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Me sinto tão sem sorte,
ao me deparar com a morte
percebi que não,
não sou forte.
Não que isso importe.

Me disseram que ela morreu,
e logo pensei,
é um trote!
O meu norte JAMAIS
cederia a dona morte.
Aborte as suas fanfics,
anote a minha observação,
ela não é do tipo que se rende
a velhice, doenças ou ao cifrão.

Ela é forte,
chingona, reclamona.
De um jeito sem noção
quão grande foi o seu coração.
Mesmo sem condição,
adotou três crianças e
cuidou.
Criou sete filhos com
tapas de amor,
zelo e proteção.

Nesse sábado,
eu olhei para você no caixão,
eu não ouvi mais risadas,
eu não ouvi mais brigas,
eu não ouvi mais reclamações,
não ouvi você chingando,
não te ouvi,
não te vi,
você já não estava entre nós.

Após tudo isso,
se Deus existe,
fico triste,
pois ela não irá descansar.

Espero que Ele não nos tenha criado,
mas que seja uma criação,
que Ele não passe de um fruto
de ficção,
só assim ela descansaria.

Se Deus existe,
ele foi injusto ao nos castigar
com tamanha apatia.
Que nos punisse justamente,
a morte é covardia.

Uma mãe,
uma amiga,
uma avó,
à pessoa que eu negligenciei
enquanto em vida,
dedico esse emaranhado de sentimentos compilados em um pequeno poema.

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Eu queria ter sido mais autêntico, atencioso e humano, queria ter sido um neto a sua altura.

Poema dedicado a Maria da Conceição Lyrio.

20/01/2019

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Em 2019 foi a filha, no início de 2020 a mãe, quem será o próximo?

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