Cena do crime

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A menina a princípio pouco falava. A comunicação entre ela, Luíza e os demais profissionais apenas se resumia em gestos, acompanhadas ou não de frases curtas. Ora se encontrava apática, e em outros momentos se encontrava soluçando em choros constantes. Contudo, sempre comia pouco. Tanto que nas primeiras semanas era perceptível o declínio de sua massa corporal. Muitas vezes vomitava logo após as refeições, porém isso era um efeito esperado do seu tratamento desintoxicológico. Segundo o que constava os exames médicos, em sua corrente sanguínea havia altos teores de uma substância de coloração negra, cuja composição era desconhecida. Os médicos tinham quase certeza de que tal substância de alguma forma, era a causa do estado crítico da criança.

Os pais da menina eram usuários de drogas, o conselho tutelar retirou a guarda da mãe após ela ser acusada pelo assassinato do marido e de drogar a filha. Os vizinhos diziam que Rhaiany, apesar da família conturbada, era calma e brincava com as crianças do bairro onde morava, porém com a morte do pai e a prisão da mãe, a criança naturalmente passou a apresentar os comportamentos que os profissionais do hospital já estavam presenciando. Todos chegaram na conclusão de que se tratava de um intenso trauma decorrente do trágico acontecimento.

Semanas foram se passando, e aos poucos a Luíza foi conseguindo interagir com a Rhaiany. Os peritos que investigavam sobre o crime que ocorrera em sua casa, esperavam há vários dias pela recuperação da menina. Suas informações poderiam ser úteis para o prosseguimento da investigação, que ainda apresentavam algumas lacunas. Havia um conflito entre o empírico e a intuição mais obvia que sobrevoava a força policial e a vizinhança. As pistas distanciavam da ideia da mãe de Rhaiany estar associada com o assassinato do pai. A força policial desconfiava da participação de um possível cúmplice ou amante no crime, mas até o momento o caso parecia longe de ser solucionado. A mulher havia fugido de casa no momento em que a vizinhança acionou a polícia, fator que dificultava o trabalho dos peritos.

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