Stay with me, My Blood.

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    Verão, Osaka.

Eu estava no auge dos meus quinze anos quando conheci Mello. O veterano misterioso da escola pública na qual eu havia meatriculado.
Eu era um nerd, usava meus moletons grandes com estampas de vários animes e jogos. Ninguém me via naquele grande ambiente escolar.
  Desde sempre fui quieto demais e talvez isso tenha feito com que eu não conseguisse me comunicar direito com as outras pessoas.

Um certo dia no refeitório dois garotos me fizeram cair no chão derrubando minha bandeija com lanche.
   Antes mesmo que eu pudesse levantar, percebi alguém vindo em minha direção e estendendo a mão.
  De relance vi uma camiseta preta dos sex pistols e uma calça jeans preta surrada. Cabelos que cobriam as orelhas e um all star.

E essa foi a primeira vez em que vi Mello e passei a observá-lo todos os dias até o meu segundo ano, quando ele saiu do colégio e nunca mais o vi. Bom, nunca mais havia o visto até o verão dos próximos dois anos.


Começamos a nos falar depois de um ano que eu vinha o observando no refeitorio e nos intervalos. Ele á princípio ficou incomodado mas logo começou a retribuir os olhares com pequenos sorrisos no lado direito da bochecha. E eu? desviava  morrendo de vergonha me escondendo no moletom de Pokémon.

  ☆

    Em uma tarde ele apenas chegou perto de mim e me deu um pendrive e se foi.
Quando cheguei e casa fui direto ao computador ver o que continha nele e foi então comecei a gostar de rock e punk.
E depois disso todos os dias ele me perguntava se eu havia gostado das músicas e eu sempre dizia que sim.

   No dia em que ele me comprou uma camiseta do Led Zepplin eu o beijei e havia sido o beijo.
O primeiro beijo, o beijo de todos os tempos.


   Ele trazia chocolates todos os dias. Me perguntava como ele ainda tinha uma aparência tão magra.
"é só vomitar tudo depois, como se faz quando fica bêbado"
Ele não foi uma criança muito saudável e nem um adolescente saudável e.... nem se tornou um adulto saudável.

   Quando ele me levou para viajar com os amigos foi incrível. Eu tive a minha primeira vez em um trailer bem retro no meio de um show de uma banda cover de rock.
Sim, foi muito bom.
E então quase sempre que ele ia na minha casa repetíamos.


     ☆
 


  Depois de meses nos beijando e transando eu finalmente disse que estava apaixonado.

"Mihael, acho que estou apaixonado"
Disse enquanto fazia carinho nas cicatrizes do seu braço.
Ele costumava se cortar por causa da opressão que sofria do padrasto  e a mãe alcoólatra.

Mihael nunca foi de demonstrar muito seus sentimentos. Principalmente se fosse algo tão importante como amor.
Mas eu realmente achava que ele me amava.

E talvez eu tenha achado errado.

Ele parou com o cafuné em meu cabelo e acendeu um cigarro logo se levantando do muro em que estávamos sentados.
Virou pra mim e disse:

–não ama, só acha que ama por que está carente.

Chutando as pedrinhas do local ele me deixou irritado com o comentário.

–Mihael, eu te amo.

Nervoso ele gritou comigo como se fosse culpa minha a sociedade ser homofóbica.

–Porra Matt não podemos. Caralho...

Ele jogou o cigarro no chão nem se importando em apagá-lo e se aproximou de mim. Estava chorando. Foi a primeira e última vez que vi o mesmo naquele estado.

Vendo que havia me magoado ele se aproximou e me deu um beijo.
O último até então.
E partiu com sua bicicleta sem freio para longe.

Eu nunca mais o vi.

                                ☆

N

o meio do meu segundo ano do ensino médio tive depressão.
A falta que Mello me fazia era enorme. O seu beijo, abraço e sua voz sussurrando kiss me faziam querer viver.
Mas essa sua falta me fazia querer morrer.

    Foi quando fumei pela primeira vez sem o mesmo. E então carreguei até hoje o vício.

Mihael quatro meses depois me mandou uma menssagem dizendo que estava em Tokyo trabalhando.
Trabalhando com algo um tanto perigoso mas que dava dinheiro.

Ele também disse que depois que conseguisse dinheiro o suficiente iria me buscar e poderíamos ficar juntos.

Mas naquele ponto eu já o odiava.
Egoísta? talvez, mas ele foi primeiro.
  Eu tinha dezesseis quando ele me deixou. Hoje em dia ele deve ter... uns vinte anos.
Ele foi cruel demais.

    Quando decidi finalmente o esquecer me tornei um alcoólatra também.
Saia de noite sem saber para onde ir e nem mesmo se ia voltar para casa.
Ficava com qualquer pessoa que passava em minha frente e, me drogava até cair no chão e ir dormir com o medo de não acordar mais.

Esse foi o estrago que Mihael causou em minha vida.


   ☆



Depois de ser internado por quase morrer de overdose, meus avós decidiram me colocar em um internato no centro do Japão.

Lá eu tinha uma chance de me tornar um adolescente normal de novo. E uma chance de esquecer todo aquele passado turbulento e as lembranças que tinha de Mihael.

Nesse internato eu conheci um grande amigo, Lawliet.
O garoto no qual me dava um pingo de esperança para conseguir amar alguém novamente.
Eu não sabia se daria certo já que ele estava tentando esquecer o garoto popular com sobrenome de Yagami mas... sabia que valia á pena tentar.

Mas também sabia que qualquer lembrança, sentimento e pensamento que me remetesse á Mihael poderia me fazer muito mal e tomar atitudes muito más pensadas.
Afinal, eu estava em Tokyo.

My Blood {Matt+Mello} Onde histórias criam vida. Descubra agora