CAPÍTULO 8 ** DESPEDIDA

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O fogo se espalha rápido por meu corpo. Sinto o fogo. Me queima. Sinto a água gelada. Risadas altas de Robert Betinho e Naldo. O choque.  Minha cabeça doe.

- Vaia dizer onde fica o portal - Robert pergunta se apoiando na madeira na minha perna. Sinto ela se mexer por dentro da minha perna.

- Me mate logo! - peço

- Não. Eu quero ver você sofrer antes. Quero ver você implorar por misericórdia. - Ele responde.

Naldo e Betinho saem do bar.

- Por que está fazendo isso? Por que eu?

- Não é nada pessoal. Só que você é amigo de Anjos. Deve saber onde está. - Ele olha pra mim e sorri - vou tirar a maedeira das suas pernas. Mas queria ver você sofrendo antes.

Ele empurra a madeira. Sinto ela atravessar. Mordo os lábios para não gritar de dor. A essa altura não tenho nem lágrimas.

  A primeira luz do dia aparece. E incomoda Robert

- Mais que droga. Só por que eu queria matar ele. - Ele fica nervoso e puxa as duas madeiras com força. - Pronto. Você tem 12 horas pra sumir de minha vista.

  Ele sai pela porta do bar e do lado de fora vejo Naldo e Betinho se unir a ele.

- Preciso de ajuda. Quem pode me ajudar? - olho pra rua e um carro para.

Um casal está vindo rápido. Eles correrm e entram no bar. A mulher tem cabelos pretos e olhos puxados. O homem sorri ao me ver.

- Não pode sair sozinho - ele dkz

- Quem são vocês? - pergunto

- Somos Anjos. - a mulher responde - me chamo Jessica e ele é Jhon. Ouvi meu pai falar muito sobre você.

- Seu pai?

- Sim. Sou filha do Jorge - ela me desamarra - seu patrão.

- Isso vai doer um pouco. - Jhon tirou uma garrafa de dentro de sua mochila. - Feche os olhos.

A dor começou lenta. Conforme ia descendo da cabeça aos pés. Ia aumentando o nivel da dor. A pior parte foi a coxa. O buraco.

O líquido entrou no buraco e começou a queimar. Choro. Sinto Jessica me segurar. Jhon fecha os olhos.

- Sinto muito garoto - ele diz

- Da pra aguentar - digo a ele.

Não da pra mentir. Sinto a pior dor do mundo. Ossos se mexem. Pele juntando, se esticando. Repuxando. Minha pele queimando. Fecho meus olhos. O silêncio. O escuro.

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- Você está mudado? - ele diz pra mim

- Por que está escuro aqui? - Pergunto a ele

As luzes se acendem. Tudo se ilumina. Vejo ele sentado no chão. Sorrindo. Olhos violeta. Um brilho nos olhos. Ralph

- Senta aqui - ele bate a mão no chão pedindo pra sentar àfrente dele - Você precisa saber de uma coisa - ele para - Antes de acordar.

- O que foi? - pergunto me sentando no chão - Quando você volta?

- Eu vi tudo o que aconteceu com você e sinto muito por não poder te ajudar. - Ele me olha nos olhos - Queria muito poder voltar e ficar.com meu amigo humano

- E por que não volta?

- Eu to cuidando de uma situação que criaram pra mim - ele abaixa a cabeça

- Robert?

- Sim - ele está tão diferente - Aquela noite que te conheci - ele se levanta - Eu cuidava de uma idosa enquanto ela voltava da missa.

- E o que tem? - pergunto olhando pra ele.

- Quando vi você naquela situação deixei de guiar ela. - Ele vira de costas. - Depois que você desmaiou. Os demônios nos abandonou jogados na rua.

Do jeito que conheço ele. Neste exato momento ele está chorando. Virou de costas pra mim pra eu não ver ele chorar.

- Ela foi atropelada por Robert enquanto ele fugia.

- De carro? - me levanto - Ele é um demônio. Não precisa de carro.

- Quem disse? - ele vira e limpa os olhos - Robert é humano comandado por Anjos das Trevas.

  Robert era humano. A mesma dor que sinto. Ele também sente.

- E o que ele fez que prejudicou? - pergunt

- Matou a mulher e levou ela até o Inferno. - Ele fica em silêncio - Quando Jorge me mostrou ela lá embaixo eu senti noje de mim

- Mas não foi culpa sua Ralph - digo segurando a mão dele - Cara você me salvou eu agradeço por isso. Mas você não pode ser culpado pela morte de uma velha que beirava a morte - ele sorri - ela ia morrer logo logo você não pode se culpar

- Você me faz falta. - Ele me abraça

- Agora vamos! - puxo ele. - Vamos embora pra casa

- Não posso. - Ele se solta de mim

- Mas vai voltar quando? - pergunto a ele.

- Preciso olhar outra pessoa. - Ele abaixa a cabeça - Jhon e Jessica vão ser seus Anjos da Guarda provisórios. Até Jorge colocar outro em meu lugar

- Quer dizer então que por causa da veia que o desgraçado do Robert matou. Você não é mais o meu Anjo da Guarda? - me seguro agora pra não chorar

- É isso ai! - ele vira de costas - Isso é um Adeus.

- Não - empurro ele - você é fraco. E não vai me deixar fraco também. - Abaixo a cabeça e deixo a lágrima cair

- Sinto muito. - Ele está olhando pra trás e balança a mão dizendo adeus

Sarah.Jorge. Júnior. Sônia. Diego. Jessica. Jhon. Diego. Todos parados e espalhados pela loja.

- Adeus Henry!

Ralph desaparece no vento. Deixando uma brisa tocar meu rosto. Sinto uma mão me tocar

- Me larga. Não quero piedade de vocês. - Empurro Jessica

- Olha aqui! - Ela me segura pelo braço - Você tá com raiva. E não vai começar a descontar em ninguém daqui.

- Henry ele está em missão - explica Jorge

  Fico em silêncio e vejo Jessica me soltar e sair da minha frente.

- Vá descansar um pouco - ela diz - Sara e Júnior vão com você

- E eu vou junto - diz Diego.

- Pra quê? Pra certificar que não vou me matar - pergunto olhando pra todos. Que agora estão em silêncio - E novamente, mentiram pra mim.

- Não mentimos. Só não era o momento certo pra contar - disse Sarah.

- Momento certo? Qual vai ser o momento certo? - pergunto - André sumiu! Pedro levou Camille! Minha mãe se droga no quarto pra poder dormir. E o cara que eu confiei. - Paro - Vão todos pro inferno com essa droga de Anjos. Com esses Demônios. E o Robert. Eu mato ele

- Você está descontrolado Henry! - Diz Sônia se aproximando de mim

- Fica aí - ordeno a ela - Não chega nem perto de mim

- Por quê? - Ela tira os óculos - o que eu fiz pra você?

Em silêncio vou até a porta e me assusto com um homem. Alto. Cerca de um metro e setenta. Olhos castanhos. Pele branca. Cerca de 23 anos.

- Oi! - Ele diz - Você é o Henry?

- Sim - respondo seco - Por quê?

- Eu te vi naquela noite! Você na chuva. Estava com os homens que mataram minha avó

- Quem é voce? - pergunta Sônia

- Me chamo Otávio Lacerda - ele estende um cartão a mim - Tenente Lacerda.

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