Capítulo 3 ※

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Enquanto Lauren corria pelas ruas, ergueu um punho triunfante no ar. Essa tinha sido por pouco – ou pelo menos mais arriscada do que ela se atreveria a tentar. Mas ela geralmente agia sozinha durante um golpe. No máximo, tinha Abu, e Abu era quase uma extensão dele mesmo. Nunca antes tivera de enganar Jamal com uma estranha criada a tiracolo. Bem, não apenas a tiracolo; estava mais para um empecilho. Contudo, ele conseguira mesmo assim. Seu sorriso se alargou quando pensou na expressão de incredulidadede Jamal ao ver que o bracelete havia sumido.
As passadas de Lauren foram diminuindo de velocidade conforme ela virou no beco e viu a criada à sua espera. Ela não estava pensando quando se colocou entre ela e Jamal. Tinha meio que apenas… acontecido. Embora não tivesse visto claramente o rosto da garota escondido sob o manto, viu suas mãos tremerem diante do som da voz irritada de Jamal e sentiu-se na obrigação de ajudar. Era evidente que ela não estava acostumada com o mercado ou com as crianças cujo trabalho era mendigar migalhas das barracas. Mas, apesar disso, permaneceu controlada durante a coisa toda, as costas eretas, a cabeça erguida. E em nenhum momento tentou dedurar as crianças. Ela os deixara partir com o pão, mesmo à custa de seu bracelete. Era raro alguém ser gentil com as crianças que faziam das ruas seus lares, e uma parte de Lauren se perguntava como teria sido se alguém tivesse feito isso por ela. Pareceu-lhe errado dar as costas à garota – além disso, ela gostava de uma boa perseguição. Isso o mantinha em forma.

O manto escorregou da cabeça da garota, revelando seu rosto. A criada era de longe a mulher mais linda que já vira. Seus cabelos longos e escuros derramavam-se pelos ombros e costas em ondas grossas. Seus olhos eram de um castanho intenso, e sua pele parecia brilhar de dentro. Desviando sua atenção da visão diante da mulher, Lauren ouviu os guardas se aproximando. Elas tinham de sair dali. Estendendo o braço, ela agarrou a mãodela e começou a caminhar com rapidez pelo beco.

– Eu não estava furtando, só para esclarecer – disse a garota, um pouco sem fôlego. – Aquelas crianças estavam com fome e ele tinha pão, então eu simplesmente…

– Isso se chama furto – Lauren ressaltou, interrompendo-a. – E, se eles aapanharem, você vai passar as próximas três semanas no tronco! – Quando eles irromperam do beco e saíram em uma das muitas praças menores que salpicavam Agrabah, Lauren acenou em direção a um homem cuja cabeça e cujos braços estavam presos entre duas pranchas de madeira rústica. – Como está indo aí, Omar?

A jovem ficou pálida ao ver Omar. Lauren ficou genuinamente surpresa.
Ela parecia muito protegida das duras realidades da vida nas ruas de Agrabah. E o bracelete? Que serva estaria usando uma peça tão cara – em especial no mercado? Algo não estava batendo, mas ele não conseguia dizer com precisão o que era. Por enquanto, pelo menos. Como se estivesse ciente dos pensamentos dela, a garota perguntou:

– Estamos muito enrascados? – A ingenuidade de sua pergunta fez as suspeitas de Lauren aumentarem.

– Você só está enrascada se for apanhada! – Lauren respondeu com ironia. Então, enquanto os gritos dos guardas ecoavam atrás delas, e antes que a garota pudesse murmurar uma palavra de protesto, Lauren agarrou a mão dela e começou a correr.

Ela tinha estado um passo à frente dos guardas sua vida toda. Era o que ela tinha de fazer. Assim como as crianças para as quais a garota dera pão, ela ficara em filas, esperando por doações. Ela furtara, não porque gostasse, mas porque não podia se dar ao luxo de não furtar. Sabia que a lógica era complicada e que as pessoas argumentariam que havia outras maneiras de ganhar a vida em Agrabah, mas ela não se importava – geralmente. Sempre parecia fazer dar certo. Outros, infelizmente, não tinham tanta sorte e, embora tentasse compartilhar seus ganhos com aqueles que necessitavam, desejava poder fazer mais para ajudar.

Como aquela criada havia feito com as crianças e o pão. Ao subir apressado um lance de escadas, depois descendo outro, Lauren deteve-se diante da abertura de um túnel que usara como via de fuga no passado. Olhou com agilidade para trás. A criada fazia o possível para acompanhar, mas ainda estava com dificuldades. Um túnel longo e escuro provavelmente apenas os atrasaria. E a regra número um ao correr era jamais diminuir a velocidade. Na verdade, essa também era a regra número dois e a número três. Pensando rápido, Lauren bateu em uma porta enquanto passavam correndo por ela. Pouco depois, alguém a abriu. Houve um forte estrondo seguido por uma série de resmungos, já que os guardas se chocaram direto contra a porta e foram ao chão.

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⏰ Última atualização: Jan 28, 2020 ⏰

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