¤ "OLHA O QUE TU ME FIZESTE! (...) Seu monstro! És uma CABRA! E está toda a gente aqui para ver!" ¤
¤ "Não tens de te preocupar tanto comigo. Afinal..." ¤
1 Parte
Permaneci firme, intocável, observando os seus lindos olhos transformarem-se em safiras afiadas. Claro que a maravilhosa Scarlet não ia deixar as coisas ficarem assim. Com os olhos estreitos, observei os seus ombros recuarem com uma decisão. Eu não queria nada com ela, só queria resolver o assunto e ir embora, não tinha ideia nenhuma de que ela iria querer lutar.
Fui capaz de lhe agarrar o braço quando me tentou acertar, porém ela pontapeou-me violentamente na canela vezes sem conta. Gemi de dor, a minha expressão impassível transformando-se.
- PÁRA! - Berrei. - Eu não quero lutar contigo, deixa-me ir!
Continuando na tentativa de me magoar, puxou-me os cabelos furiosamente, fazendo-me guinchar de dor.
«Parabéns, o que é que vem a seguir, cócegas?»
Segurei as mãos dela para me livrar do aperto mas a vingança que a Scarlet desejava por lhe ter ferido o orgulho devia sobrepôr-se ao seu ego. Pessoas rodeavam-nos, com os sussurros, os murmúrios, sem sequer fazer nada. Pessoas que não sabiam nada da minha vida e que ousavam comentar mesmo à minha frente. Não me consegui conter mais.
- És tu que não queres parar! - Declarei, quase como uma justificação própria.
Soquei o seu estômago com o punho carregado de toda a raiva e frustração que sentia nos últimos tempos e recuei, endireitando a minha postura, sem conseguir controlar o sorriso que surgia no meu rosto.
Ela gritava blasfémias como se eu fosse um monstro.
- Quê? Não foste tu que continuaste a tentar bater-me? - Ri, num tom que tanto me incomodava como me satisfazia. - Pois, nunca deves ter brigado a sério, estou lisonjeada por te mostrar a tua fraqueza.
A Scarlet engoliu em seco, parecendo conter um vómito, e atirou-se a mim como uma selvagem com unhas de esmalte. Atacou-me da única maneira que sabia: com puxões, arranhões e mordidas, desvalorizando completamente a sua defesa.
Prendi os seus pulsos forçadamente e cabeceei-a para ela finalmente parar de me estragar o rosto. O meu corpo estava em chamas, e para além de já estar enervada, o facto de ela ter continuado a aleijar-me só me tirou do sério. Empurrei-a e fi-la tropeçar no meu pé. Imediatamente após ela cair no chão com uma pancada forte nas costas pus-me em cima dela, bloqueando os seus braços.
A sua expressão assustada só me deu mais prazer.
Prazer em ter ganho.
Prazer em bater-lhe.
Prazer na energia que descarregava no seu lindo rosto.
Prazer em como tudo o que sentia se focava numa só emoção: raiva.
Ela continuava a soltar murmúrios de dor, a implorar que parasse, a chorar, a debater-se com as pernas a atingirem-me as costas.
Mas eu não via isso. Eu só via todos os meus problemas a serem incorporados no que estava a esmurrar, e o quão bem me fazia sentir. Sem ninguém a ralhar comigo, a dar-me ordens, a comentar sobre mim, o mundo estava todo embaciado e a única brecha...
- KAREN!
Voltei o rosto para a voz familiar, confusa. O Draven. Ele encarava-me com um misto de desilusão e preocupação. No entanto, mal tirei os olhos da Scarlet que ela soltara a sua mão e agarrava com força a minha bochecha, puxando a minha cabeça a seu encontro.
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W.E.M.
Romance«You can be the whole world held within a single song» "Podes ser o mundo inteiro dentro de uma única música" Quando o pai de Karen Jefferson a envia para uma escola de música misteriosa intitulada W.E.M., esta acha que o mundo vai ruir, e que a sua...