a piscina estava vazia e eu enchi de silênciotanto ouvi que não valia a pena
quando já era mais ela do que eu
mal arranhava a superfície
e eu queria os pés no chão
me descobri nela
e a perdi dentro da minha cabeça
a primeira a chegar, a primeira a desistir
esqueci de ser exceção e fui excesso
toda aquela camuflagem
perto demais pra me enxergar
mergulharia na amargura da desilusão
ausência invisível no breu
criado-mudo, a sombra do passado
passamos tantos dias sem morrer
tantas terças-feiras
a viagem mais curta que a coragem
sobrevivi a tantas aterrissagens
pra ouvir que foi tudo um pesadelo
ela estava em todo lugar
mas não me conhecia mais
sempre fui pequena demais pra caber num conto de fadas
íntima das minhas mentiras e daquele tom de voz
a 3ª pessoa dói menos
não me lembro de ter dito não
mais um remédio pra solidão
quando mudei de endereço
ela já tinha mudado de ideia
o nome engasgado é o mesmo
já tinha aprendido o caminho da porta
ela jogou a chave fora
talvez tenha trocado a fechadura
mais que uma visita
não tem como tirar o dia 24 do calendário
o coração ainda alcança a garganta
ouviu todas as músicas erradas
tom errado de azul
semi- transparente? tarde demais
menti outra vez
velhas cicatrizes
o vazio é presença
não consigo ir embora
(30/01/2020)
Ei! Ainda dá tempo de desejar feliz ano novo? Não queria fazer mais uma promessa que não vou cumprir, então só vou dizer pra ficar de olho nas minhas redes sociais ;)
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Agradeço muito por quem ainda acompanha esse projeto que, apesar de tudo, faço de coração!!! Um ano bem sapatão pra nós <3
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Relicário - Poesia Lésbica
PoesíaUm poema sapatão por dia, na teoria. Na prática, um novo poema de vez em quando. Todos de autoria própria, com direitos reservados.