nosso primeiro beijo

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Como eu sei que vocês se interessam por detalhes vou lhes contar a história do nosso primeiro beijo.

Era uma quarta-feira, dia de matemática, macarrão cru e de muita chuva também.
E todos sabem da minha opinião sobre todas essas coisas, ainda mais com chuva.

E claro eu também estava todo molhado por que quebrei meu guarda-chuva pouco antes de chegar a escola.

Devido a todos os acontecimentos meu humor não estava dos melhores, deve ter sido isso que desencadeou tudo.

Mas pensando bem, valeu a pena ter discutido com o professor de matemática, ter esquecido o dinheiro do lanche e ter que passar fome aquele dia porque isso era melhor que comer aquele macarrão.

E é claro valeu a pena ter levantado da cama, mesmo com a chuva horrível:

— Ah, por favor — falei com o máximo de sarcasmo e ignorância que pude — Eu conheço sua reputação e não ´tô afim de ser o próximo.

— Eu já disse que não é assim — o maior dizia com cautela, porém em um tom mais alto pela chuva que caía, ele sabia que eu estava com raiva — Kookie, por favor — eu não poderia resistir a apelidos.

O que tinha acontecido? Bom eu não aguentava mais o jeito que as coisas eram, não entendia.

Agora nós eramos amigos, mas amigos que flertavam constantemente, ele pegava na minha bunda de vez em quando e eu gostava. Nós nunca tínhamos beijado, mesmo eu desejando muito, ainda tinha medo de ser só mais um pra ele, porque ainda haviam as centenas de pessoas que davam em cima dele, eu não era único e sabia. Eu o considerava muito e sempre imaginava coisas que não iriam acontecer.

E eu achei que já tinha me conformado em não ser especial, mas hoje de manhã no intervalo um aglomerado de ex-amantes – ou talvez atuais – se juntaram para novamente tentar ir pra cama com ele.

E esse seria apenas mais um típico dia em que eu ignorava isso, mas hoje no entanto, ele pegou na minha bunda na frente de todas aquelas pessoas:

Eu estava tentando botar meu guarda-chuva quebrado na lixeira que estava perto deles.

Problema? Eu não queria que me vissem com ele. Não queria que ele me tratasse como trata todo mundo, não na frente de todos, eu queria ser especial, mesmo que não fosse real.

E mesmo sabendo da minha situação com ele, eu tentava me iludir usando a imaginação pra ignorar coisas que eu não queria ver.

Mas naquele instante eu pirei, saí batendo o pé e muito, muito irritado.

Nem sei o por quê realmente, deveria ser a chuva que estranhamente sempre me deixa mais sensível.

Mesmo com o barulho forte da água caindo, eu escutei ele chamar meu nome, e uma parte de mim queria ter ido até ele, mas outra parte dizia que eu deveria voltar para casa.

— Eu mereço mais — me virei bruscamente botando o dedo no seu peito.

— Eu sei — levantou as mãos em rendimento — E eu quero te dar mais...por favor — usou as duas mãos com cuidado para pegar minha cintura — Kookie...

Seu cabelo e suas roupas estavam encharcadas, e eu não deveria estar diferente.

Eu congelei, queria me entregar pra ele, queria mesmo, mas estava com raiva e principalmente com medo.

— Responde por favor — insistia baixinho.

Eu no entanto, apenas abaixei a cabeça e fugi meu olhar do seu.

Meu olho encheu de lágrimas – eu sempre fui extremamente sensível–- eu não queria chorar e estava me segurando.

— Eu... — dei um longo suspiro — Eu não quero ter que esperar você se cansar dos outros pra depois vir atrás de mim, não quero mais ser sua última opção — soltei de uma vez e uma lágrima escorreu enquanto eu fazia a minha confissão.

Isso já estava a certo tempo dentro de mim, mas eu não poderia simplesmente falar para ele desistir de todo mundo pra ficar só comigo.

Na minha cabeça não fazia sentido.

— Você não é a última opção! O jeito que quero você é diferente dos outros, eu não quero só uma noite, eu quero mais... — disse em uma risada fraca — Eu quero fazer coisas bobas de namorados sabe? Eu quero só você.

Ele realmente parecia certo do que queria.

Meu ego se encheu por me sentir desejado, era uma experiência nova que eu estava gostando.

— Tem certeza que não vai se cansar de mim? — extremamente inseguro, não parecia real.

— Kookie — deu uma risada frouxa e me puxou para mais perto — Eu sou seu.

Depois de abrir e fechar a boca várias vezes procurando uma resposta, ele me olhou com aquele típico sorriso sarcástico.

Então uma mão sua foi para meu cabelo enquanto a outra ainda segurava a minha cintura.

E levou minha boca pra sua.

Pensei que fosse explodir, era como se todos os meus sonhos se realizasem em poucos segundos.

Então naquela quarta-feira aparentemente sem graça nenhuma, nublada e chuvosa, eu dei meu primeiro beijo em Taehyung.

Senti a língua dele deslisar sobre a minha em uma dança calma. Foi lento e carinhoso, ele apertava levemente em minha cintura com uma mão e com a outra mexia em meus cabelos.

Um completo clichê.

Foi o melhor beijo da minha vida, e quando nos separamos mesmo contra vontade, eu tinha perdido todo o ar.

— Se quebrar meu coração... — começei ainda sem fôlego — Eu quebro a sua cara.

— Não vai acontecer, mas eu deixo — susurrou rindo sem se afastar de mim.

— Eu vou poder te chamar de meu? — o maior perguntou

— Vai afastar outros e me deixar perto? — questionei na mesma moeda antes de realmente responder.

— Era o que eu estava fazendo — se afastou para que eu pudesse ver seu rosto enquando arqueava uma sobrancelha e eu me surpreendi. — Quando você vai entender que é único, e que eu sou completamente seu?

— Então eu sou seu também — agora, senti como se nunca estivesse mais feliz.

O abraçei forte sendo correspondido no mesmo instante,e mesmo com toda a chuva eu ouvi o coração dele bater rápido.

Não era um pedido de namoro oficial, mas eu senti como se fosse.

Mesmo com meu leve arrependimento de ter quebrado o guarda-chuva nada teria sido mais emocionante que um beijo na chuva.

Depois disso Tae me levou para casa, matamos aula aquele dia.

Eu tomei um banho e troquei de roupa. Ele me chamou para comer em um restaurante da cidade me jogando cantadas o dia inteiro, e eu como um bom idiota apaixonado que sou, amei todas elas.

Agora ele me buscava e levava todos os dias a escola e em casa. Andávamos de mãos dadas e eu pegava seu moletom quando estava frio, eu mandava mensagens idiotas no meio da noite e falávamos bobagens o tempo inteiro. Cheio de sorrisos fáceis, meios-abraços e beijos.

Eu tinha certeza que ele estava apaixonado e eu claramente sabia de minha situação.

Haviam partes em que eu duvidava e achava que não era real, que ele iria se cansar, mas quando ele olhava pra mim e dizia "Eu sou seu" eu voltava a certeza de que finalmente era único.

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