Capítulo 03

6 0 0
                                    


Talako passou a tarde aborrecido por ter deixado Kaya escapar e isso afetou seu desempenho no jogo. Ela, por outro lado, também não se sentiu bem. Deveria ter ouvido ao conselho dele de não ir para os dormitórios. Maldita teimosia.

— Vejam todos! — Um garoto gritou dentro do salão comum da Horned Serpent. — É a garota que fala com as cobras!

— Saúdem todos a Rainha das Serpentes! — Outro se empolgou.

Correu para o quarto e dali não pretendia sair nem mesmo para o jantar que seria em alguns minutos, se não estivesse enganada. Não somente isso, Kaya bloqueou a porta com feitiços. Ninguém mais entraria naquele quarto enquanto ela estivesse lá.

Silenciosa, a noite encobriu o céu do Mount Greylock e com ela, veio o cansaço. Havia sido um dia longo para a jovem Askook. Presenciou muito mais do que seus sentimentos poderiam transmitir. Bastou fechar os olhos para sua mente se encobrir de imagens.

— Tenho novidades para você. — Disse seu avô ao entrar em seu próprio quarto na ilha de Martha, onde estava sendo mantida desde que sua guarda passou a ser mantida por ele. — Professora Spellcaster me garantiu que sua vaga permanece, mesmo com os acontecimentos recentes.

— Eu não quero ir.

— Não perguntei se você gostaria de voltar. — Ele deu de ombros, pegando um dos porta-retratos em cima da cômoda. — Estou apenas te avisando que irá voltar.

— E se eu me recusar? — Questionou bravamente.

Ainda deitada no dormitório de Ilvermorny, deixou uma lágrima escorrer por seu rosto e molhar o travesseiro feito de penas. A cada dia que passava, ser forte tomava todas as suas forças. Se ao menos Finnick estivesse ali...

Doeu-lhe o peito pensar sobre o irmão. A preocupação com ele era assombrosa. Enfim entendia o que a mãe deveria ter sentido todos aqueles anos e se algo acontecesse, seria apenas sua culpa.

Quanto mais pensava sobre o assunto, pior se sentia. Um nó se formou em sua garganta. Queria gritar, extravasar aquele sentimento ruim. Tudo a sua volta parecia ter um clima ruim, como se um dementador estivesse a perseguindo por todos os lados.

— Askook, abra essa porta! — Alguém gritou a porta, fazendo seus pensamentos se dissiparem.

— Me deixem em paz! — Retrucou. Precisava de mais um tempo.

— Escuta aqui, princesa, você não é a única que dorme nesse quarto. — Uma outra pessoa parecia irritadíssima. — Eu juro que vou dar um bombarda nessa porta! Alguém faça essa menina abrir essa...

— Santa Morrigan! — Uma voz particularmente conhecida surgiu no meio da confusão. — Será que ninguém aqui tem um pingo de sensibilidade?

Houve silêncio.

Kaya acreditou que seus visitantes haviam finalmente desistido e iriam embora, mas os cochichos continuavam. Quanto tempo ainda teria antes de destruírem a porta? Não tinha ideia, mas gostaria de gritar até que o deus dos cristãos pudesse ter piedade de sua pobre alma pagã.

— Kaya, me desculpe pelo incomodo. — Pelo uso da palavra desculpe, logo teve certeza de quem era a voz conhecida que a pouco havia surgido. — É Malibu Hale, a garota que te entregou a varinha.

Não importava. Não pegaria na varinha para destrancar a porta.

— Eu sei que deve estar sendo difícil voltar, principalmente sem seu irmão...

— Vá embora! — Ordenou, tentando não se sufocar com o sentimento de preocupação que lhe assombrava.

— E-eu... Nós só... — Percebendo que havia tentado apaziguar as coisas do jeito errado, tentava inutilmente ajeitar as coisas.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jan 14, 2020 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

A Ordem da SerpenteWhere stories live. Discover now