Terceiro

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- Corra, infeliz! - gritou um homem que, acompanhado de vários outros, perseguia Edward.

O garoto desceu da janela quase que como arremessado. Felizmente, sua queda não foi tão dolorosa igual os sentimentos que tinha naquele momento. Descobrira da pior forma o porquê do ódio recebido pela sua ex-mãe, que também não amava seu pai. Agora tinha dúvidas do amor dela pelos próprios filhos, mas talvez isso seja infundado. A única coisa que o dava forças para fugir era a vontade de seu pai.

De fato, toda a merda que envolvia sua vida era apagada pela presença do pai. Tudo que aprendeu veio dele, seja sua habilidade com espadas ou seu conhecimento, podendo dizer que, mesmo não sido filho legítimo, tinha herdado tudo aquilo. Agora, sem o pai, não tinha porque viver mais no lugar que te providenciou tamanho sofrimento. Correra para a floresta, mesmo sabendo dos perigos que lá existiam.

Os perseguidores tinham sido despistados, ou pararam de propósito, Edward não sabia. Na verdade fora a segunda opção.

***

A floresta de Farsey era perigosa, principalmente devido ao frio intenso que produzia pela noite, motivo pelo qual Edward parou de ser perseguido. Já passara das 8 da noite quando ele finalmente encontrou descanso, mas não ficaria assim por muito tempo. O frio que passou pela espinha do garoto o fez perder o sono, pondo-se a andar em busca de um local quente. Falhou.

Edward estava congelando de frio. Não tinha mais noção do tempo, mas imaginou que tinha passado uma hora desde que as águas dos riachos congelaram. Não conseguia mais andar, como saiu as pressas, não tinha se preparado para tal batalha contra os ventos gélidos. Desmaiou.

Por incrível que pareça, não morreu. Sentiu seu corpo ficando um pouco quente quando começara a acordar. Quando finalmente despertou, viu uma luz incrivelmente brilhante vinda de um lado da floresta, o que despertou sua curiosidade. Andar em direção a ela era fácil, cada passo deixava seu corpo mais confortável com a temperatura. No final, encontrou uma espécie de orbe brilhando num tom de branco gelo, seria isso a fonte de tudo?

- O que é isto? - perguntou o jovem, curioso, levantando a mão para tocar o objeto redondo que flutuava em sua frente.

Ao receber o toque de Edward, subitamente tudo se apagou. Não foi que tudo apagou de verdade, somente Edward viu assim, afinal, desmaiou mais uma vez.

- Acorde, criança! - foi dito por uma voz calma e suave.
- Onde estou? - perguntou Edward, assustado.
- Você está no meu local especial, não sei como conseguiu chegar aqui, acho que talvez seja um sinal... - Edward percebeu que era uma mulher vestida em azul.
- O que é você? Pode me responder? - perguntou ainda com medo.
- Sou o Espírito de gelo, estava em fuga quando perdi minhas energias, desde então, fiquei nessa floresta captando mana. No fim, acho que foi bom.
- Porque você fugiu? Espíritos não deveriam viver num local mágico e pacífico? - Edward, como sabe, herdou os conhecimentos do pai, que em vida estudou diversos assuntos, inclusive a morada dos espíritos, mesmo se tratando de uma lenda.
- Até que sim, mas acontecimentos passados mudaram essa situação... Sinto que não temos mais tempo. - disse o espírito. - Precisei de mais tempo do que pensei para captar toda minha mana de volta... E acho que isso deve ter sentenciado esse mundo à morte.
- Que diabos?! O que aconteceu? - desde criança ouvira histórias sobre espíritos de seu pai, tornando-os suas criaturas favoritas.
- Bom, parece que o espírito da escuridão se uniu à alguma raça maléfica deste mundo. Isso foi o suficiente para destruir todos os outros...
- Mas qualquer um pode entrar nessa sua casa? - interrompeu Edward
- Gurlo fez de uma dessas criaturas seu hospedeiro. Isso permitiu sua vinda à nossa dimensão. E pensando bem... - o espírito parecia ter tido uma ideia.

Os próximos momentos foram angustiantes, mas nada que Edward fosse capaz de suportar. Sarah, o espírito de gelo, aproveitando o momento, tornou o garoto seu hospedeiro.

- Por favor, aguente! Essa é a única forma de salvar a todos. - disse o espírito.

Edward acordou e sentiu uma tremenda dor de cabeça. Ainda era noite e a floresta estava "derretendo", a orbe que brilhava incessantemente tinha desaparecido. Ou será que não?










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