XXXIII

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a piscina estava vazia e eu enchi de silêncio

tanto ouvi que não valia a pena

quando já era mais ela do que eu

mal arranhava a superfície

e eu queria os pés no chão

me descobri nela

e a perdi dentro da minha cabeça

a primeira a chegar, a primeira a desistir

esqueci de ser exceção e fui excesso

toda aquela camuflagem

perto demais pra me enxergar

mergulharia na amargura da desilusão

ausência invisível no breu

criado-mudo, a sombra do passado

passamos tantos dias sem morrer

tantas terças-feiras

a viagem mais curta que a coragem

sobrevivi a tantas aterrissagens

pra ouvir que foi tudo um pesadelo

ela estava em todo lugar

mas não me conhecia mais

sempre fui pequena demais pra caber num conto de fadas

íntima das minhas mentiras e daquele tom de voz

a 3ª pessoa dói menos

não me lembro de ter dito não

mais um remédio pra solidão

quando mudei de endereço

ela já tinha mudado de ideia

o nome engasgado é o mesmo

já tinha aprendido o caminho da porta

ela jogou a chave fora

talvez tenha trocado a fechadura

mais que uma visita

não tem como tirar o dia 24 do calendário

o coração ainda alcança a garganta

ouviu todas as músicas erradas

tom errado de azul

semi- transparente? tarde demais

menti outra vez

velhas cicatrizes

o vazio é presença

não consigo ir embora

(30/01/2020)

Ei! Ainda dá tempo de desejar feliz ano novo? Não queria fazer mais uma promessa que não vou cumprir, então só vou dizer pra ficar de olho nas minhas redes sociais ;)

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Agradeço muito por quem ainda acompanha esse projeto que, apesar de tudo, faço de coração!!! Um ano bem sapatão pra nós <3

Relicário - Poesia LésbicaOnde histórias criam vida. Descubra agora