A manhã guerrearemos

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Indisposto no banheiro do banheiro do botequim

Vendo a soda cáustica corroer o engravato deputado

Saio justo e grito alto: "Liguem para o Congresso ! Um dos seus pombos está derretido pelo ralo."

Puta chuva de mulheres santas encaro no recinto

Pois o que sinto causa tonturas nas vistas sacras do convento da luz vermelha

Conheço a beleza como um  copo de café, amargo à boca dos bravos

Salvos enganos dos senhores pobretões correndo para os quartos

Seus safados adoradores da louvação oral

Magistral dos rapazes e das leides nobres deste castelo de esquina

Vou para a calçada dos desesperados lá fora

Agora, quando cidadãos de bem fazem o mendigo de lareira

Brincadeira para as senhoras alcoviteiras vestidas de veludo e preconceito

No parapeito de suas janelas cinco estrelas à gargalhar

Passeio no canteio frio deste bairro flamejante, de cidade sorridente

De dentes mascarados e carros blindados

Com tanques saturados de tantos destroços 

Atropelando os mortos sem chance de morrer

Pra que viver se o passado se deu em presente ?

Se a pergunta ofende, fuja enquanto não ouve a resposta

Trate em guardar-se na casa de bonecas metafísicas

Esconder vossas esposas para que elas, assim, depois de nos ouvirem

castrem aquilo que protegem com tanta firmeza

Educaremos vossos filhos à nos esfaquearem caso não abram a ferida nas cabeças para verem o empalamento do Estado sobre eles

Mas a paz cantada entoa tantas sutilezas, seja pelos gracejos na voz e na letra, que escreveremos nosso Anti-manifesto na carne espiritual dos absolutos

Vão poder rir nos espelhos da sala com seus erros

Das utopias da cabeça, retorno a rua

O que hei de não pensar ?

Porque "se pensar, logo existirei", não pensar me faz invisível para explodir ?

Os postes das ruas são tão retos para não caírem

Recoloco o lixo nas cestas dos canteiros

e os políticos então postos reclamam

Ó, seus ruídos alegram os ouvidos numa prece

Regressante para as estórias da carochinha num cérebro impensante

Quando enfiaria a espada de Jafar nos crânios pobres de Abus

Com os urubus saudando os prédios, o asfalto pintado de sangue fascista sabor cereja

Sem reis para sentarem nas repúblicas

Nas fajutas cadeiras dos escolhidos com escolha

Poderei listar os líderes que caem, no entanto outros não

Daqueles ocupados em retirar dignidade de crianças

Nos poderosos casebres do centro da metrópole

Abram, abram as consciências !

A realidade pulsa sob nossos cadáveres

Culturalmente obesos de sapiência e sedentários de complacência

Ponhamos os corpos para bailar à melodia maldita de nossas pulsões

Rememorem os sessenta na guitarra elétrica

Deixem os bumbos da batera soarem quadrados nos acordes

E seremos frenéticos, ditos cabeludos, maconheiros, comunistas

Enquanto os próprios moralistas não perceberem as próprias cortinas

Sejamos adoradores do incêndio que está em nós

Pulsando, pulando, perpetrando

Nossa identidade flamejante alternativa

Colocada nas marmitas dos hipócritas para queimarem a língua

Enfie as bandeiras nacionais no rabo dos "entendidos da pátria"

Esses defensores de famílias reais irreais

Veja, escaldante mileide

As verdades se escondem nas erradas mentiras

E de perseguidas pelos algozes, escolheram cantar a nudez

Novecentas revoluções numa noite com diabruras

Revolução nove na parede da audição

Facção britânica de rebeldia enquanto escrevo o mundo aqui

O admirável mundo novo é aqui !

Caiam os céus em alegria,

Os infernos fechados na covardia,

E suas meditações satirizadas em comitivas

Portarias da existência se abrem

Nosso presente está ! Está vívido, companheiros !

Acordaremos do pesadelo dos fanáticos

Nem todos, talvez, e iremos viver

O mal combate não será lutado, e sim derrubado

Nos uniremos em quase dois para madrugar

Pois à manhã não será de ninguém além de todos !

Desamor em versoOnde histórias criam vida. Descubra agora