1 parte
No dia seguinte, fui bastante vigiada na entrada à W.E.M.. Senti-me frustrada e incomodada:
- Não têm para onde olhar? Olhem que vos cai os olhos!
A multidão em minha volta pareceu desfazer-se de imediato. A Sophie (irmã do Draven) veio ter comigo com um sorriso doce e querido.
- Bom dia Karen!
- Olá Sophie...ia-te pedir que me imprimisses uma partitura de Beethoven, é só chegar à reprografia da Andrea e dizer que é a meu pedido que ela sabe o que é.
- Está bem, não te incomodes, eu tenho tempo.
- Pois, eu não, infelizmente---
- O que é que aconteceu contigo e com o meu mano? Ele parecia perturbado...
<Por favor, não essa conversa, >
- Chateou-se assim tanto? - Tentei desdramatizar tudo - Não foi nada de especial, ainda hoje se resolve.
Mesmo assim, o meu riso não foi muito convincente.
- Ham...okay, acho eu.
Combinei com ela para que me entregasse a partitura depois da segunda aula. Despedimo-nos e dirigi-me ao corredor dos oitavos anos.
Questiono-me como fui capaz de o identificar logo. A sua silhueta, a sua pose encostado à parede com a perna contra ela, a cabeça baixa fitando o chão com o cabelo na frente dos olhos, os braços dobrados num grande ângulo, as mãos arrumadas nos bolsos...
- Draven...?
2 parte
Ele ergueu a cabeça em direção à minha voz.
- Karen. - Ele aproximou-se de mim, enquanto coçava a nuca (ai jesus c: ) e virava o seu olhar para outro lado de modo a não se encontrar com o meu. (cute~) - Eu preciso de te pedir desculpa.
Abri a minha boca mas não saíram palavras.
< Espera, what?!>
- Não Draven, eu é que supostamente tenho de pedir desculpa...! - Retorqui confusa.
- Não, eu. - Acentoou ele. - Eu fui um parvo ao falar daquele modo... Claro que deves ter ficado irritada por ter agido assim, não ligues...
- Draven, eu não devia ter dito aquilo sobre ti. Saiu, tu não és má pessoa, eu apenas fiquei a deduzir coisas, não te quis ofender ou magoar... - Continuei.
- ...E depois ainda tiveste de ser motivo de conversa e atenção e deves ter-te sentido incomodada... - Ele falou ao mesmo tempo que eu.
- ...E eu é que fugi e fiz figura de idiota, o que piorou o mexerico...
- Por isso desculpa. - Pedimos, em uníssono. Após isso, rimo-nos abertamente de termos falado tão à pressa e ao mesmo tempo.
- Isto foi tão estranho... - Suspirei eu, mais à-vontade. - Hã...? Dra---
Antes que pudesse perguntar a sua reação, ele abraçou-me, interrompendo-me. Por momentos, deixei-me derreter no conforto dos seus braços, mas depois tive que me afastar porque era, de algum modo, embaraçoso.
- Para que é que foi isto...? - Questionei-o.
- Bem, a Kelsey também abraça o Al sem razão nenhuma, certo? - E sorriu, num algo confuso e estranho sorriso que ainda não vira expressado no seu rosto. Retribui, com um sorriso natural de lado e as sobrancelhas caídas.
- Então... Vamos juntos para a aula? - Ofereci o meu braço.
- Vamos. - Concordou ele, ignorando o braço e agarrando a minha mão.
Senti o meu corpo ferver, um fervilhar incômodo que me fazia incrontrolar a minha respiração.
- Hmm, incomoda-te...? Desculpa...
Os seus dedos desentrelaçaram-se dos meus, e espontâneamente, a minha mão moveu-se e agarrou-lhe o pulso.
Ergui o olhar para ele, mesmo não sendo capaz de o encarar quando nem eu percebera porque me sentia assim.
- Podes agarrar um pouco, se quiseres. - Admiti.
A minha mão libertou o seu pulso e deslizou até à sua mão, apertando-a delicadamente.
Provavelmente a expressão que ele estaria a fazer era algo de ternura, carência, vontade... Ou talvez confuso e problemático. Não tenho a certeza se estaria feliz... Mas não me importo de deixar as coisas como estão. A nossa relação atual é suficiente, e não quero temer perder isto se quiser avançar algo. Por agora, quero ficar mais tempo assim, como bons amigos.
3 parte
No fim das aulas, um grupo de jovens apareceram e entraram na W.E.M. com alguns cartazes e aos gritos. Num ápice, juntaram atenção suficiente para ficarem rodeados de gente, incluindo-me a mim. Era tanta gente que tiveram de subir a uma mesa para poderem ser vistos por todos! Pelos vistos estavam numa campanha contra o bullying, e argumentaram várias coisas que me tocaram profundamente em certos pontos, pois embora nunca tenha sido gozada verdadeiramente, talvez conseguisse compreender o sentimento de sofrer por aquilo. A Kelsey resgatou-me dos pensamentos e sussurrou-me ao ouvido:
- Isto é um pouco secante...eles apenas falam. Isto não é suposto ser uma escola de música?
- Eu tenho uma ideia. - Apareceu a Allie, de súbito, infiltrando-se pela multidão até nós - e se...
---
- No way, estão a falar a sério?! - Fiquei estupefacta, a olhar para ambas, enquanto elas me sorriam marotamente.
Recomeçaram a recitar frases profundas e casos de bullying e suicídio, até a Kelsey subir para a mesa com eles e eles se calarem, olhando uns para os outros, questionando-se. Um rapazito loiro perguntou-lhe:
- Hm...tens alguma coisa a dizer? Algo te aconteceu?
- Não. - Retorquiu a Kels - Eu vou cantar.
Todos os que permaneciam em cima da mesa pareceram bastantes chocados, enquanto os alunos da escola riam e murmuravam.
«Pelos vistos não vai ser algo calmo e sentimental...»
E assim se iniciou a música: "We are who we are" das Little Mix. De facto, a letra tinha muito a ver, ou quase. Praticamente, todas as raparigas (porque todas conheciam a banda) se juntaram a ela.
"We are who we are, who we are...
'pretty' is just a pretty word...
and I'm gonna shine like a star...
'cause I'm the only 'me' in this world..."
Foi mesmo muito divertido... e nada lamechas. Os jovens da campanha ficaram surpreendidos e felicíssimos pela Kelsey ter "ajudado", enfim, ela só queria animar o assunto. No fim, eles foram-se embora, agradeceram pela atenção e levaram um vídeo da canção que alguém tinha gravado com um telemóvel.
É assim que eu gosto da minha escola. Todos sempre tão divertidos e a participar, a animar... <3
Eu vou continuar aqui.
Definitivamente.
Este ano, para o próximo...
É aqui que eu quero estar.
E é onde vou ficar.
Fim do capítulo 10
Espero que tenham achado fofo a parte de reconciliação :33
Continuem a seguir~
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W.E.M.
Romance«You can be the whole world held within a single song» "Podes ser o mundo inteiro dentro de uma única música" Quando o pai de Karen Jefferson a envia para uma escola de música misteriosa intitulada W.E.M., esta acha que o mundo vai ruir, e que a sua...