Quando trabalhamos na área da saúde, precisamos gerenciar nossas emoções e agir com base na racionalidade, isso implica a uma série de situações que poderia discorrer neste texto, o fato é que isso não significa que estas não existam, pelo contrário, não é novidade que os trabalhadores desta classe apresentam um grande nível de stress pois vivem diariamente sob uma carga exaustiva e isso vai da ponta até o âmago, eu o comprovo no decorrer de alguns anos de serviço.
Hoje por exemplo mais uma vez (Já aconteceram algumas) eu tive que lidar com a perda de um paciente que eu "amava", por favor não estranhe a palavra amor estar entre aspas, em outro momento eu te explico isso.
A cada passo em que eu me aproximava da casa do Sr Antônio eu pedia a Deus que me ajudasse a ser firme e soubesse mais uma vez a agir com profissionalismo, que não fosse apanhada pelas minhas emoções (não tão bem gerenciadas assim), e assim eu entrei na casa dele, cumprimentei sua esposa idosa com início de Alzheimer, e seus familiares que me receberam com o mesmo carinho de sempre, e eu tratei de agir, mas enquanto preenchia papéis e passava informações, a minha alma não conseguia deixar de registrar que aquela sala era grande demais sem sua cadeira de embalo ao lado da esposa, e que a figura dela ali sozinha, parecia um chinelo sem o par, e que quando entrei foi tão estranho não ouvir seu cumprimento com seu sotaque interiorano, o gatinho continuava ali deitado na mesma cadeira de sempre... Então revivi no meu coração muitas das conversas que tive com aquele casal, da vez em que por exemplo, eles me contaram sobre seus mais de cinquenta anos juntos e riram porque eu com apenas seis de matrimônio, queria "tacar fogo no meu marido", gostaria muito poder digitar minhas emoções todas aqui... mas deixo as reticências porque acho que não encontrarei as palavras cabíveis para isto.
Sabe eu sei que ninguém da família do sr Antonio vai ler esse texto sobre ele, mas, não tem problema, o importante é que eu consegui passar as minhas emoções para cá. E em breve se Deus quiser, eu voltarei na casa do Sr Antônio e visitarei novamente sua esposa, e encontrarei a cena parecida com a de hoje, por fim acabarei por me acostumar com sua ausência, mas... Que saudade Sr Antônio.
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Primeiros Contos
Short StoryHá muito tempo li um livro chamado A bolsa amarela, e tinha uma menina chamada Raquel que dizia que suas vontades engordavam, principalmente a de escrever, logo me identifiquei com ela, porém somente agora resolvi deixar minha vontade de escrever fl...