CAPÍTULO 14

39 7 3
                                    


Havia dias em que eu não sabia o que era o sol, ou sabia o que era ter contato com o mundo lá fora. Literalmente o meu mundo estava destruído.
Na porta da minha casa vivia panfletos escritos palavras de baixo escalão.
E nas redes sociais xingamentos de diversos tipos, eu estava aprendendo a lidar com isso.
A lidar com essa nova imagem.

-- Todos tem uma visão antecipada das pessoas, todo mundo me ver como uma doida que não está nem ai pra nada não é? Já me chamaram até de maconheira e eu nunca fumei na vida - Nath diz e eu sorrio lembrando quando os boatos sobre ela fumar maconha cresceram.

-- Mais... Eu não quis isso - respondo respirando fundo.

Eu esperava um "eu te avisei" pois ela realmente tinha avisado.
Mais ela tentava manter à calma quando eu estava quase pulando de um penhasco.

-- Vamos fazer assim, vamos fugir Paris e depois para o Brasil, e vamos nós exibir sendo "vadias" ricas e curtindo pelo mundo.

Algumas coisas que Nath falava não havia o menor sentido, mais me faziam rir.
Afinal ela foi a única pessoa que ainda está comigo no fundo do poço.

-- Me ajuda à arrumar? -pergunto colocando uma mala em cima da cama e uma expressão triste aparece em seu rosto.
Ela se levanta e começa a me ajudar colocando tudo em caixas e malas.

Sorriu ao ver uma foto nossa estilo polaroide no meu criado mudo e logo meus olhos estão derretidos em lagrimas.
Eu com certeza iria sentir falta desse lugar, da Nath.
Mais estava na hora de começar a aceitar que a minha vida não seria mais a mesma a partir de hoje.

Coloco todas as minhas coisas no carro e observo tudo uma ultima vez.
Abraço Nath que está aos plantos no meu colo, e eu estava custando a me conter.

Eu vivi a maior parte da minha historia aqui, e hoje eu me despeço do meu lar por alguém que conseguiu rouba-lo de mim.
Que conseguiu roubar tudo de mim.

...

Florida(Orlando)

Encaro aquela nova casa, totalmente vazia assim como eu estava.
Me sinto completamente estranha nesse lugar.
Mais tudo o que eu poderia fazer era encarar essa situação de frente.

Termino de colocar meus pertences no meu novo quarto, não era ruim na verdade é dobro do meu anterior.

Me sento na beirada da cama e encaro o chão.
Respiro fundo e pego à bolsa que eu havia colocado algumas coisas dentro me dirigindo ao banheiro.

Começo a preparar a tinta para cabelos me despedindo da cor natural dos meus.
Pego também uma tesoura fazendo um corte na altura dos ombros.

E no final o resultado nem ficou tão ruim, me encaro me estranhando no espelho.
Minha mãe entra no quarto sem bater e se espanta ao ver meu novo visual.

-- Filha! Nossa - ela não sabia o que dizer, sorriu com os labios e ela caminha até mim com um sorriso doce no rosto - você sempre será a nossa garotinha, tudo bem?

Concordo e ela me abraça e eu temo me soltar.

-- Descansa um pouco e... Amanhã temos um novo colégio para ir.

Suas palavras me causaram medo, medo de algo acontecer de novo naquele lugar que nem havia pisado ainda.
Mais não adianta volta atrás do que já foi feito.

Emma ClarkOnde histórias criam vida. Descubra agora