Capítulo 1 - Nós Nunca Fomos Embora

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*Caitlin*

A música sempre foi a parte mais bonita da minha personalidade. Muitas vezes chamada de intensa, outras de poética e tantas outras de problemática. E sim, talvez ela seja tudo isso, mas não importa como as pessoas me vêem, pois tudo que preciso está dentro de mim.

E, se em algum momento preciso extravasar e colocar todo meu ser para fora, a música está lá. Enquanto balanço meu corpo no ritmo dos instrumentos dos artistas de rua, eu me sinto viva. Uma música vem a minha mente.

"Quero, quero, quero que o tempo pare

Quero, quero, quero neste momento

Ouvir tua voz me falando dos dias felizes

Que ainda não me deu, mas terei

Somos prisioneiros e as jaulas que encarceram

Nossos sonhos são as circunstâncias

Somos o caminho que há no meio

Entre o feito e o desejo, somos a distância"

Em meio a todas as emoções que me envolvem, eu olho para o lado e lá está ele. Batendo palmas no ritmo, e movimentando o corpo de leve, enquanto me deixar tomar o espaço todo. Seus olhos castanho com dourado me observam e eu posso sentir sua admiração, mas nada disso importa, porque nesse momento meu corpo apenas vive a música.

Ao fim dela viro-me para os músicos e os aplaudo, fazendo uma leve reverência, junto ao restante da plateia que se aglomerou ali. Me aproximo dele e o puxo pela mão, o fazendo sair do meio da multidão e nos levando para a Nova York mais tranquila, com as luzes de natal enfeitando a cidade e as vitrines das lojas pelas quais passamos, mais cedo todas estavam ligadas, mas com o fim da noite, já encontravam-se apagadas. Paramos em frente a única vitrine que ainda tem os pisca-pisca ligados

 - Eu acho que podemos voltar amanhã para comprar um desses. - Digo olhando para os sapatinhos de bebê azuis.

 - Nós nem sabemos o sexo ainda, Cay. Precisamos nos controlar para não enchermos papai e Melissa de presentes antes da hora. - Olhei para ele, quem também tirou os olhos da vitrine e me encarou.

 - Eu não preciso de nada, eu sei que eles terão um menino. - Ele levanta os braços em sinal de rendição.

 - Tudo bem, confio no seu instinto, amanhã compramos mais um sapatinho para o nosso irmãozinho. - Sorrio, me sentindo satisfeita. E, principalmente, feliz. Nosso pai estava solitário, eu sabia disso, sempre soube que ele abdicou de muita coisa só para nos criar, mas depois que fomos embora ele começou a entender que podia se permitir viver, que não devíamos ser o centro de tudo, e eu sinto tanto orgulho do que ele está construindo. - Também podíamos comprar uma pelúcia de bolo, já que isso uniu eles. - Não consigo conter o riso, porque é verdade. Logo depois que Noah e eu nos mudamos para Nova York para fazer faculdade, papai foi comprar o que chamou de "bolo de mudanças" o que de fato foi, já que ele se apaixonou pela dona da confeitaria, a tal ponto que largou o trabalho investigativo e agora passa seus dias de aposentado se sujando com farinha e ajudando Melissa a criar novas receitas.

 - Eu gostei disso. - Sorri, enquanto recomeço a andar, de braços dados com meu irmão.

Caminhamos por mais algum tempo, sentindo a brisa fria tocar meu rosto. Conversando sobre coisas cotidianas, sobre novidades no serviço e alguma história engraçada ouvida, envoltos no nosso pequeno mundinho. Ele olha no relógio.

 - Precisamos voltar, daqui a poucos minutos precisamos fazer o discurso. - Concordo, virando a esquina em direção ao hotel onde está acontecendo o evento, enquanto trago o casaco preto que estou usando por cima do vestido de gala vermelho, para mais próximo da boca, tampando a fria brisa que toca meu rosto.

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⏰ Última atualização: Feb 01, 2020 ⏰

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