Maeve

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Eu fiquei calada, o mais calada possível, só falei quando estritamente necessário, depois da conversa com o Rei e sua ameaça bem clara sobre  o que eu devia fazer, eu decidi fazer o possível para destruir aquela Corte. Não teria misericórdia e para isso eu não podia criar nenhum laço com eles. Então não conversei segui os caminhos necessários e quando na carruagem Filip tirou o maldito colar que estava no meu pescoço me prendendo, eu em dias finalmente consegui respirar, e senti o poder em minhas veias. Na praça a cada palavra dita eu gritava dentro de mim que era tudo  mentira, berrava dentro de mim para não acreditarem, mas por fora eu exibia o melhor dos sorrisos. Cada minuto me matou, e tenho a certeza de que a reação dos habitantes furiosos para mim, não foi nada comparado com a dor de ter que fazer aquilo, atrair e provavelmente matar mais pessoas como eu.

Chegou a hora da punição, quando ouvi o que era, não tenho medo de falar que fiquei desesperada, eu já estava morrendo de medo antes, e não sou orgulhosa demais para falar isso. Mas a ideia de sofrer de modo imaginável estava me corrompendo, e todos os meus piores pesadelos se tornaram reais no momento que o Rei disse:

- Trinta chibatadas, agora. - Sem eu perceber dois guardas chegaram perto de mim e prenderam meus pulsos com correntes, tentei puxar mas eles eram mais fortes, e colocaram as correntes apoiadas em duas grandes colunas, eles amarraram ela e puxaram mais forte fazendo meu braços serem puxados para cima. Comecei a falar baixinho :

-Não, não, não, não, não, não.

Ouvi o Rei falar para mim.

- Ajoelhe.

Mesmo se eu tivesse entendido eu não teira feito, e quando o Rei viu que eu não tinha obedecido, falou para outro soldado:

- Empurre-a para frente e a faça ajoelhar.

Ele chegou até mim e me empurrou, depois chutou a parte de trás do meu joelho com força me obrigando a ajoelhar. Vi que as pessoas começaram a gritar incentivando ao Rei continuar com isso, se alegrando do meu sofrimento. 

Eu estava ajoelha com os braços amarrados para cima, eu podia me libertar, usar minha magia e sair, teria três duzias de soldados me esperando para lutar, mas eu conseguiria me libertar, mas não era por mim que eu estava fazendo isso, era por outros elfos.

Eu tinha que ser forte, aguentar isso e voltar ao Palácio determinada a destruir tudo que vir pela frente, eu era a nossa melhor chance, e isso não aconteceria se eu fugisse, então me obriguei a respirar fundo, a afugentar o medo, para o que estava a minha espera.

Outro guarda chegou, e senti ele rasgar a parte de trás do meu vestido, dando total acesso á minhas costas, foi involuntário mas comecei a tremer. Então todos ficaram em silêncio, eu olhava para o chão de madeira, e respira profundamente lutando contra as lágrimas que queiram escorrer.

Ouvi o chicote quebrando o ar,

Gritei. O chicote bateu nas minhas costas e a dor era absurda, comecei a chorar.

Eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser a dor, puxei os braços tentando me libertar, mais os guardas me segurando só puxaram mais. 

-UM.- O guarda disse, Eu tinha que aguentar mais 29.

Eu não ia aguentar mais 29.

Ouvi o barulho do chicote de novo, e arqueei as costas na tentativa de fugir dele, ainda assim me acertou.

Gritei mais forte. 

O chicote começou a cortar minha pele. 

Dor. Dor. Dor. Dor.Dor. Dor. Dor

Eu só sentia dor. Só pensava dor.

- DOIS.

Eu não ia aguentar.

Não podia aguentar.

O chicote bateu de novo.

Gritei.

Ele bateu em um lugar novo, e a dor não foi tão intensa.

Mas ainda era dor.

- TRÊS.

Eu pensava que conhecia tal sensação.

Como estava enganada. 

Um corte na pele não se compara. Um tiro de flecha no ombro não se compara.

Bateu de de novo.

Gritei de novo.

Tinha batido nos mesmo lugares de antes.

A dor foi inimaginável.

-QUATRO

Senti algo molhado em meio a dor.

Tinha começado a sangrar.

Ele iria destroçar minhas costas.

Bateu de novo.

- CINCO

Comecei a gritar diferente.

- POR FAVOR- Eu chorava 

Bateu de novo.

-SEIS.

-POR FAVOR. EU IMPLORO.

Eu chorava tanto e tanto.

Não conseguia me controlar.

Só queria que parasse e gritava para que parasse:

- PARE. POR FAVOR.

-SETE.

Eu sentia minha pele se rasgar. A carne se despedaçando.

- OITO.

O sangue jorrando.

-NOVE.

A magia começou a ficar incontrolável se implorando para sair.  Para se libertar.

-DEZ.

O céu que antes era limpo, ficou escuro de repente.

Minha magia estava encontrando um jeito de se libertar.

- ONZE.

Dor, cada vez doía mais.

Eu só sentia dor.

A tempestade começou. Uma tempestade forte com trovões e relâmpagos.

- DOZE.

A chuva caía em meus cortes e só ardia mais. 

-TREZE.

Não ia conseguir para a tempestade, era muita força e energia para parar.

- QUATORZE.

Iria usar essa força par aguentar.

-QUINZE.

Era metade. Ainda METADE. Eu não ia aguentar. Como eu tentava parecer forte. Mais a cada chicotada não era só minha carne de despedaçando.

-DEZESSEIS

E sim minha alma indo junto.

- DEZESSETE.

Puxei as correntes de novo.

Não deu certo.

-DEZOITO.

Gritei mais. Era como se ninguém me ouvisse.

-DEZENOVE.

A chuva aumentava conforme minha dor.

- VINTE. 

As pessoas começam a ficar com medo da tempestade.

-VINTE E UM.

Falta tanto. E tão pouco ao mesmo tempo.

-VINTE E DOIS.

Minha vistas ficam embaçadas.

-VINTE E TRÊS.

Fica tudo preto.

- VINTE E QUATRO.

E em um espasmo de dor.

Eu desmaio








Entre Magia E LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora