𝙲𝙰𝙿𝙸𝚄𝙻𝙾 𝙸𝙸

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𝓑 𝓮 𝓿 𝓮 𝓻 𝓵 𝔂  𝓗 𝓲 𝓵 𝓵 𝓼

DESPERTO COM o peso do corpo de meu irmão sobre o meu, as vezes — não tão raramente — ele resolve que é extremamente legal usar meu corpo como um pula pula ambulante

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DESPERTO COM o peso do corpo de meu irmão sobre o meu, as vezes — não tão raramente — ele resolve que é extremamente legal usar meu corpo como um pula pula ambulante... okay, há uma grande probabilidade de eu ter exagerado nesta afirmação. Admito que, mesmo o amando imensuravelmente, já me peguei — por diversas vezes — a almejar ser filha única... ao menos seria capaz de acordar dignamente.

— Bom dia flor do dia. — Ele diz todo animado

Juro, por tudo o que é mais sagrado na minha vida, meu irmão mais novo não costumava ser tão animado assim, essa felicidade matutina veio logo após — supostamente — ter encontrado um namorado. Por que supostamente? Eu explico, ele jamais nos apresentou o tal garoto, nem ao menos se deu ao trabalho de nos dizer seu nome, o que me faz crer que — muito provavelmente — tal garoto não passa de mais um fruto de sua imaginação fértil.

É muito cruel pensar isso? Provavelmente sim, contudo, sempre fiz a linha de pessoa que só acredita vendo. Que tipo de namorados não tiram ao menos uma selfie em pleno século XXI? Sinceramente.

— Bom dia, Timothée. — Respondo um pouco, talvez muito, mal humorada

Mas, qual é, que pessoa em sã e plena consciência acorda de madrugada e ainda fica feliz por conta disso? Só o meu irmão mesmo, todavia, pelo visto; ele não está a gozar da plenitude de suas capacidades mentais, pois lembro-me demasiadamente bem que até o mês passado ele também odiava acordar cedo e acordava com o capeta encarnado no corpo.

Um bico passa a adornar-lhe a face e seus braços são cruzados sobre seu peito; bem no estilo de drama desenvolvido por ele, enquanto me atenho a negar com a cabeça repetidas vezes. Por que é que eu tenho de ter o irmão mais feliz do mundo durante a manhã? Sério! Valeu, universo... agora devolve aí meu irmão rabugento; juro nunca mais reclamar.

O empurro delicadamente para a direita e me levanto, tenho de tomar um banho e me arrumar, para só então tomar coragem de ir para o colégio. Colégio não, acho que seria melhor descrito como sendo meu inferno astral, talvez? E o mais engraçado de tudo: eu nem deveria estar indo ao colégio; contudo a diretora insistiu que seria de exímia importância eu estar presente, disse que precisa — urgentemente — conversar comigo.

Permita-me contextualizar o motivo pelo o qual o colégio não é meu lugar favorito no mundo: eu amo meu corpo e me aceito da maneira como sou: acima do peso, cheia de dobrinhas, celulites, estrias etc e tal; o verdadeiro problema está presente no fato de que adolescentes são cruéis, principalmente quando se trata dos adolescentes de meu colégio; eles nem ao menos tentam disfarçar a cara de nojo ao me ver.

Alguns usam como um disfarce bem ajustado o fato de se importarem com minha saúde... mas pelo amor de Deus né? Ninguém aparenta se importar com a saúde da garota extremamente magra que pode, ou não, estar sofrendo de anorexia; porém é óbvio que todos se importarão com a saúde da gordinha.

Houve uma época na qual eu realmente me importava com a opinião deles, sobretudo a dos populares — qual é, vai ser hipócrita e me dizer que nunca quis fazer parte do grupinho deles? Eu não vestia cropped, tampouco saias ou vestidos; me privava de ser quem eu realmente sou, de ser feliz comigo mesma.

Mas então teve aquele dia, o dia no qual o garoto popular pediu para se encontrar comigo, o dia mais feliz — e também o mais triste — de toda a minha vida; bem, ao menos até o presente momento. Fui muito humilhada naquele dia e; a partir dele, prometi nunca mais me submeter a isso novamente.

Adentro o banheiro do corredor, ignorando os protestos de meu irmão sobre eu demorar demais e ele ter prioridade por ser o mais novo.

Pois deveria ter tomado seu banho ao invés de me acordar, criatura. — Penso ao que tranco a porta e abro o chuveiro

A água está gelada; aposto tudo que mamãe e o namorado da semana acabaram com a água quente da casa ao transar no chuveiro... eca, fluidos corporais; ugh.

Não me alongo muito em meu banho, uns dez minutos se passam e eu saio do banheiro enrolada em minha toalha; Tim não está mais em meu quarto, então atenho-me a trancar a porta e a começar a me arrumar.

Poderia passar maquiagem, usar roupas da moda e fazer um penteado considerado descolado, ao invés disso optei por vestir uma calça jeans de tom azul marinho, uma t-shirt cinza; calcei meus inseparáveis vans pretos e prendi meus cabelos em um rabo de cavalo alto; passando um protetor solar em meu rosto logo em seguida. Lamento, sem maquiagem hoje.

Meu irmão grita por meu nome, tal como quem quer dizer "amada, vamos logo ou eu te deixo ir a pé". Timothée tem apenas dezesseis anos e já tem um carro, presente de mamãe, enquanto eu, com dezessete, devo me contentar em fazer uso de ônibus lotados. Sim, tenho plena ciência de que mamãe lhe deu o carro para compensar o fato de que papai nem ao menos se deu ao trabalho de comparecer ao seu aniversário, acho que foi o meio que ela encontrou de dizer para ele que a separação não foi devido à ele, mas sim à mente fechada de papai que se nega a aceitar o filho gay... é muito egoísmo eu também querer um carro?

Saio do quarto e observo atentamente a figura de cabelos platinados parada em frente à porta de meu quarto. Tim traja sua típica camisa de mangas curtas de coloração preta e com estampa de pêssegos, o jeans colado e rasgado nos joelhos e; nos pés, seus all stars que, assim como todo o resto de sua vestimenta, também são pretos. Seus cabelos estão milimetricamente desalinhados, sabe aquele desalinhado bonito? Pois é.

Meu Deus, meu irmão é um dos descolados.

Olá gente, primeiramente, queria deixar claro que essa é uma obra em conjunto com a babyluxifer

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Olá gente, primeiramente, queria deixar claro que essa é uma obra em conjunto com a babyluxifer.

O capitulo de hoje foi escrito por mim. Espero que tenham gostado.

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Tia Bia ama o cês!

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