Se arrisque mais Anne, é o universo que está dizendo

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Já deixa a estrelinha girassol para me incentivar a continuar a história 💙

Anne Marquês

O celular desperta indicando que são seis e cinco da manhã. Me levanto e faço toda minha rotina de sempre e desço para fazer o café.

Descendo as escadas sinto cheiro de café sendo passado e acabo me espantando vendo Andrew em pé perto do balcão jorrando o líquido preto para todos os lugares menos dentro da garrafa.

— Está fazendo errado Andrew! - Digo pegando da mão dele o coador e a garrafa.

— Pensei que hoje seria seu dia de folga.-Ele diz animado.

— Aquela editora não funciona sem mim, você sabe disso. - Digo esperando as últimas gotas do líquido descer para garrafa. — Errou o horário? - Solto uma gargalhada. — São seis horas ainda.

— Hoje vou pular de paraquedas com a galera.

— Quem pula de paraquedas? - Digo incrédula e Andrew me olha como se eu tivesse dito algo errado. — Às seis horas da manhã. - Digo e ele me olha normal.

Fecho a garrafa e coloco em cima do balcão.

— É um pouco afastado da cidade e tenho que chegar cedo para garantir nossos ingressos. - Ele dá uma pausa e pega duas xícaras no armário. — E fora a aula que tem que ser assistida.

— Isso me parece tedioso. - Digo servindo café nas xícaras.

— Com tedioso você quis dizer perigoso, não é? - Ele começa a esfriar seu café.

Sim, exatamente Andrew. Mas não adiantaria falar e mostrar alguns acidentes de paraquedas que você iria sem pensar duas vezes, talvez o perigo que o atraí tanto.

— Você poderia ser um atleta normal, ser jogador de futebol ou sei lá o quê. - Digo dando um leve murro no ombro dele.

— Não tem graça ser normal, não tem graça, futebol. As chances de morrer com uma fratura ou até mesmo com um pescoço quebrado é as mesmas do que pular de paraquedas.

— Nunca ouvi falar de alguém que tenha morrido com o pescoço quebrado dentro de um campo. - Digo dando um gole no café.

— Se tiver que morrer, você vai morrer. Seja em um campo de futebol, indo para o campo ou saindo dele. Quando chega sua data de validade já era Anne. - Ele diz tentando dar sentindo e apoio a toda história de se arrisque e faça o que te deixa feliz.

— Sei que eu não quero morrer pulando de paraquedas. - Digo em um tom sério que acaba tirando um sorriso dele e meu.

— Como vai o livro? - Ele me pergunta me analisando nos olhos. — Te vi escrevendo ontem a noite quando cheguei da faculdade.

— Eu não estava escrevendo, estava revisando.- Solto um suspiro de desgosto.— Tentando mudar algumas coisas, aparentemente minha obra não tem emoção suficiente e os adolescentes parecem ter oitenta anos.

— O otário do Fred não gostou? - Ele pergunta vindo na minha direção. — Eu sei que você vai conseguir ser uma escritora fantástica algum dia, e fora que quem tem gostar do que você escreve é apenas você. - Ele diz me abraçando.

— E quando nem eu estou gostando?-Digo sentindo o cheiro do meu shampoo nos cabelos dele.

— Bom, nada que uma boa revisada não resolva. - Ele desfaz o abraço e fica parado na minha frente por alguns segundos.

— Essa sobrancelha arqueada não, por favor. - Digo olhando para ele que sempre faz essa cara quando tenta me convencer a sair da minha zona de conforto, ou a ir na maior roda gigante da cidade, ir ao mais famoso escorregador aquático, mudar a rotina, pular da pedra na cachoeira ou qualquer outra dessas coisas que está e sempre estará fora de cogitação.

Entre Caos e Paixão Onde histórias criam vida. Descubra agora