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Ergui o meu corpo para frente e me sentei na beirada da janela, com as mãos enraizadas na base da janela eu tomava o impulso necessário para saltar. Foi no exacto momento que eu ia saltar que senti mãos nojentas a segurarem fortemente os meus braços e a me puxarem novamente pelo quarto.

O meu mundo estava caindo bem diante dos meus olhos, e eu não poderia fazer nada para ergue-lo. Eu estava sem forças para sustentar o mundo que estava caindo sobre mim.

Quanto mais eu chorava e me debatia nos braços do meu agressor, mas irritado eu o deixava. O mesmo jogou-me  nos lençois que cobriam o chão duro e gélido.

— o quê você acha que estava fazendo sua idiota?.— diz desferindo chutes em meu abdómem.
Estava sem forças para o responder e mesmo que tivesse  não ousaria o responder. O último chute que me foi desferido pelo meu abdómem, fez com que eu me curvasse mais e bate-se na parede atrás de mim. Eu poderia jurar que ouvi o barulho dos meus ossos quebrarem-se.

Quando pensei que nada mais de pior pudesse acontecer, a realidade chegou aos meus olhos.
O homem que estava desferindo  os chutes em mim, simplesmente para. Então, quando ergo os meus olhos para cima, o vejo a abrir o cinto e o zíper da calça.

—Você foi quem pediu boneca... Agora seje uma boa menina e abri as pernas para mim.

Todo mundo é capaz de dominar uma dor, execto quem a sente.— William Shakespeare.

A dor que eu sinto agora é pior  do que saber que as minhas costelas podem estar todas quebradas.
Ter um homem estranho tocando o meu corpo é repugnante, sentir o quão nojento pode ser as suas carícias e seu beijo sobre o meu corpo, causa-me náuseas.  Eu precisava sair dai, mordo os meus lábios o mais forte que eu consigo,  e quando sinto o gosto metálico do sangue em meus lábios eu o solto, o mesmo revendica e geme por dor. E quando se recupera me dá mais um chute, mais dessa vez mais forte do que eu imaginei e mais uma vez eu sinto o meu corpo entrar em contacto com a parede.

—você vai me pagar sua vagabunda...— diz, eu poderia sentir toda a sua raiva daqui.
Socos e chutes foram desferidos em uma sequência inacreditável. Certamente havia chegado o meu fim, mas eu não poderia morrer, pelo menos sem lutar.

A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias.— Nelson Mandela..

Eu não poderia deixar que um estranho me dominasse. E entre a vida e a morte, eu prefiro a Luta pela sobrevivência.

Eu estava decidida e nada que me acontecesse me faria mudar de decisão.

O homem que estava entre as minhas pernas, destribuindo carícias asquerosas não poderia me roubar mais uma vez a minha vida.

Viro o rosto para o lado esquerdo, onde se encontrava o prato de comida disposto para mim. Faço todo e qualquer tipo de movimentos que permitissem que a minha mão chegasse até ao garfo.
E quando finalmente consigo alcançar o meu objectivo, eu choro e penso no grande salto que a minha vida deu.

Entre morrer ou viver, eu escolho o viver e se para isso necessito de fazer grandes sacrifícios... Então eu o faço, pois para sobreviver é necessário a luta pela sobrevivência.

Simplesmente RamirizOnde histórias criam vida. Descubra agora