CAPÍTULO 1 * NOITE DE CHUVA *

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Senti o vento frio e os pingos gelados da chuva logo que sai da loja.

- Cuidado com a chuva Henry e tenta não se molhar - diz Sarah de dentro da loja.

- Ok - respondo a ela - Por que você não vem comigo?

- Vou deixar ela em casa - diz Jorge o dono da loja - Quer carona? - Ele pergunta envolvendo o braço na cintura dela - acho que não -

- Pelo jeito vocês dois vão querer privacidade - digo abrindo o guarda-chuva - Prefiro pegar um resfriado - saio da loja e sigo pela rua escura e vazia.

A chuva estava ficando forte. O vento me deixava com mais frio. A jaqueta nao me aquece o bastante.

Dobro a esquina e vejo a rua longa

- Vou chegar encharcado em casa - olho pra viela escura que diminui meu caminho. - Não vai me fazer mal algum se eu cortar caminho - falo pra mim mesmo

A viela é escura e estreita. Não passa carro nenhum ali, uma moto e uma bicicleta só passa com esforço. Somente os traficantes e os consumidores ficam ali. Mas acho que a chuva forte e o frio iria espantar eles dali.

Olho ao redor. Fecho meu guarda chuva e começo a correr viela a dentro. Não queria chegar todo molhado em casa.

Quando chegar em casa ia tomar um banho. Esquentar leite e tomar um achocolatado com biscoitos amanteigados debaixo do cobertor e assistir um filme de terror como sempre fiz em dias chuvosos.

Paro de correr e olho bem a frente, um vulto de dois homens parados me assusta.

- Olha só quem está aqui! - diz um deles com a voz que eu reconhecia

- O que você quer André?

- Nada primo! Você nem me viu aqui! - responde ele

- Já avisei pra você parar com isso - digo me aproximando dele -  Quem é esse? - Pergunto olhando pro garoto que não vejo o rosto por causa da escuridão.

André olha pra tras e sorri

- Depois eu que uso drogas - ele passa por mim e o garoto para de frente pra mim

- Sua noite será agitada garoto - o garoto diz pra mim se aproximando muito de mim - Se eu fosse você rezava pra todos os anjos te proteger e libertar você da dor que você vai sentir.

- Você é louco? - olho pra trás e vejo que André já saiu da viela. - Escuta.. - o garoto sumiu - pra onde ele foi?

Na saida da viela consigo ver minha casa. A chuva agora está pior. Meu guarda-chuva agora está com dificuldades de abrir. Ouço um barulho vindo de dentro da viela escura. Olho pra dentro dela e vejo duas pessoas paradas. Sinto um arrepio no corpo todo. Olho pra minha casa.

- Se eu entrar lá eles vão marcar a casa e ficar me vigiando - falo pra mim mesmo - vou subir ao invés de descer

Jogo o guarda-chuva no chão e ando pela chuva. Olho pra trás e vejo os dois homens me seguir.

- Ei garotinho espere! - Grita um deles

- Vamos só pedir uma informação - zomba o outro

Começo a correr e viro a rua, agora estou na avenida onde trabalho. Corro até a loja. Mas ela está fechada. Dou a volta no quarteirão e paro de frente a viela. Os homens ainda me seguem.

Eles estão calmos. Enquanto eu corria eles continuavam a andar. Parado na frente daquela viela eu decido entrar nela.

- André? André? - Grito com esperanças de encontrar meu primo.

Sem resultado.

Começo a correr. Algo segura meus pés. E eu caio. Me levanto e continuo o correr.

  Olho pra trás e vejo somente um dos homens. Olho mais a fundo.

- Procurando por mim - diz o.segundo homem na minha frente

- O que você quer? - pergunto me afastando

- Ta escutando ai Naldo?

- Betinho, mostra a ele o que nós queremos.

  Sinto algo nas minhas costas. Era uma arma.

- Passa toda a sua grana. - Betinho me pede me cutucando com a arma.

- Ok. Pegue tá tudo ai! - entrego a mochila e a carteira

-  a jaqueta! Passa a Jaqueta - ordena Naldo atras de mim - estou com frio

- E os sapatos, e a calça - pede Betinho.

-  Você ta zuando com ele não é mesmo imbecil - Naldo começa a rir.

- Temos que brincar!

- Posso ir? - pergunto segurando o choro que está preso em minha garganta.

- Não. Ainda vamos brincar - Responde Naldo - Tire a camiseta e volte pro começo da viela.

- Está chovendo - nego - Estou com frio

- Quero que você se lasque. - Naldo me da um tapa na cabeça -  Anda moleque está chovendo e to com frio

Minha mente estava bagunçada. Corre. Grita. Chore. Bate. Chute. Corre. Reage. Bate. Chore. Grite Tudo ao mesmo tempo.

- Anda - gritou Betinho.

- Não! - Empurrando Naldo começo a correr pela viela.

Corro de volta pra avenida. Corro o mais rápido que posso. Agora o choro começa a descer pelos meus olhos. Minhas lagrimas se confundem com a chuva.

Corro. Corro. Ouço o barulho. O som da minha morte. Uma dor forte na parte de tras da minha cabeça. Um pouco pra cima da nuca.

Algo queimando na parte de tras. Algo atravesando. Sinto minha testa começar a doer. Caio no chão de joelhos. Vejo tudo ficar embaçado. Sinto cheiro de sangue. Sinto cheiro.do meu sangue. Estou morrendo? Será que levei um tiro?

Fecho meus olhos. Abro os olhos. Tem alguem agaichado na minha frente. É um homem vestido de camiseta azul e calça jeans escura. Ele está chorando? Seus olhos são violeta

- Deus? - pergunto a ele

- Feche os olhos Henry - ele pede

- Quem é você? - pergunto a ele - como sabe meu nome?

- Somente feche seus olhos. Eu estou aqui. - Ele diz colocando a mão na minha testa.

Sinto algo mexer na minha cabeça. Por dentro da minha cabeça. A dor é insuportável. A dor me deixa tonto demais. Começo a fechar os olhos.

- Pronto. Abra os olhos - ele pede.

Vejo o garoro. Cerca de 17 anos. Alto. Branco. Seus olhos tem faiscas violeta.

- Me chamo Ralph. E acabei de salvar sua vida. Mas isso não acabou. - Ele me puxa do chão e aponta para algo que está atrás de mim - aqueles são os demônios que querem te matar agora.

  Coloco a mão na testa e não sinto nada. Nenhum buraco. Nada. Viro e olho pra algo que me deixa assustado.

- O que é aquilo?

- Se eu contar agora você vai me chamar de louco.

- Conte

- Aquilo se chama Demônio. E eles precisam matar você....

WHIPERS * ANJOS DAS TREVAS *Onde histórias criam vida. Descubra agora