Capítulo 1 ※

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O sol se ergueu lentamente, sua luz se esgueirando pelo horizonte e pelas dunas de areia até que enfim tocou as grandes muralhas da cidade de Agrabah e o radiante mar azul mais além. Inundada pela luz da manhã, a cidade parecia cintilar em ouro, seus fabulosos bazares e ruas ganhando vida.

No mercado, os vendedores abriam suas barracas, enchendo caixas com frutas e vegetais reluzentes, sedas, cetins e outros tesouros exóticos que negociariam e venderiam quando o mercado abrisse. Músicos carregando instrumentos tomavam seus lugares por todo o mercado, à sombra do grande palácio que pairava sobre a cidade inteira. Logo eles preencheriam as ruas com sons agradáveis e, quando o dia se transformasse em noite, trariam os cidadãos para se perderem nas danças e transes da noite das Arábias. Era um lugar mágico, onde tudo parecia possível e as ruas estavam repletas de aventura.

Mas não era um lugar fácil para ganhar a vida. Não para aqueles que chamavam as ruas de lar. Se por um lado o palácio de Agrabah refletia as riquezas da região, as ruas refletiam sua realidade. Para sobreviver, você

tinha de ser rápido – tanto com os pés quanto com a inteligência.

 Lauren olhou para o mercado. O movimento estava crescendo rápido, à medida que criados, mercadores e moradores da cidade começavam a cuidar de seus negócios diários, pechinchando preços, procurando pelas frutas mais frescas ou por uma seda especial. Meia dúzia de línguas diferentes permeavam o ar, criando uma sinfonia que era estranhamente reconfortante.

Lauren conhecia os sons, as pessoas e o alvoroço do mercado como a palma da sua mão. Agrabah fora seu lar todos os dias de seus vinte anos de idade. Tendo nascido uma pivete, permanecera uma pivete; os corredores, as barracas e as vielas foram seu quintal, sua escola. O mercado era onde tinha aperfeiçoado suas habilidades de “pegar emprestado” o que precisava, quando precisava. 

Ela sabia que a maioria daqueles que viviam como ela tinha perdido a esperança havia muito tempo. Eles estavam resignados com uma vida baseada na mera sobrevivência. Mas Lauren não.Ela olhava para o Palácio, com um olhar de esperança. Ela sabia que seria alguém especial, ela apenas sabia.

Balançando a cabeça, Lauren começou a perambular pelo mercado. Agora não era hora de se perder em devaneios. Como o ronco de seu estômago a lembrava agora, havia se passado um dia inteiro desde que comera alguma coisa e ele estava com vontade de algo doce. Uma romã, ou talvez um pão doce condimentado da barraca de Saja. Ela sempre fazia os melhores doces. Só de pensar nisso, ficara com água na boca. Caminhando naquela direção, ela continuou planejando seu dia. Naquela manhã, ele se dirigiria às docas a fim de verque mercadorias novas haviam chegado a Agrabah com a maré da alvorada. Elas acabariam no mercado no dia seguinte, e qualquer pivete que se prezasse tinha em mente que era melhor saber o que procurar – antes que alguém mais pusesse as mãos.

Em seu ombro, seu melhor amigo, um macaco chamado Abu, guinchados Assentindo distraidamente em resposta quando o macaco soltou uma sequência estridente de barulhos, Lauren quase esbarrou em uma mulher.

Assustada, ela deu um passo para trás. Mas então um grande sorriso tomou seu rosto quando ela reparou na brilhante – e claramente muito cara – joia em seu pescoço.

– Qual é o nome do seu macaco? – perguntou a mulher.

– Abu – disse Lauren. Em resposta, Abu apontou para o pequeno barrete turco que usava na cabeça e pulou apressadamente do ombro de Lauren para o braço da mulher.

A mulher soltou uma risada de satisfação.

– Ele é um macaco adorável – disse ela, arrulhando para Abu enquanto ele se enrodilhava nos ombros dela.

Lauren lançou um olhar para o macaco. Abu assentiu e continuou a fazer suas macaquices cada vez mais rápido. Então, voltando sua atenção para a mulher, Lauren apontou com o queixo para o seu pescoço.

– E esse é um adorável colar – enfatizou.

Levando a mão até a garganta, a mulher tocou a joia brilhante pendurada pela grossa corrente em volta do pescoço. Os olhos de Lauren seguiram seus dedos, mas seus ouvidos ficaram atentos aos ruídos ao seu redor.
Ela vivia nas ruas tempo o bastante para saber quando estava sendo enganado. E mulheres belas e sedutoras não se aproximavam de jovens pivetes sem alguma intenção – e geralmente não era uma boa intenção. Como era de se esperar, ela ouviu um farfalhar e então sentiu um discreto puxão na bolsa quecarregava por cima do ombro.

Rápido como uma piscadela, Lauren estendeu a mão por cima do ombro, agarrando uma mão fina e macia bem quando ela estava prestes a alcançar sua bolsa. Puxando a mão para a frente, viu-se cara a cara com outra jovem, obviamente a cúmplice. Ele conhecia esse número. Distraia e surrupie.

– Olá – saudou ela, lançando um de seus mais charmosos sorrisos, queiluminou o seu rosto e o deixou ainda mais bonito. 

– Acho que isso pertence a mim. Você devia ter tentado o bolso, mas teve de ir atrás da bolsa.

Ganância… Ela vai fazer você ser pega toda vez. A mulher que inicialmente captara a atenção de Lauren deu de ombros.

– Não tinha nada mesmo que valesse a pena roubar – disse. Virando-se, as duas se retiraram, esgueirando-se por entre a multidão do mercado. Lauren podia ouvi-las resmungar e sabia que já estavam procurando pelo próximo alvo.

Afinal de contas, era o que ele estaria fazendo. Com rapidez, Lauren subiu pela parede áspera de um prédio próximo, saltou para o telhado e esperou que Abu se juntasse a ele.

– Como nos saímos? – perguntou ao macaco.

Em resposta, Abu correu para o ombro de Lauren e estendeu sua mãozinha. Dentro dela estava o colar que a mulher usava.

– Bom macaquinho – elogiou-o Lauren, satisfeita.

Ela sabia que aparentava ser presa fácil para um golpe. Era tudo menos isso. Levantando o colar para que refletisse o sol e brilhasse intensamente, Lauren sorriu ainda mais. E agora ela era uma pivete que estava muito mais rico.

Agrabah - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora