Entrelaçados

Capítulo dois: velhos tempos

—Aonde vamos ir? —perguntou Maya enquanto abria a geladeira e pegava um garrafa de água.

—Vamos lá no estacionamento, só quero beber e curtir a noite sem gastar muito, Finn você vai junto? —Sean diz enquanto arruma seu cabelo no espelho, pelo reflexo vê o mais alto balançar a cabeça negatividade.

—Não cara, to muito cansado vou comer e ir direto dormir —Finn diz apontado para seu quarto.

—Qualé Wisconsin vai negar mesmo? —Maya pergunta usando o apelido que deu a Finn e ele ri mas recusa novamente.

—Foi mal galera, na próxima vai rolar prometo —ele fala e logo em seguida se dirige ao seu quarto, da porta ainda completa —agora vou tomar um banho... Boa noite crianças e se cuidem!

—Boa noite!!! —os dois falam juntos.

Maya e Sean de encaram e começam a rir, era engraçado ver Finn chamar eles de crianças como se ele fosse muito mais velho. Na verdade Finn era o mais velho, tinha por lá seus 24 anos, Sean e ele tinham se conhecido em um acampamento e desde lá não se desgrudaram, faziam várias viagens entre amigos e depois acabaram por morar juntos. Era um bom colega de apartamento, estava sempre tranquilo e até deixava Sean pegar o carro dele emprestado quando quisesse.

Finn era de Wisconsin, e carregava várias histórias de lá que contava para todo mundo por isso Maya deu esse apelido a ele. Era um cara bem alto e com cabelo comprido, seus olhos eram bem verdes o que contrastava bastante com seus cabelos  dourados.

—Então só nós dois como nos velhos tempos em? —Maya disse pegando seu casaco e o vestindo.

—Vamos, se não vai ficar muito tarde e você tem aula amanhã, señorita — ele fala abrindo a porta da frente e dando passagem para ela. E assim foram caminhando ao seu destino.

O plano deles de não ficar até tarde não deu muito certo depois da sexta garrafa de cerveja eles pararam de as contar e só jogaram conversa a fora como nos velhos tempos.

Estavam eles sentados em um degrau de concreto de um estacionamento de posto de conveniência. Toda vez que a cerveja terminava um deles ia buscar mais, compraram alguns salgadinhos e Maya as vezes acendia um cigarro e tragava devagar.

Era uma coisa simples que os dois sempre faziam, curtir juntos sem precisar se preocupar em gastar muito ou de como voltar para casa, até porque a casa de Sean ficava apenas a algumas quadras dali.

—Você está diferente hoje. —Maya disse e os dois se encaravam, Sean deu de ombros e tomou mais gole de sua cerveja. —Algum motivo?

—Além do aumento que eu recebi você quer dizer? —ele a encarou de volta.

—É —ela tratou o cigarro e soltou a fumaça no ar fez uma pausa como se estivesse pensando e completou. —Tipo, você está diferente, pensativo, mas ao mesmo tempo vejo alguém relaxado. Saca?

Sean deu um sorriso de lado o que fez Maya sorrir também. Ele suspirou fundo e bicou a garrafa de cerveja mais uma vez.

—Não sinto nada de diferente, na verdade estou pensando nas contas pra pagar. —os dois deram risada mas Maya no fundo não acreditou e continuou persistindo.

—Contas, você sabe que nem precisava ajudar seus avós... —fez uma pausa, os dois ficaram em silêncio mas ela voltou a falar. — eu sei que anda pensando em outras coisas, queria saber o que se passa na sua cabeça.

O rapaz olhou para a garota, por alguns segundos passou por sua cabeça uma loucura. Mas ele não o fez, Maya por um segundo ficou confusa depois de tragar o cigarro mais uma vez o deixou entre seus dedos e ficou mais perto de Sean, deitou a cabeça em seu ombro e entrelaçou seu braço esquerdo no dele.

—Ta tudo bem Sean,não precisa me contar.

—Outro dia Maya, te prometo.

E então os dois ficaram aninhados por vários minutos, bebendo cerveja e sentindo o calor um do outro,o vento gelado congelava o nariz de cada um mas os dois continuaram nesse momento de paz.