Eu queria ir no escorregador laranja
E eu fui.
As outras crianças eram levadas pelas suas mães,
Enquanto eu esperava a minha
Exatamente no lugar que ela mandou.
O dia foi se passando lentamente
E eu aqui neste mesmo lugar fiquei.
Até que a noite eu a vi.
Lá estava ela, no mesmo lugar
E na mesma hora.
Suas mãos que um dia me carregaram,
Carregam agora garrafas de bebida.
Ela olha em minha direção.
Vejo seus lindos olhos que um dia brilharam de tanta felicidade
Mergulhados em um pranto sem fim.
A culpa foi daquele carro!
Eu só queria salvar o cachorrinho.
Queria que pudesse me ouvir.
A culpa não foi sua!
Ela não me ouvia
E nem mesmo podia me ver.
Eu já sabia qual seria o próximo passo.
Ela atravessaria a avenida,
Sentaria no banco em frente o local que eu estava,
Beberia todo o líquido da garrafa
E finalmente quando terminasse,
Iria embora.
Prometendo voltar amanhã.
Mas dessa vez ela não iria embora
Porque ela não fez nada disso.
Ela fez um sinal com sua mão
Pedindo que eu esperasse.
A luz do caminhão iluminou seu corpo
E ela foi lançada a metros de distância.
De repente tudo para...
O som da ambulância se sobressai.
Os paramédicos cobrem um corpo com um saco preto.
De longe vejo ela acenando para mim.
-Oi mamãe!
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Delírio Contado
PoesíaEsse livro é sobre a dor. É sobre corações partidos e almas despedaçadas. Mentes insanas e pessoas manipuladas, presas fáceis aprisionadas por cantos doces, redes de pensamentos e falsas juras de amor. Então querido leitor, Mergulhe nesse turbilhão...