Capítulo NOVE.

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A vida não é um jogo onde todas as vezes que aparece na tela o game over, você pode simplesmente recomeçar a fase e tentar não fazer os mesmos erros novamente. Às vezes, você é privilegiado e essa oportunidade simplesmente acontece pra você, talvez por um trabalho que seu professor deixou você refazer, por um amigo que superou aquela discussão tremenda e sem sentido algum ou, até mesmo, seu parceiro que te perdoou depois de ter descoberto de toda sua traição e surtos.

Às vezes você só é mais um privilegiado em viver o próprio replay do game over em sua vida.

Daquela vez, eu não fui.

Em inglês existe uma expressão que é "don't be a stranger". Ela geralmente é usada para dizer a outra pessoa para não sumir, mas sua tradução literal seria como: não vire um estranho. Isso era tudo o que Zayn e eu tínhamos virado após o nosso término. Completamente dois estranhos vivendo na mesma cidade e dividindo o mesmo espaço temporal de quatro anos, onde um tentava apagar e o outro, não sabia mais o que fazer para retomar.

Era insuportável perceber que eu tinha tudo e perdi, eu realmente não me conformava com aquilo. Tudo porque usei Louis para uma vingança no mínimo sem responsabilidade emocional.

Louis... Como explicar?

Nós dois continuamos a conversar por um tempo desde que Zayn e eu nos separamos, podia dizer que Louis estava se tornando um grande amigo meu nos dois meses que se seguiram, mas ainda assim, todas as vezes que estávamos juntos, por mais que fossem divertidos aqueles momentos, sua face me remetia a culpa.

Eu fui me afastando dele mais e mais, assim como fui me afastando de criar novas postagens no blog, porque eram duas coisas que me lembravam diariamente dos erros que eu nunca poderia consertar.

Mesmo amando estar perto de Tomlinson, eu decidi por me afastar. Naquele momento eu ainda não tinha me dado conta de que estava sendo um erro gigante.

Foi numa noite qualquer de janeiro que por mais que minha mãe me aconselhasse a não ir, decidi ir até a residência de Malik para que pudessemos conversar mais uma vez. Tinhamos terminado havia quatro meses e eu queria saber como ele estava, já que todas as suas redes sociais estavam bloqueadas para mim.

Ouvindo body talk do Red Velvet eu estacionei o carro e estava prestes a descer, quando vi ele se despedindo de um garoto com um abraço tão demorado que eu não tive duvidas naquela hora de que não era uma simples amizade.

Ele tinha seguido em frente, eu sabia. Zayn Malik já não me tinha mais em seus pensamentos e, mesmo se tivesse, não era mais uma das suas lembranças mais gostosas. Talvez, só talvez, e eu me agarrava complemente a essa possibilidade, às vezes ele se aconchegava em sua cama e sentia falta de passar seus longos dedos pelos meus cachos, assim como eu também sentia. Mas era um talvez tão pequenino que eu não tive o porquê continuar vidrado na porta de sua casa ou sequer ter um segundo pensamento de aparecer sem ser convidado, eu rumei novamente para a minha casa, sem nem sequer falar um "a" com minha mãe que tentava entender o que havia acontecido para que minhas bochechas estivessem tão avermelhadas e meus olhos tão inchados de tanto chorar dentro do carro que eu mal conseguia enxergar a estrada até ali. Apenas fui para o meu quarto, me trancando, deixando que com aquela água salgada que saía dos meus olhos e corresse pelas minhas bochechas até cairem ou entrarem em minha boca, saísse também toda aquela dor que eu sentia.

Mas apesar de ter apagado horas depois, aquela dor não saiu, e eu repetia para mim mesmo: você é um burro, você é um burro, você é um burro.

Eu não me sentia digno de ser amado mais. Eu não sabia o que era amar de fato, então, não o merecia, certo?

Mas eu também não queria que Zayn fosse amado por outra pessoa, porque eu queria ser o amor da sua vida, por mais que eu estivesse parecendo tão egoísta. Não, eu não estava parecendo egoísta, eu era. E por mais que ao descer para sala aquela manhã com a maior das olheiras que eu tinha tido em todo o meu tempo de vida, eu não estivesse preparado para ver Zayn assentado no sofá, eu me senti por um momento feliz.

Loja Trinta e Seis. (História Larry - Zarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora