário infantil dos meus vizinhos, e você, você é uma garota de festas?

- Olha só Bentinho, sabe aquela garota que estava vomitando aos montes, que não queria parar de beber e que eu parei de tentar ajudar? Ela é a minha amiga de infância, então eu venho em festas desde que ela deu a primeira dela.

- Entendo, eu...

- Bentinho, vou te dar um conselho de amiga - Capitu coloca as mão sobre o rosto dele - Se você não é um cara de festas, é melhor você ir embora, a festa de boas vindas é sempre pior que qualquer outra, eu não quero que fique traumatizado.

Bentinho sorri ao sentir o calor das mãos de Capitu no seu rosto, ela sorri de volta. Ele não ligava sobre o que ia acontecer ou o que estava acontecendo, só ligava em estar perto de dela, mesmo que as vezes o perto pudesse ser longe.

- Eu vou ficar e não se preocupe, eu só estou aqui pela comida e pelo refrigerante. 

Ele fala com um sorriso largo no rosto, ela aperta a bochecha dele e diz:

- Se você for lá em cima, e ouvir algum barulho por mais estranho que seja em algum dos quartos, não entre, conselho de amiga.

Ela sorri, recolhe as mãos e entra de volta na casa indo em direção a Sancha.