Three

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A noite tinha sido um inferno, como sempre, mas isso não iria me abalar. Passei uma maquiagem forte para esconder os roxos e um batom nude para tirar a atenção do meu rosto pálido.
Uma saia branca longa e um suéter rosa claro foi a minha roupa escolhida. Não tinha muitas opções, pois a maioria George havia rasgado ou as manchado com meu sangue. Mas não meu suéter rosa que minha mãe havia comprado e parcelado em várias vezes e me dado como presente de Natal.
Calcei meus All Star preto e segui para o estágio, em silêncio para não acordar o pesadelo em pessoa.
Quando cheguei, fui recepcionada por uma mulher negra, que vestia uma blusa azul decotada e saia branca. Linda deveria ser uma ofensa para ela. Seus cabelos cacheados a faziam ser mais que perfeita, uma deusa. E eu tive a sorte grande de ter sido ela - descobri que seu nome era Mia - designada para me ajudar com o meu cargo que consistia em analisar planilhas pequenas e passar do papel para slide e Deus, eu fazia aquilo com uma alegria de outro mundo pois sabia que se tivesse êxito nisso, minha vida mudaria. Poderia conseguir um emprego bom depois do estágio e me formaria. Finalmente estava tendo meu tão esperado recomeço.

- Eu nunca vi alguém fazer isso com um sorriso no rosto. - Mia riu baixinho. - Fico feliz por você estar gostando.

- Eu estou amando! Isso é um sonho. - Sorri.

- Céus, quase esqueci. Daqui a pouco você e mais alguns estágiarios serão apresentados para o CEO. Ele gosta de dar uma espécie de boas vindas enquanto analisa cada um. Não se deixe abalar por aqueles olhos verdes. Ele só gosta de ter os melhores trabalhando consigo. E se você chegou até aqui, significa que é muito boa.

- Obrigada por avisar. - Sorri novamente, imaginando como seria o homem que iria conhecer mais tarde. Será que ele é do tipo frio e calculista que eu lia na internet? Ou era simpático? Será que era gay?
E antes que pudesse deixar minha mente ir mais longe, chamaram todos os estagiários para a sala do Sr. Sanders. Éramos em 7 e a primeira coisa que notei foi que todos estavam bem vestidos. Os homens com roupas sociais e as mulheres com roupas justas e chiques. Entramos no elevador e uma secretária que nos acompanhava apertou o último botão do elevador. Assim que chegamos na sala, a secretária nos instruiu a entrar e fazer uma fila horizontal. O homem que estava lá dentro, sentado enquanto analisava vários papéis em sua mesa, era certamente de se tirar o fôlego.
Seus olhos verdes caíram sobre nós e pareceu julgar cada um apenas nos olhando, e quando chegou a mim - a última da fila - ele torceu o nariz, como se desaprovasse minha roupa. Pra mim, a aprovação dele contava muito, mas eu não estava aqui para agradar ninguém com minhas vestimentas, estava para fazer meu trabalho o melhor possível. Meu objetivo era maior que um estágio, era meu diploma e uma passagem só de ida para qualquer lugar longe dali.

- Bom dia a todos. Sou o dono dessa empresa, como sabem. E também suspeito que imaginam que gosto de trabalhar apenas com os melhores. E parabéns, de vossas universidades, vocês foram os melhores, mas quem será que irá pegar a vaga fixa? - Um burburinho começou. Ninguém sabia que existia uma vaga e saber que um de nós iria preenchê-la era fenomenal para todos. Menos pra mim. Não queria nada que me prendesse a Nova York.

- Vou conversar cerca de 5 minutos com cada para saber um pouco sobre vocês. Não se preocupem, é algo como uma conversa casual. - E sorriu, com aqueles dentes brancos perfeitos.

Todos esperamos sentados, enquanto uns conversavam e outros temiam estarem sendo analisados até mesmo durante essa curta espera, eu fechei os olhos e respirei fundo naquele sofá macio. Havia passado a noite em claro, chorando e com medo de George quebrar a porta. A surra que ele havia me dado não tinha quebrado nada, graças a Deus, mas cada músculo da minha barriga e rosto doíam. Sequei as lágrimas e me encolhi no sofá, erro meu, pois em segundos, adormeci.

Um leve aperto no meu braço foi o bastante para me fazer gritar e segurar o pulso do ser que me tocava.

- Jesus. Você está bem? - Engoli o choro e acenei que sim com a cabeça.

Is Never Too LateOnde histórias criam vida. Descubra agora