Capítulo 4

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O barulho da capital era diferente do interior, não havia os pássaros cantando para acalmar os sonhos das pessoas, nem o leve vento criando melodias passando por entre as brechas das casas.

Os barulhos da cidade grande eram estranhos, Meredith acordou com esses barulhos de motores roncando e sons agudos e estridentes, além do sino que anunciava o começo do café da manhã, a menina olhou ao redor e viu que não havia ninguém além dela dentro do dormitório, as camas estavam perfeitamente arrumadas, a menina demorou um pouco para perceber a situação e levantou em um pulo, correu para o seu baú e tirou o uniforme de lá de dentro, um conjunto de uma calça preta justa e uma camisa leve que lhe descia até um pouco além da cintura, branca como neve.

Meredith correu pelos corredores, vazios como sempre e parou em frente as portas fechadas, a menina ficou confusa, aparentemente as gigantes portas de madeira não iriam abrir só empurrando elas, estava pensando seriamente em tentar até ser interrompida por uma voz vindo do outro lado do corredor.

-Não fazemos o café no Salão Principal, senhorita Landvik. -Kendra vinha caminhando pelo corredor, sua postura era impecável, mantinha os dois braços atrás da costas. -Venha, irei lhe mostrar o Refeitório.

Meredith seguiu a mulher, o castelo era enorme e a menina não sabia como iria decorar todos esses corredores e salas, após virarem por várias esquinas e caminharem por longos corredores agora iluminados apenas pela luz amarelada do sol, as vidraças eram altas e deixavam muita luz natural entrar no castelo, as duas pararam em frente a uma porta dupla menor, Kendra abriu uma dela permitindo que Meredith espiasse o ambiente lá dentro antes de entrar.

Ao entrar ela sente o calor convidativo acompanhado de um leve cheiro de comida doces, Meredith pegou um prato branco e começou a colocar tudo o que lhe chamava a atenção, e caminhou para uma mesa vazia, não tinha visto Briana essa manhã, de certa forma ficou um pouco triste de não ter companhia no café da manhã.

Após alguns minutos aproveitando a sua comida, Kendra volta ao refeitório e todos os olhos pousam sobre ela, todos pareciam muito sérios, todos os sorrisos foram substituídos por caras sérias.

-Os novatos me sigam até o pátio externo, iremos fazer o teste das magias. -Kendra se vira para saída agora sendo acompanhada por uma fila de crianças com aproximadamente onze anos de idade, Meredith demora um pouco pensado se devia ou não seguir eles, no final decidiu se levantar e tomar o último lugar na fila.

Até agora Meredith sentiu apenas o ar frio das paredes de pedra do castelo, mas agora que saiu para fora, finalmente sentiu o calor confortável do sol, não sabia que passar dois dias longe disso iria dar tanta falta, o pátio externo dava em uma espécie de varanda gigante, com uma vista para as enormes construções da capital, com vidros que refletiam a luz da manhã, Meredith nunca havia visto uma coisa do tipo, onde estavam as casas de pedra e palha? Aquilo era muito fora do mundo da pequena menina.

-Formem fila! -Kendra ordenou e imediatamente as crianças se deslocaram e ficaram em posição de sentido, Meredith demorou um pouco para acompanhar tudo aquilo, percebeu umas risadinhas entre as crianças.

Pela mesma porta de que vieram surgiu um homem carregando uma espécie de tábua que carregava debaixo do braço, ele a colocou em cima de uma mesa que estavam ali no pátio e a abriu revelando um retângulo cheio de brilho e cores, ela nunca tinha visto algo assim, parecia que a cada nova descoberta a menina percebia que ela mal conhecia o mundo em si, o homem começou a apertar muitos botões em sua tábua mágica, fazendo com que as imagens no retângulo brilhante mudarem constantemente.

De dentro de sua bolsa o homem tirou quatro pedras com inscrições brilhantes, as colocou lado a lado sobre a mesa puxou uma cadeira e se sentou em frente ao seu dispositivo, ele olhou para Kendra e os dois trocaram sinais de confirmação.

-Alunos, esse é o Mago Rúnico, Jenkins, ele vai aplicar o teste de magia para avaliar qual o elemento vocês estão aptos para usar. -A mulher puxou um papel do bolso com a lista de nomes das crianças. -O teste é simples, você vai colocar a sua mão sobre uma das runas uma delas vai soltar um pulso mágico, cada uma tem um elemento embutido sobre as runas que reage ao seu mana.

-Certo professora, podemos começar então. -O homem falou por trás da mesa. -Pode chamar o primeiro.

Uma a uma as crianças foram sendo chamadas, o processo era sempre o mesmo, as crianças pousavam uma das mãos sobre cada runa até alguma delas reagir e passar informações para o aparelho do Jenkins, todos tinham ido agora era a vez de Meredith, ela estava tremendo com medo do que iria acontecer, será que iriam ficar bravos por gastar o tempo para descobrir que ela não tem poderes.

Meredith passou a mão sobre as pedras e como esperava nada aconteceu já estava se encolhendo para o caso de alguém gritar com ela, mas nada veio, Kendra apenas olhou para Jenkins que olhou para seu equipamento.

-Pode passar a mão novamente pelas pedras senhorita Landvik. -Jenkins falou com um olhar sério para a menina.

Meredith passou novamente a mão, passou pela primeira pedra e nada aconteceu e a cada pedra se sentia mais apreensiva, até parar na última, sentiu um leve formigamento, Jenkins abriu um leve sorriso e começou a apertar os botões, Meredith procurou o olhar de Kendra, mas ela estava indo a caminho do homem que analisava os dados recebidos.

-Ótimo, seu elemento de magia é fogo Meredith. -Kendra volta a se posicionar na frente de todos. -Vamos sigam-me, vocês iram receber agora os seus mantos.

Novamente o grupo se organizou em fila e começou a andar para dentro do castelo, uma parte de Meredith não queria deixar o Pátio para trás, queria ficar mais um tempo tomando aquele banho de sol, mas a outra parte estava assustada, no final das contas ela realmente tinha um poder, ou teria sido um engano?

Meredith não estava muito concentrada no momento, apenas estendeu os braços para receber seu manto vermelho rubi com detalhes dourados, ela não iria poder voltar para casa, ela teria que ficar ali e aprender a ser uma feiticeira, mas como? Ela não era igual a todas aquelas crianças, ela não tinha um dom, mas até agora ela estava enganada sobre não ter um poder.

AS Crônicas de Luminus - Prelúdio da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora