Um dia chuvoso

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Já deixa a estrelinha girassol.

O dia no trabalho foi longo e cansativo, mas graças a Deus não trombei com a Mega novamente.

Meus planos para as férias foram adiados, mas em compensação ganhei mais uma chance com meu livro.

Caminho para casa observando os carros buzinando na Avenida mais movimentada da cidade, todos ansiosos para chegar em casa e descansar após o trabalho.

Escuto um barulho estrondoso e imagino ser minha barriga, mas quando algumas gotas caem sobre meu rosto mudo de imaginação.

Por um segundo fico contente e aliviada, aliás, hoje é dia do Andrew preparar o jantar.

A chuva engrossa rápido me fazendo praticamente correr pelas ruas.

Quando finalmente chego no meu doce lar, estou ensopada, abro a porta e entro.

— Olha quem chegou. - Andrew diz da cozinha.

— Como foi pular de paraquedas? - O pergunto tirando os sapatos molhados e os deixando na sala.

— É uma experiência incrível, estar no céu e tudo.Como foi no trabalho?

— Acredita que a Mega me deu conselhos sobre meu livro?

— Eu ainda não sei como você não jogou aquela sebosa do quinto andar.

— E ainda por cima minhas férias foram adiadas. -Tiro alguns fios de cabelos molhados da testa. — Mas pelo lado bom, Afonso irá dar mais uma chance para que eu revise minha obra.

— Pelo menos algo bom. - Andrew se vira para pegar um prato no balcão.

Reparo que perto da sobrancelha dele tem um corte, o nariz está ralado na ponta e o queixo levemente avermelhado.

— O que aconteceu Andrew? - Digo um pouco nervosa chegando perto dele.

— Há, isso?-Ele aponta para o rosto. — Talvez eu tenha caído de moto hoje.

— Você não sabe pilotar uma moto.

— Por isso que eu caí, Anne. - Ele fala como se estivesse dizendo algo óbvio demais.

— Por isso que as pessoas precisam fazer aula de pilotagem ao invés de sair por aí pilotando sem nenhum pingo de conhecimento.

— O pior nem foi isso. - Ele diz um pouco angustiado .

— O que foi então?

— Eu caí bem na frente da menina que trabalha lá. - Ele diz mais angustiado ainda.— Tínhamos trocado alguns olhares, iguais às dos filmes clichês sabe ? Eu já tinha planejado pegar o número dela quando estivesse indo embora, mas aí eu caí.-Ele faz uma pausa dramática. — Bem na frente dela.

— Qual foi a reação dela? - Solto uma gargalhada que chega a sair lágrimas dos olhos.

— Exatamente igual à sua. - Ele me encara escorando no balcão. — Ela ainda fez pior, colocou as mãos nos joelhos como se não aguentasse mais rir da minha cara.

Entre Caos e Paixão Onde histórias criam vida. Descubra agora