Deve ter sido amor

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Mesmo com o inverno assolando a vila, as festividades do solstício não foram interrompidas. Taesol até mesmo quis adiá-las um pouco, mas os lobos da alcateia ansiavam sempre por essa época do ano, e como estava sendo pressionado pelas cabeças de famílias influentes em Torin, resolveu acatar e continuar com os arranjos e preparativos.

– No total, três alcateias vizinhas ao leste virão participar do solstício esse ano. – o líder informou os três filhos sentados à sua frente. E de antemão reforçou para o desagrado deles. – Precisamos expandir nossos laços, criar raízes dentro e fora de Torin, por isso—

Antes que pudesse terminar de falar, ou melhor de ditar uma ordem clara para os filhos, Minyoung, o filho caçula o interrompeu falando:

– Mas nem por um decreto, eu vou cortejar alguém nesse solstício. – assegurou. – É meu primeiro solstício como adulto, não vou desperdiçá-lo com pendengas de casamento.

– Minyoung... – Taesol passou a massagear as têmporas. Era óbvio que seu caçula iria se opor.

– Pai, se me permite... – Taeyong levantou a mão. Tomou a ez para falar, antes que começassem os puxões de orelha, principalmente no irmão mais novo. – Eu concordo com o senhor de que realmente precisamos criar laços e estabelecer nossas raízes com as alcateias vizinhas, mas será que cortejar alguém da alcateia vizinha é meio de assegurar nossa situação com elas? Há tempos percebi, que essa união não é mais do interesse de ninguém. Não é exatamente fazer parte do clã Lee, que as outras alcateias veem almejando.

– O que elas querem mesmo é ter acesso ao nosso santuário. – Yukhei complementou. – Taeyong está certo, pai. Mas se for o caso de casar alguém, porque o senhor não chamou o Doyoung? De nós irmãos, ele é o que mais concorda com presunção arcaica. E, é claro que não podemos esquecer o Ten!

– Doyoung está ocupado com os prepartivos do solstício, por isso não pôde estar aqui! – Taesol explicou ao filho. – O irmão de vocês já está bem ciente dessa conversa "arcaica". – frisou. – E, sobre Tenjun, é obvio que ele está fora de cogitação.

– É claro que o Ten está fora de cogitação, Lucas. – Minyoung disse rindo. – Não que esse seja o caso do nosso irmão não poder se casar, mas antes que isso acontecesse, alguém teria que passar por cima do cadáver de um certo alfa.

– Se é de Sicheng que está se referindo, esse empecilho está para se resolver.

– Está? – franziu o cenho curioso. – E como é que pretende resolver? Vai matar seu próprio sobrinho?

O líder revirou os olhos. Minyoung era sempre muito extremos em suas suposições, e é claro, nunca perdia a oportunidade de pensar absurdos em relação ao seu pai.

– Eu realmente me pergunto como você chega à essas conclusões e pode pensar tão mau de mim. É óbvio que não irei matar o primo de vocês, a minha solução não envolve derramamento de sangue, mas sim "casamento". Ontem mesmo conversei com meu irmão, e a Eunjin. Juntos chegamos ao um acordo de que Sicheng e Yuta devem se casar.

– E vocês chegaram a essa conclusão sem perguntar para as partes envolvidas? – continuou alfinetando o pai, mas Taesol nem se dignou a responder.

– É absurdo pai... – a voz de Taeyong foi ambígua. Desaprovava completamente aquela "solução" que os mais velhos arranjaram.

Não seria de todo mal, que Sicheng ficasse com o seu irmão. Já previa até mesmo a grande confusão seria, quando as palavras: "casar e outro ômega" passassem pelos ouvidos de seu primo. E conhecendo muito bem Sicheng, esperava que ele levasse pelo menos metade de sua casa abaixo.

Metade da Metade 《JAETEN》Onde histórias criam vida. Descubra agora