Jogo de Sedução

c a p í t u l o 2

Nina me enviou uma confirmação do envio da mensagem, me resta apenas saber se realmente atenderam ao meu mandato.

Olho para o relógio que fica em acima da porta, hora da avaliação.

Levanto da cadeira, pego minha bolsa no tripé e saio da sala.

— Nina, estou saindo para a revisão. Assim que mandarem respostas manda para o meu celular mesmo. Vou voltar apenas pela tarde, você já sabe — paro por alguns segundos para falar com ela.

— como quiser, Srta.

Aceno para ela com a cabeça e caminho até o elevador. Enquanto desço para o térreo ligo para meu pai.

LIGAÇÃO

— oi, pai. Já estou indo para a revisão, não se atrase — sou direta.

— Estou chegando, não se preocupe — fala.

— tudo bem — desligo.

____

Saio do elevador e caminho pela recepção até chegar na entrada principal. Realmente papai já estava chegando.

Continuo seguindo meu rumo e vou para uma sala que fica ao lado do prédio. Como ela é envidraçada, de longe pude ver o modelo escolhido por todos os responsáveis e de maior cargo na empresa, os CEOs.

— a mãe está bem? — pergunto ao perceber que papai se aproxima.

— está, filha — sorri para mim — vamos?

— depois vamos conversar à respeito de uma reunião convocada pelo CEO da filial de Dubai. Irei tomar providências quanto à isso — meu tom é sério, o que fez papai rir.

— não seja rude, princesa — sua voz é calma — seu primo é novo no negócio.

— primo? Nunca ouvi falar dele — o sensor abre a porta da sala.

— bem distante, mas é família — toca meu ombro — depois falamos sobre.

— tudo bem — as palavras soam com indiferença, pois o que meus olhos acabam de ver me desconectou do mundo.

Antes de ser produzida, a Ferrari KF100 foi passada pelas minhas mãos, fui a primeira a ver o design dela. Mas nunca imaginei que poderia ser tão maravilhosa a ponto de me fazer deixar de lado a SF90.

Teto conversível, detalhes delicados de ouro nas laterais e no capô, que não passam despercebidos. Sua cor é preto-fosco, o que deixa o carro ainda mais charmoso. Já me imagino dando altos drifts nas corridas clandestinas que participo com alguns amigos meus.

— magnífica! — papai bate duas palmas — e ainda mais por ser feita exclusivamente para você, meu amor. Vai fazer sucesso, viu?

— com certeza, papai — sorrio de lado — vamos dar uma volta pela cidade, sentir a adrenalina e o conforto dessa beleza — deslizo meus dedos sobre o capô.

— Alessandro, me dê as chaves, por favor — ouço papai pedir para um dos funcionários. — obrigado — volta balançando as chaves e com um sorriso verdadeiro nos lábios.

Meu pai, Enrico, sempre foi muito brincalhão. Seu humor contagia à todos, principalmente à mim. Eu o admiro muito e vejo que é recíproco. Papai diz todos os dias o quanto é orgulhoso por ter uma filha tão eficiente, determinada, linda e independente como eu. Palavras dele.

Pego as chaves de sua mão e caminho até o carro. Escaneio meu dedo na porta e o carro destrava. Como o carro já está no meu nome e com todos os meus dados, não preciso registrar para poder destravá-lo.

Papai senta no banco do carona e eu me acomodo no carro também. Escaneio o código da chave no painel e ouço o motor roncar, me arrancando um sorriso de canto a canto.

Alessandro abre as portas e eu acelero para fora da sala.

— VAI DEVAGAR, KATRINA! — papai grita enquanto coloca o cinto, desesperado.

— o melhor das avaliações são as corridas, papai — acelero mais e o vejo fechar os olhos demonstrando medo. — dirijo desde que me entendo por gente, não há quem se compare à mim. Por que está com medo? — o motor ronca — por que faço isso? — acelero mais o carro.

— enquanto eu tiver vida nunca mais ando de carro com você dirigindo! — rosna para mim.

[...] depois de tanto rir com as palavras e caretas de papai enquanto eu dirigia, resolvi voltar para a empresa. Deixo meu carro com o manobrista e peço para que ele deixe minha SF90 em minha casa. Hoje irei encerar o dia com a KF100.

Subo para minha sala e papai me segue. Precisamos conversar sobre o novo CEO da cede de Dubai.

— não precisa implicar com ele, Kat — senta de frente para mim — ele chegou recentemente, você sabe disso.

— mas ele sabe o quão importante e sensato, é comunicar a CEO majoritária antes de tomar qualquer decisão. Eu sempre tenho designs prontos para todas as reuniões que são marcadas para discutir os novos projetos. Mas adivinha, eu não tenho nenhum pronto! — respiro fundo, recuperando o ar que já estava me faltando.

— isso não é um problema, Katrina — fala, sério — as reuniões servem para isso mesmo.

— não adianta discutir com você sobre nada, não é? — o encaro. — de qualquer forma a reunião deve ser feita aqui, e não lá.

— Henry já convocou todos os CEOs, alguns devem estar à caminho. Impossível cancelar a reunião — relaxa na cadeira — qual o problema de ir à Dubai?

— por que sempre consegue me convencer? — o olho com um sorriso curto, negando com a cabeça.

— porque sou o melhor pai do mundo — sorri. — bom, viajaremos amanhã mesmo. Você aproveita e fica uns tempos por lá. Estás trabalhando muito, precisa de um descanso.

— não passarei minhas férias em Dubai, papai. Estou pensando no Caribe — falo — vou para Dubai apenas para a reunião.

— deveria visitar seus avós — aconselha.

— com toda certeza, Sr. Enrico Ferrari — sorrio para ele.