9. A EQUAÇÃO DA MINHA MORTE

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Uma enfermeira quadrada me levara para a solitária.

Para alguns seria uma grande tortura,

Mas para mim,

Seria um lugar calmo para continuar meu cálculo.

E foi isso que eu disse a ela.

Um guarda a menos vigiava a única saída da sala pelo lado de fora.

Nenhum som era feito por mim.

Eu precisava de total silêncio para concluir meus dois resultados.

As raízes que me levariam para o fim.

Com a caneta roubada do jaleco da enfermeira,

Eu escrevi minha equação.

A tonta nem se quer colocou em mim uma camisa de força.

Tola!

Talvez isso teria mudado todo o resultado.

Pensei então no triângulo que me trouxera até esse manicômio.

Eu o matei.

Depois tentei matá-la.

Fracassando completamente.

Se não fosse a polícia ao invés de uma teríamos duas valas.

As paredes brancas desta sala me servem de rascunho.

Sempre fui boa em cálculos,

Graças a eles  que eu o matei.

Mas errando um único sinal eu fracassei em matar sua amante.

Concluo então meu último cálculo.

Encontro duas raízes para conclusão da minha equação.

Zero arrependimentos,

E uma vítima.

A caneta servirá a mim como uma arma,

Finco-a em meu peito

E me deito nos braços da morte.

0 e 1 sempre foram meus números da sorte.

X²-X=0  

∆= (-1)²-4.1.0

∆=1

X= 1±√1 : 2

X¹= 1-1:2 X¹ = 0

X² = 1+1:2 X² = 1

Delírio ContadoOnde histórias criam vida. Descubra agora