Nossas peças

nossa primeira briga

— Fecha a porta, a gente precisa conversar! — Esbravejei sem paciência. Eu não aguentava mais me estressar pela personalidade do Tae, mas era sempre a mesma coisa.

Geralmente quando eu percebo que estamos prestes a discutir nós paramos e tentamos nos acalmar. Graças a isso nunca tivemos uma grande briga, mas como era época de provas minha paciência não estava das melhores.

Então depois das aulas fomos pra minha casa. Entramos no meu quarto, a casa estava vazia, mesmo assim quanto mais privacidade melhor.

Ele fechou a porta e revirou os olhos, rapidamente se lembrou o motivo da nossa discussão.

Taehyung tinha ido a mais uma daquelas festas de colegial, onde ao meu ver apenas pessoas em busca de sexo fácil vão.

Além de que haviam boatos de que ele tinha ficado com metade da festa, e quando eu fui tirar satisfação com ele, a reação dele não ajudou a me acalmar.

— Eu não acredito que você foi, e não me contou que ia — tinha esse porém também.

— Se eu te contasse que diferença iria fazer?— Olhei desacreditado pra ele, de todos os argumentos que Tae poderia ter, esse foi o pior.

— A diferença é que agora nós estamos juntos, não pode mais fazer essas coisas! — Me referi a ir a um local onde todos seus ex-ficantes estavam. Ele sabia do que eu estava falando.

— Olha... eu não sei o que você acha que eu fiz lá, — começou falando em um tom de voz que só conseguiu me deixar mais irritado, então eu fiquei de costas pra ele. — Sério isso? — Eu não precisei virar para entender que ele estava bravo, assim como eu.

— Não da pra falar com você desse jeito, — meu coração apertou. — Eu vou embora!

— Não se atreva a me deixar. — Por mais bravo que eu esteja, sei que o amo, e jamais o deixaria ir assim, tão facilmente.

— Eu acho que temos que dar um tempo! — Soltou em um suspiro, como se fosse a nossa única solução.

— Se você for embora agora, não precisa mais voltar! — Me virei bruscamente e olhei fundo em seus olhos, eu me arrependi no momento em que falei isso. Talvez tenha sido uma reação exagerada, mas meu orgulho falou mais alto.

— Não quero que a gente brigue, mas você tá muito estressado, e isso não vai ser bom pra nenhum de nós. — Ele explicou calmo.

— Eu preciso de você — soltei baixinho. E de repende toda aquela raiva foi embora ao me imaginar longe de Taehyung. Meus olhos marejaram e funguei tentando controlar meu choro em sua frente.

— Ei, não precisa chorar, — ele se aproximou com toda a calma do mundo. — Eu odeio quando você chora.

— Você pode segurar a minha mão? Eu 'tô nervoso. — Senti minhas mãos fracas fora do meu controle.

Taehyung segurou firme minhas mãos com sua canhota, me puxando para um abraço com seu braço livre.

As vezes eu ficava nervoso, chorava e tremia. Tae sabia disso e sempre era carinhoso comigo quando isso acontecia, ele sempre me entendeu muito bem, e tem muita paciência comigo mesmo quando me irrito com coisas aparentemente bobas.

— Eu só... — Taehyung começou a falar mas sua frase morreu na metade, ele ficou um tempo em silêncio acariciando os cabelos da minha nuca com a ponta dos dedos. — Me desculpa, eu não deveria ir a uma festa e não te contar.

— Tudo bem. Eu deveria confiar mais em você, me desculpa também.

Para a minha sorte, Taehyung consumava abrir mão do seu lado e pedir desculpas por seus erros – até mesmo quando não tinha culpa de nada – apenas para me tranquilizar e acabar logo com a discussão.

Ele beijou o topo da minha cabeça, e eu apenas fechei os olhos e suspirei.

— Não liga 'pras coisas que eles dizem, — me apertou mais em seu abraço. — Você é único e eu te amo muito mesmo.

Me afastei um pouco do seu abraço apenas para olhar em seus olhos.

— Eu te amo. — É intenso e é recíproco.

Ele curvou o canto da boca em um sorriso aliviado, me puxando para um beijo de verdade.

— Podíamos tomar café agora, o que acha? — Eu ri. Ainda me recuperando do beijo, sentindo minhas bochechas queimando. — Eu tenho uma prova pra fazer no computador, você pode ficar sentado no meu colo até eu terminar, hum?

Essa era uma proposta irrecusável ao meu ver. O colo de Taehyung é meu porto seguro, onde eu posso respirar e colocar os pensamentos em ordem porque sei que estou seguro ao seu lado. E ele sabe que eu amo esse simples ato, que me faz arrepiar dos pés à cabeça.

— Merda! Eu to muito apaixonado.

No fim de tudo sempre terminava assim. Havia sido nossa primeira discussão onde senti que tinha uma chance de o perder.

Um sentimento que eu com certeza não quero sentir nunca mais.