Nascido nos mais altos montibus, vivo neste orfanato em meio a uma ilha,apenas observando os humanos eles parecem felizes,por este momento eu apenas posso observá-los mas isso não me trás magoa alguma, por algum motivo me sinto afortunado e sinto como se isso fosse o meu prestígio já que minhas origens são desconhecidas e não tenho pra onde ir,nem muito menos tenho de sair,tudo que tenho se tornou minha casa.
A noite chegou e estou com muita sede, por enquanto eu descanso e espero que todos durmam, eu poderia muito bem sair pela janela, mas não gostaria de acordar ninguém fazendo alvoroço então sou paciente.
As horas passaram-se e todos já estavam em seu sono profundo menos eu um garoto oportuno.
•°•Ele saía pelas portas com seus reflexos e quando menos se almejava ele já estava com seus pequenos e magrelos pés fora do edifício•°•
Eu sentia a brisa um pouco perversa pela primeira vez deste ano, eu sai daquele lugar um pouco satisfeito, mas nada como os sorrisos dos outros, eu acho deveras interessante o como parece que a pessoa em frente aos olhos destes seres é o seu oportuno assim como eu os vejo e me sinto gratificado por aqueles sorrisos.
Eu já estava distante e conseguia ver o lago que estava iniciando seu primeiro tênue congelado , mas ela era tão fina que se tornava transparente e eu conseguia ver as estrelas encostando-se a sua superfície, fiquei lá por talvez um longo momento mas eu comecei pela primeira vez em todas a noites que saía de lá a me sentir desconfortável, eu não tive escolha a não ser correr de volta, eu corria tão rápido que não conseguia ver meus pés depois de um bom momento correndo eu me cansei mas esse meu ultimo suspiro foi apenas quando cheguei a porta do orfanato, eu a abri bem devagar recuperando meu fôlego, até que pudesse chegar ao saguão principal.
Detenho eu que abrir as três portas e elas foram como a contagem regressiva para minha desgraça e dor,foi se a primeira porta,minha garganta engoliu seco,foi se a segunda porta,minha barriga ficou fria, foi se a terceira porta, meu coração e minha alma gritam.
Meus anos neste lugar,os sorrisos, a comida deliciosa da merendeira simpática e que me dava amor,o senhor que me confortava todas as tardes,tudo completamente em pedaços, por onde eu pisava os pés era como um fluir apenas de sangue.
Mas nada me bastou tanto quanto ver a minha amada em meio a correntes em uma parede de pedra com a cabeça em direção ao chão,e em seu peito rasgos fundos que conseguia ver seu coração que já não batia mais.
Eu a retirei com delicadeza, a coloquei em meu peito declinando meu rosto para unir nossas cabeças em gesto de afeição.
Não era assim que pretendia tocá-la,não era desta maneira que queria vê-la,NÃO ERA!
Minhas lagrimas quentes caiam sobre aquela pele que agora era gélida como o lago que em poucos momentos vi, eu já estou imundo com o sangue que jamais me pôs a acreditar que veria.
Havia chegado a hora a minha maldição se cumpriu.
Enquanto a mim, o encargo de lembrar e livrar minha família futura desta prática.
terei que cumprir o ritual até o ápice da lua no céu, que parece zombar de minha enfermidade na alma.Com tudo eu me levantei com a garota em meus braços me coloquei para fora do local e caminhei bem devagar para o campo de flores que havia bem distante mas que poderia ainda velo de longe.
Eu caminhava e a cada passo sentia a fera negra flamejar dentro de mim, em minha cabeça vinha as imagens da garota que estava em meus braços eu conseguia ouvir suas doces risadas pela manhã , a sua voz que era suave, e suas invenções que me acordavam pela noite com ranger de peças.
Quando finalmente coloquei a garota em meio ao campo florido que estávamos eu olhei para o edifício e ordenei que ele estivesse em chamas e como minhas lagrimas tudo se concretizou.
Enquanto observava o lugar em flamejo eu posicionava a garota ao meio das rosas negras que fiz nascer do chão a cobrindo por
Toda superfície de seu corpo menos o seu coração, eu retirei uma das rosas posicionando a cima do mesmo e perfurei com o ramo de espinhos da rosa, a lua chegou no seu ápice no céu eu já estava com minha sentença, e então surgiu em minhas costas asas de fogo que flamejava uma cor azulada e funesta e em minha boca o rugido de uma feroz besta ecoava e em minha pele o símbolo do meu reinado nasceu.