Capítulo 4

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DEITADA SOBRE o túmulo de meu pai, desejei poder amaldiçoar os céus sobre a minha cabeça

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DEITADA SOBRE o túmulo de meu pai, desejei poder amaldiçoar os céus sobre a minha cabeça.

Não havia estrelas. Tudo estava tão nublado e tempestuoso como minha mente.

Eu não deveria me sentir mal por minha escolha. Eu havia protegido aquele povo, aquele trono, entregue minha espada e anos da minha vida. Eu apenas não queria sentar naquela cadeira que não me permitiria ver o mundo como era possível sendo apenas o que sempre fui.

Enquanto eles trabalharam para garantir a mim o direito de ser uma rainha eu lutei para adquirir o direito de ser eu mesma. O que havia de tão errado nisso?

Um grito distante roubou minha atenção.

Corri em sua direção, e quanto mais perto estava, maior era o som de desespero. Então, um crepitar.

Fogo se espalhava sobre as casas ao sul do palácio, onde encontrei homens com suas espadas desembainhadas em pleno combate.

— BASTARDO AO FOGO! — alguém gritou e a multidão urrava em aprovação.

Varri a multidão em busca de identificar a quem atacar, quando senti um puxão em meu braço.

— Eu poderia ter lhe enfiado a espada! — rosnei para minha sombra antes de dois homens virem em nossa direção.

No cantar do metal, homens caiam ao serem golpeados. No desespero dos gritos, pessoas eram arrancadas de suas casas. E foi então que um ponto úmido surgiu em meu ombro. Em seguida a fuligem no rosto do homem, que me protegia com a própria vida, fora manchada.

Olhei para os céus, que a poucos minutos eu desejava amaldiçoar, e ele estava nosso favor. Uma chuva forte desceu sobre toda a cidade. Larguei minha espada e fiz o possível para ajudar as pessoas que precisavam escapar do fogo em suas casas.

Os rebeldes foram parados. Mas, no que diz respeito aos estragos e ao caos, a luz do dia surgia no horizonte e ainda trabalhávamos para tirar as pessoas dos escombros.

— Hecrat mandou avisar que os seus já estão a caminho trazendo provisões. Mas já trouxemos os materiais que mandastes pegar das reservas do palácio — disse um soldado, não muito longe de mim.

— Mas eu não...

— Muito bem — fui interrompida, mesmo de forma não proposital, por meu irmão a menos de 10 passos de distância. — Não se esqueça de me avisar quando a encontrarem.

O soldado assentiu em resposta e partiu para onde quer que fosse.

Quando olhei para meu irmão, pude ver um homem imundo dos pés a cabeça, mas que mantinha a postura de um líder. Postura essa que se perdeu assim que seus olhos me encontraram. Seus ombros relaxaram de uma forma bastante visível quando uma expressão de alívio surgiu em seu rosto.

— Achou que eu havia fugido e lhe deixado com todos esses problemas para resolver sozinho? — perguntei-lhe, ao ser abraçada com força. — Ora. Não acha mesmo que sou tão covarde, acha?

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