capítulo 11: feels like home

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quarta-feira, 1 de maio de 2030.

Na quinta aula daquele dia, estavam os meninos do segundo ano esperando a chegada da professora. Taeyong, naquele momento, encontrava-se no banheiro e não conseguia voltar para a aula, não conseguia se concentrar, ou até mesmo ver outras pessoas. Jaehyun e Sicheng estavam preocupados, mas nessa altura do campeonato não podiam sair da sala.
A professora finalmente havia chegado. A aula, de biologia, seria sobre próteses avançadas e como funcionam, visto que tantas pessoas naquele ano já tinham próteses das mais avançadas compostas por máquinas extremamente realistas e multiuso.

- Olha! essa é o mesmo modelo da minha. Nossa, você não imagina o quão cara foi. - Sicheng apontou para a foto que a professora havia projetado.
- É... incrível! Quase substitui por inteiro um membro humano - Jaehyun exclamou.
- Por experiência própria, eu concordo! - o chinês riu de canto.
Jaehyun se virou ao amigo e se fechou um pouco, mas sem a intenção de criar um clima ruim.
- Sicheng... O que aconteceu? Como você... perdeu a perna?
Sicheng se manteve em silêncio e olhou para sua carteira, abaixando a cabeça.
- Desculpa Cheng, eu não queria-
- Ta tudo bem. Mesmo. É que...

Sicheng viu tudo o que acontecera passar diante de seus olhos novamente, como se cada pancada ainda doesse...

flashback: 28 de abril de 2027 (China)

Sicheng ainda se sentia uma criança, amava jogar todos os esportes, dançar dezenas de modalidades, e não teria nada que poderia o parar. Desde pequeno dançava em sua cidadezinha, era encantado pelo mundo como uma criança curiosa sobre o mundo, que ainda tinha tanta coisa para viver.

Um dia, o menino estava voltando para sua casa da escola, e, não vendo nenhum problema, passou por uma praça atrás de sua casa. Sentou na sombra de uma árvore e, do seu lado, havia um menino de cabelos negros e pele brilhante como as luzes de uma cidade movimentada à noite, mexendo em seu celular e com fones de ouvido. Ele cantarolava uma música que Sicheng achou familiar.
- Eu... conheço essa música! já dancei ela! - tentou puxar conversa.
- Você... dança? que incrível! Quer ouvir comigo? - o menino estendeu um dos lados do fone ao novo colega. Sicheng aceitou.
Passados alguns minutos conversamdo com o menino, cujo nome era Kunhang, e ouvindo as melhores músicas (ele realmente tinha um ótimo gosto), Cheng percebeu que já estava ficando tarde e precisava ir embora.
- Desculpa, Kunhang, eu preciso ir, podemos conversar mais! Foi... incrível te conhecer. - Disse isso quase se levantando, mas no meio, parecia que Kunhang havia se perdido em pensamentos olhando para atrás do amigo.
- Kun-kunhang? ta.. tudo be-
- Não não não levanta agora - Kunhang puxou Sicheng e o abraçou, levando-o para trás da árvore, como se o tivesse escondendo.
- U-um androide, ali, ele ta... furioso, não sei com quem, mas- - ele sussurrava. - o-o que a gente faz??
- Vamos pelo outro lado, minha casa é por lá. Shh, não fala nada, só corre - Sicheng deu a ideia, falando mais baixo ainda.

Os dois meninos conseguiram sair de fininho e correram igual a balas atiradas de uma arma... até que o androide chegou perto deles e os ameaçou.
- Crianças... Desgraçadas... vocês... não vão a lugar nenhum... agora... - o androide dizia, ofegante, frustrado, com a led vermelha.

Os meninos tentaram voltar a correr, ou revidar. Mas não conseguiram.
Em questão de segundos, o androide batia sem piedade nas duas crianças inocentes, que não haviam feito nada. Absolutamente nada.

Com um golpe na cabeça, Sicheng foi nocauteado.

Abriu os olhos sensíveis e machucados bem devagar, evitando a luz e observando seu redor. Estava em um hospital, fora resgatado. Fios e fios estavam ligados por todo o menino. Sentia dores focadas em várias partes do corpo. E... não sentia as pernas.

- K-kunhang? Cadê o Kunhang? Onde e-ele está?
- Está se sentindo bem? Está com dor? - uma enfermeira perguntou.
- O que aconteceu??
- Um androide te bateu bem feio, infelizmente não o encontraram ainda. Trouxemos você quase sem vida, pequenino... E... eu sinto muito por-
- Onde... está o Kunhang?

- Foi... gravemente ferido, anjinho. Estava do seu lado, pensamos que os dois tinham partido. Pelo menos conseguimos te salvar...
Sicheng não sabia como reagir. Entrou em choque. Cada lágrima que escorria de seus olhinhos era como mais uma pancada que levava do androide louco. Perder Kunhang... Desta forma... Não pôde ao menos dizer ao menino que era extremamente grato por tê-lo conhecido.

E o choque só aumentou mais ainda no momento em que olhou para suas pernas, esfregou seus olhos e... não viu uma delas lá.

~fim do flashback.

- Eu... fiquei um mês internado no hospital. Era como se meu mundo todo tivesse caído por água a baixo... a dança, os esportes... E Kunhang... - Sicheng limpou as lágrimas e tentou prosseguir, agora olhando para Jae. - ganhei a prótese há um ano e meio, quando parei de crescer, e voltei a dançar. E eu nunca soube o porquê do androide ter nos atacado, ele... nunca foi encontrado.
- Sinto muito, muito mesmo, Chengie... - Jaehyun segurou as mãos do menino mais novo, mostrando toda a compaixão e empatia que pôde. Mesmo em situações diferentes, podia sentir o que Sicheng sentia, da mesma forma que androides tiraram deles a felicidade, ainda que por pouco tempo. Era um machucado difícil de curar pelo resto da vida.

- Jaehyun, Sicheng? vocês estão bem? - a professora perguntou.
- O Sicheng não está muito bem, posso acompanhá-lo?
A professora assentiu.

- Cadê o Ty?? ainda não voltou. Vamos procurar por ele.
- Ele... ta ali no canto- - Sicheng apontou ao andar, então foram correndo ao menino.
Taeyong se recolhia em um canto, estava frio e pálido como a neve, e seu rosto estava vermelho. Naquele momento, sentiu e entendeu que Taeyong não queria nada além de um conforto dos dois.
Jaehyun o abraçou, despejando uma pequena lágrima que não conseguiu conter. Sicheng fez o mesmo. A mente dos três esvaziaram, como se estivessem saído daquele mundo horrível mesmo depois de tudo. E juntos não teriam o que temer mais. Sentiam-se em casa.

Love (Ro)bot (Jaewoo) Onde histórias criam vida. Descubra agora